FONTE: Folhapress, TRIBUNA DA BAHIA.
Segundo o governo, as três categorias anunciadas
devem ter redução de 68% dos teores de sal em quatro anos.
O Ministério da Saúde anunciou terça-feira (5) a assinatura da
quarta e última rodada de acordos com a indústria para a redução voluntária de
sódio nos alimentos industrializados. Dessa vez, a redução vai recair sobre
laticínios (requeijão e queijo muçarela), embutidos (empanados, hambúrgueres,
linguiças, salsichas, mortadela e presuntos) e sopas prontas.
Segundo o governo, as três categorias anunciadas devem ter redução de
68% dos teores de sal em quatro anos. Nas quatro rodadas, que abarcam 16
categorias de produtos, o acordo tem a pretensão de eliminar 28 mil toneladas
de sódio até 2020.
Rodadas desse acordo vêm sendo assinadas com a Abia (Associação
Brasileira das Indústrias da Alimentação) desde 2011. Para os primeiros quatro
anos, o acordo se concentra apenas nos produtos que têm teores de sódio acima
da média de cada categoria. E pretende que, ao final dos acordos, em 2020,
todos os produtos tenham os menores teores hoje praticados pelo mercado.
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) defendeu o modelo de acordos
voluntários adotado pelo governo.
“Não é simples pensar em uma estratégia para 200 milhões de pessoas sem
pensar em uma parceria de forte estímulo com a indústria. Qualquer medida que
afaste a indústria e não estimule a inovação de novas formas de conservação de
alimentos pode ter um resultado não positivo para a saúde”.
Estimativa feita pelo Ministério da Saúde em 2008 indicou que o
brasileiro como 12 g de sal por dia, sendo que a quantidade recomendada pela
OMS (Organização Mundial da Saúde) é 5 g. O objetivo do acordo é minimizar o
crescimento das doenças crônicas não transmissíveis no país, principalmente da
hipertensão.
Segundo o ministério, 24,3% da população brasileira informou ter
hipertensão arterial no Vigitel 2012 (inquérito feito por telefone). Deborah
Malta, que coordena a implementação do plano contra as doenças crônicas no
ministério, afirmou que reduzir a quantidade de sal consumida diariamente para
5 g poderia reduzir em 15% o número de AVCs e em 10% o número de infartos, além
de livrar 1,5 milhão de pessoas de medicação e dar quatro anos a mais de
expectativa de vida aos hipertensos.
Acordos “tímidos” .
Rodadas anteriores do acordo entre governo e indústria para a redução voluntária da quantidade de sódio nos alimentos se mostraram tímidas, segundo análise divulgada em fevereiro deste ano pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).
Rodadas anteriores do acordo entre governo e indústria para a redução voluntária da quantidade de sódio nos alimentos se mostraram tímidas, segundo análise divulgada em fevereiro deste ano pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).
O instituto analisou, em 2012, 530 produtos das principais marcas do
mercado que integraram as últimas fases de acordo. Concluiu que boa parte deles
já cumpria, de partida, as metas propostas. Por exemplo, 72,7% dos 27
salgadinhos de milho analisados estavam dentro da meta para 2014, segundo o
estudo.
Também cumpriam as metas estabelecidas 59% das 40 batatas fritas
analisadas e 68% de 156 bolos e rocamboles. Para o governo e a indústria, o
estudo do Idec captou alterações que já tinham sido feitas pela indústria logo
após a assinatura dos acordos, por isso identificou teores mais baixos de sódio
nos alimentos. Apesar disso, o governo diz ter sido mais “agressivo” nas metas
propostas para a quarta etapa.
Em casa .
Uma análise feita pela própria indústria de alimentos, por outro lado, indicou que a maior proporção de sódio consumido no país não vem dos alimentos industrializados --alvo dos acordos firmados pelo governo. Vêm do sal adicionado nas residências e restaurantes do país.
Uma análise feita pela própria indústria de alimentos, por outro lado, indicou que a maior proporção de sódio consumido no país não vem dos alimentos industrializados --alvo dos acordos firmados pelo governo. Vêm do sal adicionado nas residências e restaurantes do país.
O estudo, feito pela Abia com dados do IBGE de 2008 e 2009, identificou
que o sal de cozinha responde por 71,5% do sódio consumido no país. Segundo o
ministro da Saúde, o estudo desconsidera mudanças importantes que aconteceram
no país nos últimos anos, como as melhores condições financeiras das classes C, D e E que impulsionaram
o consumo de alimentos industrializados.
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