FONTE:
DA DEUTSCHE WELLE
(www1.folha.uol.com.br).
Basta um clique no website
para o homem moderno ficar sabendo o que deve fazer na vida, antes que ela
chegue ao fim: encomendar uma tatuagem, aprender a tocar guitarra e fazer sexo
a três. Ao menos é o que aconselha aos leitores da "Centurio" um
certo "Herr Sieverling".
Para dizer a verdade, a coisa
não soa tão moderna assim, evocando, antes, ultrapassadas ideias machistas. A
rigor, o veredicto deveria ser: "uma chatice" - se, na realidade, as
sugestões não partissem de uma mulher.
A escritora-fantasma por trás
das dicas de "Herr Sieverling" é Nadine Mittag. Assim como todos os
outros artigos da revista online, a coluna machista é escrita por uma mulher.
"Nós brincamos com os clichês", explica. Sua personagem fictícia é
praticamente o oposto da imagem do homem ideal defendida pela "Centurio".
"Aqui com a gente, os garotos também têm permissão para serem
suaves", comenta a autora. Assim, a seleção de temas é bem diferente da
oferecida nas revistas masculinas conhecidas.
DAS MULHERES PARA O
PÚBLICO MASCULINO.
Os jovens colaboradores da
Centurio também se interessam por carros, erotismo e esportes - mas não só, e
isso faz toda a diferença. Prova de que eles estão com a razão, é o fato de que
as antigas revistas masculinas americanas já não fazem mais sucesso no mercado
alemão.
Publicações como
"Playboy", "Matador" ou "FHM" estão em plena
crise financeira. A impressão é que o homem alemão está farto da temática
machista. Agora, ele também se interessa por relacionamentos duráveis,
igualdade dos sexos, família e filhos.
"Somos praticamente a
revista Emma para o homem", compara Nadine, ao descrever a abordagem
editorial da "Centurio", que em novembro inaugura seu espaço na
internet, centurio-mag.de. Porém pode ser enganosa essa analogia com a revista fundada
pela conhecida feminista alemã Alice Schwarzer. Enquanto Emma abre inteiramente
mão de modelos masculinos musculosos, na "Centurio" uma bela mulher
já saúda o leitor na primeira página.
PUBLICAÇÃO VIRTUAL.
A "Centurio" foi
desenvolvida por estudantes da Universidade de Mídia, Comunicação e Economia
(HMKW, na sigla em alemão) de Berlim. A ideia partiu de uma estudante, durante
um seminário sobre jornalismo online, e os colegas a adotaram imediatamente,
com entusiasmo.
Na distribuição de funções,
durante a fase de planejamento, calhou de apenas mulheres se apresentaram como
autoras. Um acaso, que hoje os criadores da revista espertamente usam como
argumento de marketing.
"É claro que nós,
mulheres, sabemos muito melhor o que os homens querem", afirma Nadine Mittag,
sorrindo. Fora isso, a proporção entre os sexos é equilibrada dentro da
revista. Como numa editora clássica, os jovens jornalistas se organizam em
departamentos, do marketing ao desenvolvimento de web, passando pelo design.
Ao contrário das editoras estabelecidas,
contudo, os estudantes trabalham exclusivamente de casa. Uma plataforma na
internet lhes permite entregar artigos, travar discussões, coordenar processos,
desenvolver ideias. "Funciona melhor do que as estruturas convencionais,
já que cada etapa pode ser acompanhada de modo transparente e as informações
necessárias ficam disponíveis a todos", afirma Verena Renneberg,
professora da HMKW,
COMPANHIA POR TODO O DIA.
Os estudantes de Berlim
inovam também na estrutura da publicação. Não há editorias: em vez disso, os
artigos são apresentados de acordo com a hora do dia. Por exemplo: de manhã, o
leitor aprende como sair mais rápido da cama.
Durante o horário de
trabalho, ele lê sobre as fascinantes perspectivas que outros empregos lhe
ofereceriam. E à noite, pode entender porque sua namorada não ficou feliz com a
lingerie que ele comprou na pausa do almoço: pouco tecido realça demais as
partes problemáticas.
Aquilo que, assim resumido,
pode parecer um tanto banal, resulta em leitura bastante prazerosa. No futuro,
os editores também prometem para o horário da noite, das 22 às 6 horas,
matérias reflexivas, sobre temas como relacionamento e espiritualidade. Se esta
é a opção certa ou não, caberá ao leitor decidir.
SHOWROOM.
"Nossa revista pode ser
lida em qualquer dispositivo", explica Roman Tegeler, um dos encarregados
do design do site. O layout se adapta a smartphones e tablets, sem que o leitor
precise de um aplicativo extra: basta um simples navegador de internet.
Os estudantes estão
orgulhosos de seu projeto: afinal, eles criaram uma revista completa,
desenvolvendo toda a infraestrutura necessária. "Vemos o projeto como uma
espécie de showroom do nosso trabalho", afirma Leonard Blömeke, que
juntamente com Verena Renneberg coordena o seminário de jornalismo online.
"Aqui, todo o mundo podem adquirir as aptidões que estão em demanda no
mundo da mídia contemporânea."
Portanto esse playground
midiático também beneficiará os estudantes quando, no futuro, eles se
candidatarem a um emprego. Mas os leitores também se beneficiam do projeto
estudantil fora do comum, já que temas interessantes não faltam. Aliás: não só
para os homens.
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