O pai de família chegou em casa e se sentou à mesa com as
contas do mês a pagar, e algumas já vencidas, quando seu filhinho, cheio de
alegria, entrou correndo na sala e disse com entusiasmo:
Feliz
aniversário, papai! Mamãe disse que você está completando cinquenta e cinco
anos hoje, por isso eu vou lhe dar cinquenta e cinco beijos, um para cada ano.
O
garoto começou a fazer o que prometera, quando o pai exclamou:
Oh!
Filho, agora não! Estou tão ocupado!
O
menino fez silêncio imediato. Mas o seu gesto chamou a atenção do
aniversariante.
Olhando-o,
o pai percebeu que havia lágrimas em seus grandes olhos azuis.
Desculpando-se,
disse ao filho: Você pode terminar amanhã.
O
menino não respondeu e não foi capaz de disfarçar o seu desapontamento,
enquanto se afastava.
Naquela
mesma noite o pai lhe falou: Venha cá e termine de me dar seus beijos agora,
filho.
Ou ele
não ouviu ou não estava mais com vontade, pois não atendeu ao pedido.
Dois
meses depois, um acidente levou o garoto. Seu corpo foi sepultado num pequeno cemitério,
perto do lugar onde ele gostava de brincar.
Aquele
pai constantemente se sentava ao lado do túmulo do seu pequeno e, observando a
natureza, pensava consigo mesmo:
O
canto do sabiá não é mais doce que a voz do meu filho, e a rolinha que canta
para os seus filhotes não é tão gentil como o menininho que deixou de completar
a sua declaração de amor.
Ah! Se
eu pudesse ao menos lhe dizer como me arrependo daquelas palavras impensadas, e
como o meu coração está doendo agora por causa de minha falta de delicadeza.
Hoje
eu fico aqui sentado, pensando em como pude não retribuir seu afeto, e
entristeci seu pequeno coração, cheio de ternura.
* * *
Às
vezes, por motivos banais, deixamos passar oportunidades únicas, que jamais se
repetirão em nossas vidas.
São
momentos em que uma distração qualquer nos afasta do abraço afetuoso de um ser
querido...
Um
compromisso, que poderíamos adiar, nos impede de ficar um pouco mais com alguém
que nos deixará em breve...
Depois,
como aconteceu ao pai que recusou os beijos do filho, só resta a dor do
arrependimento.
E essa
dor é como um fogo que queima sem consumir.
E não
é necessário que a pessoa a quem negamos nossa atenção seja arrebatada pela
morte, para que sintamos o desconforto do arrependimento.
Quantos
filhos deixam de procurar os pais, por falta de atenção, e se vão, em busca de
alguém que ouça seus desabafos ou responda suas perguntas.
Quantas
esposas se fecham no mutismo, depois de várias tentativas de diálogo com o
companheiro indiferente ou frio.
Quantos
esposos se isolam, após tentativas frustradas de entendimento.
Por
todas essas razões, vale a pena prestar atenção nos braços que se distendem
para um abraço, os lábios que se dispõem para um beijo, as mãos que se oferecem
para um carinho.
* * *
Um
gesto de ternura deve ser sempre bem recebido, mesmo que estejamos
sobrecarregados, cansados, sem vontade de atender.
Uma
demonstração de amor é sempre bem-vinda, para dar novo colorido às nossas
horas, ao nosso dia a dia, às nossas lutas.
O
amor, quando chega, dissipa as trevas, clareia o caminho, perfuma o ambiente e
refaz o ânimo de quem lhe recebe a suave visita.
Pense
nisso!
Redação do Momento Espírita.
"A maior caridade que podemos fazer pela
Doutrina Espírita é a sua divulgação." Chico Xavier – Emmanuel.
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