FONTE: Flávio Oliveira (flavio.oliveira@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.
A
migração vai exigir investimentos estimados em R$ 115 milhões em equipamentos e
serviços especializados e vai aumentar a competitividade entre emissoras de
rádio e entre diferentes tipos de mídias.
O mercado de mídia
no Brasil será alvo de nova reviravolta a partir de hoje quando, em comemoração
ao Dia do Radialista, a presidente Dilma assina decreto permitindo a migração
das 1.784 rádios AMs do país para faixas de FM.
A migração vai exigir investimentos estimados em R$ 115 milhões em equipamentos
e serviços especializados e vai aumentar a competitividade entre emissoras de
rádio e entre diferentes tipos de mídias por fatias do bolo de anúncios
publicitários responsáveis pela sobrevivência de todos os tipos veículos de
comunicação. A medida alcança 98 transmissoras AM na Bahia, que se somam às já
existentes 168 estações FMs e 329 comunitárias.
Publicidade
A Associação Baiana do Mercado Publicitário (ABMP) não possui números sobre os
investimentos feitos por anunciantes na mídia rádio, mas seu presidente, Pedro
Dourado, admite que, como em todo o mercado de mídia, há restrição de verbas.
“A concorrência por fatias do bolo publicitário vai aumentar e isso pode mudar
o mercado e criar uma concorrência prejudicial”, admitiu.
Ao mesmo tempo, por meio de acesso pela internet residencial, no trabalho ou
locais públicos põe rádios, sites, portais e TVs disputando a atenção do mesmo
público. Dados da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert)
apontam que entre 60 e 65% dos celulares em uso no Brasil tem rádio FM.
A atual reviravolta no mercado de mídia, como todas as mudanças ocorridas no
setor nos últimos 15 anos, é uma imposição tecnológica. Antenas e torres de
telefonia celular e de transmissão de energia, associada ao crescimento das
cidades, aumentam as interferências no sinal das transmissoras AM. O sinal ruim
afasta anunciantes e ouvintes.
As próprias emissoras reivindicavam a migração para FM. “A Abratel (Associação
Brasileira de Rádio e Televisão) desenvolveu um trabalho intenso para chegar a
esse resultado. Nossa maior preocupação era elevar a audiência das AM, pois,
sem ouvintes e anúncios, estavam a ponto de fechar as portas”, declarou o
presidente da entidade, Luís Cláudio Costa. Dourado, da ABMP, completa:
“As mudanças tecnológicas são inevitáveis. O processo AM é rudimentar. É como o
que acontece no interior, com as motos tomando o lugar dos jegues”.
Migração.
A migração também é fonte de preocupação para os trabalhadores. Ivonildo de
Jesus, diretor de base do Sindicato dos Radialistas, afirma que pode haver
desemprego caso as atuais AMs, ao migrarem para o FM, revejam suas estratégias,
trocando uma programação jornalística por uma musical.
Não há prazo determinado e a mudança de AM para FM sequer é uma obrigação. Vai
depender da opção de cada emissora. Feita a opção pelo FM, a estação terá um
tempo limitado para manter os sinais nas duas faixas para efeito de divulgação
da nova faixa de transmissão da rádio. Após este tempo, o sinal AM será
desligado. Em cidades em que exista espaço na frequência FM a migração será de
maneira imediata. Quando este espaço não existir, a emissora terá de aguardar a
abertura de sinal em FM para poder migrar.
Associação
de rádios considera mudança positiva.
O presidente da Associação Baiana de Emissoras de
Rádio e TV, Abart-Ba, Fernando Henrique Chagas, crê que a mudança é positiva.
“A migração de AMs para FMs vai criar mais concorrência entre as emissoras, mas
a principal concorrência do setor se dá com as rádios comunitárias, que
ilegalmente vendem publicidade como se fossem apoio cultural sem que Anatel e
Polícia Federal consigam fiscalizar”, disse.
Chagas lembrou que as rádios comunitárias recebem
isenção fiscal e têm operação mais barata, o que gera uma concorrência desleal,
sobretudo agora, quando projeto de lei em tramitação no Congresso quer
autorizar às comunitárias a capitação de recursos publicitários. “A publicidade
em rádio é basicamente feita pelo comércio local, que, claro, opta pelo anúncio
mais barato das comunitárias, que não precisam pagar impostos e trabalhadores”,
explicou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário