FONTE: Daniel Mello - Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
Começaram nesta semana os testes
em macacos da vacina contra o HIV, que está sendo desenvolvida pela Faculdade
de Medicina da
Universidade de São Paulo em parceria com o Instituto Butantan. Os quatro
animais começaram a ser imunizados com a vacina que contém partes do vírus.
Depois, os macacos receberão um vírus modificado que causa o resfriado como
parte dos estudos para desenvolver o imunizante.
Segundo Edecio Cunha Neto, um dos
pesquisadores responsáveis
por conduzir o projeto, o diferencial da vacina é usar partes do vírus que não
se alteram. “Um dos grandes problemas de se fazer uma vacina contra o HIV é que
ele é hipervariável”, ressalta ao explicar que o genoma do vírus pode varia até
20% entre dois pacientes. “Nos componentes que nós escolhemos para colocar na
vacina estão somente as regiões mais conservadas do vírus, ou seja, aquelas que
não variavam de um HIV para o outro”, destacou.
Além de ter pouca variação, as
partes do vírus foram selecionadas por provocarem forte reação no organismo da maioria das
pessoas. “Nós fizemos o que chamamos de desenho racional, para embutir dentro
da nossa vacina mecanismos para que ela fosse capaz de dar uma resposta que
funcionasse para os HIVs mais variados possíveis e que funcionasse em um número
grande de pessoas”.
Após os testes com os quatro
animais, serão feitos experimentos com um grupo de 28 macacos e três tipos de
vírus diferentes, todos modificados com partes do HIV. “As combinações desses
três vírus são, até hoje, as melhores combinações para gerar respostas imunes
potentes em primatas. Então, o que a gente vai fazer é escolher, de quatro
combinações diferentes, aquela que deu resposta mais forte.
E usar essa combinação para teste em
humanos”, detalhou o pesquisador.
Caso seja bem sucedida, a vacina
vai aumentar a reação dos imunizados ao vírus, diminuindo a capacidade de
transmissão e melhorando a qualidade de vida do paciente. “O que ela vai fazer
é reduzir muito a quantidade de vírus, matar as células que estão infectadas.
Mas ela dificilmente vai erradicar a infecção. Vai bloquear a transmissão para
outra pessoa, porque a quantidade de vírus vai ser muito baixa”.
Atento aos recentes protestos
contra o uso de animais em pesquisas, que levaram inclusive ao fechamento de um
instituto no interior paulista, Cunha fez questão de dizer que os animais são
bem tratados. “Os animais neste estudo não sofrem de maneira nenhuma. Até mesmo
para o procedimento de colher sangue ou vacinar, eles estão anestesiados”,
enfatizou.
O pesquisador defendeu ainda o
uso de animais em experimentos. “Não é possível substituir um teste com animais
por um teste de cultura ou teste de laboratório mais simples. O teste em
animais vai observar a repercussão de uma nova vacina, uma nova droga, no
organismo inteiro”, argumentou.
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