sexta-feira, 4 de outubro de 2013

COMO TER DENTES SAUDÁVEIS NA 3ª IDADE...

FONTE: Naira Sodré, TRIBUNA DA BAHIA.

A cada mês, a população mundial com mais de 60 anos aumenta na proporção de 1 milhão de pessoas. Estima-se que, em 2025, 25% da população brasileira será idosa. Embora essa seja uma conquista decorrente da melhora da qualidade de vida e saúde pública, bem como do avanço da ciência médica, o fato é que, quando o assunto é saúde oral dos idosos, ainda há muito por fazer.

A Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, promovida pelo Ministério da Saúde em 2010, mostrou que mais de 3 milhões de idosos necessitam de próteses totais e outros 4 milhões, de  próteses parciais. Tumores bucais e na faringe são diagnosticados em cerca de 30 mil pessoas todos os anos: 8 mil delas morrem no mesmo período e geralmente estão nessa mesma faixa etária.

Uma outra pesquisa, a da Faculdade de Saúde Pública da USP aponta que  cerca de 68% dos idosos são desdentados. Mais da metade podem ter próteses e  formam um enorme contingente entre os idosos, mas o bom é ver que uma parte cada vez maior destes idosos - os que puderam ter acesso a um tratamento odontológico  preventivo básico, ao menos, estão chegando à 3a idade com diversos elementos dentários presentes, inclusive próximo da recomendação da Organização Mundial de Saúde, de terem pelo menos 20 dentes naturais remanescentes em sua cavidade bucal. Mas esta fatia de dentados “ideais” ainda precisa crescer muito para se tornar estatisticamente preponderante.

Dentes naturais.
Segundo o odontogeriatra, consultor sobre odontologia em Sites Científicos e co-autor do livro “Odonto-geriatria – Noções de Interesse Clínico”, Fernando Luiz Brunetti Montenegro, devemos procurar manter os dentes naturais o máximo possível, usando de todos os recursos da odontologia atual - que é bem mais conservadora que na metade do século passado -  e só avulsionar (extrair)  um dente quando todas as opções de tratamento forem esgotadas. Há uma tendência na população mais desinformada de querer extrair os dentes, visando  evitar problemas no futuro. Isto é a mais profunda inverdade, pois nada artificial é melhor que o seu similar natural. O que existe é uma grande fala de informação de como  cuidar da boca, da importância dos dentes no bem mastigar (e de ingerir bons nutrientes que serão a garantia de melhor saúde geral na 3a idade) e na sobrevida das pessoas.

Montenegro diz que duas pesquisas desenvolvidas separadamente: Uma na Inglaterra (Sheiham) e outra no Japão (Shimazaki) mostraram claramente que quem tem dentes naturais(ou próteses funcionando bem) vivem mais anos e em melhor condição física para enfrentar os problemas decorrentes do envelhecimento(estas pesquisas foram  feitas com centenas de idosos nestes países, inclusive com exame de sangue,de dieta,de condições sociais de vida e muitos participantes foram seguidos por diversos anos).
O odontogeriatra comentou que os dentistas precisam acordar para uma nova realidade: as pessoas devem ser avaliadas como um todo, de forma multi e interdisciplinar: “A boca é a parte superior do aparelho digestivo e, como tal, deve ser examinada. Ela não está separada do resto do organismo. Alguém já viu uma boca andando sozinha?”, pergunta, divertido.

Alinhados às mais recentes pesquisas científicas que evidenciam haver relação entre saúde bucal e diabetes, doenças cardíacas, pneumonia e até acidente vascular cerebral (AVC), entre outras enfermidades, os especialistas buscam garantir aos pacientes idosos a manutenção de habilidades como comer, dormir, trabalhar, manter-se ativo e independente, fatores que contribuem para o envelhecimento saudável, ensina Montenegro.

Nova especialidade.
Ele explica que a “odontogeriatria é uma nova especialidade que visa o atendimento de pessoas, cujo processo natural de envelhecimento trouxe alterações biológicas, físicas e psicológicas, e podem comprometer sua saúde. Atendê-los requer conhecimentos que permitam avaliá-los considerando essas peculiaridades”. A Odontogeriatria habilita o profissional a tratar pacientes que tenham a saúde debilitada, a partir de cuidados estomatológicos, isto é, boca e anexos, sempre considerando a pessoa como um todo. O objetivo é promover a saúde, objetivando a qualidade de vida, comentou.
O profissional deve partir do princípio de que essa pessoa, em razão das perdas inerentes à idade, pode apresentar quadros clínicos que inunciam sua saúde bucal (uso de medicamentos para controlar o diabetes, por exemplo). Assim, ele inicia seu trabalho com a realização de uma consulta criteriosa, passa pelo exame físico (dentes, mucosa etc.) e, quando necessário, solicita exames complementares. A ideia é fazer tudo com cuidado para evitar um diagnóstico errado que levaria ao tratamento errado. O que queremos é dar aquilo de que ele precisa, ressaltou.
Para o odontogeriatra, o maior problema nesse período da vida é o edentulismo, isto é, a falta total de dentes na boca. Depois se seguem a falta parcial deles nas arcadas superior ou inferior; cáries; enfermidades periodontais, que afetam as gengivas e a parte óssea (de sustentação do dente na arcada); fumo; falta de higiene e hipossalivação (diminuição de saliva).
Note que a falta de saliva pode ser agravada pelo uso de determinados medicamentos, como antidepressivos e tranquilizantes, entre outros, e até por desidratação. Acrescento que outras consequências comuns são a estomatite protética (processo inûamatório decorrente de problemas de higienização de próteses removíveis), halitose e ardência bucal.

O tratamento a ser escolhido depende de cada caso e pode ser multi e interdisciplinares, incluindo a atuação de especialistas das áreas da medicina, nutrição, usioterapia, psicologia, assim como clínica integrada com características especiais para idosos. Porém, em geral, inicia-se com orientações para mudanças de hábitos de higiene bucal, de medicamentos, substituição de próteses e até cirurgias, nos casos mais graves, são outros recursos,orientou.

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