FONTE: Naira Sodré, TRIBUNA DA BAHIA.
Não é difícil olhar pelas ruas e
ver crianças e adolescentes carregando enormes mochilas escolares. A cada dia
são diferentes matérias, com grandes livros e cadernos, que deixam as bolsas
abarrotadas e quase impossíveis de carregar. Mesmo assim, os alunos não abrem
mão de sobrecarregar as bolsas, não gostam de levar nada nas mãos, preferem
colocar nos ombros. O fisioterapeuta Paulo Costa alerta os pais para este
perigo. De acordo com ele, os futuros adultos podem desenvolver problemas de
coluna por conta desta prática e ficam desde já com a postura afetada.
Por conta deste fato, o peso
total do material transportado pelos estudantes em suas
mochilas, pode passar a ser controlado por lei. A Comissão de Assuntos Sociais
(CAS) do Senado analisa o projeto de lei, já aprovado pela Câmara (PLC
66/2012), que estabelece limite de peso a ser carregado nas mochilas dos
estudantes.
A proposta determina que o volume
de material escolar transportado corresponda a 15% do peso corporal do aluno. Isto porque
uma criança de seis a oito anos, que em média pesa 20 quilos, não poderia
carregar mochilas com peso superior a três quilos. Além de limitar
o peso, os senadores querem também que as escolas sejam obrigadas a
fornecerem armários para que os estudantes guardem parte do material escolar.
O projeto de Lei é do deputado
federal Sandes Júnior e, segundo ele, a Sociedade Brasileira de Ortopedia
estima que cerca de 60% a 70% dos problemas de coluna na fase adulta são
causados por sobrecarga de peso e esforços repetitivos na infância. “As costas
foram projetadas para suportar peso, mas não é simples dizer o peso máximo que
pode ser carregado. Vale o bom senso, não ultrapassando nunca 10% do peso da
pessoa, ou então a adoção de um sistema de armários nas escolas”, disse o especialista,
Paulo Costa.
Excesso.
Para se ter uma ideia, além das costumeiras
dores nas costas, o excesso de peso também pode causar problemas em outras
partes do corpo, tais como joelho e quadril. As coisas podem ficar ainda piores
quando a mochila é carregada com uma alça só, pois o desequilíbrio do peso
força o corpo a corrigir a postura para caminhar, causando estresse em outras
partes como pernas, joelhos etc. Uma solução não muito aceita entre as
crianças, segundo o ortopedista, é usar mochilas de rodinhas. “É mais chato
para a criança e o risco de esquecê-la por aí aumenta, mas, com certeza, é mais
saudável”, avalia Costa.
Segundo Jaqueline Araújo, mãe da garota
Clara de sete anos, comentou que a filha se queixa de dores nas pernas e nos
braços, mesmo levando o material escolar em mochila de rodinhas. O peso faz a
garota fazer esforço para descolar a mochila, tanto para andar como para subir
e descer do transporte escolar. O ideal, diz Jaqueline, era que a escola
mantivesse um armário onde parte do material ficasse guardado.
Para Paulo Costa, as mochilas
corretas mesmo seriam aquelas que possuem o sistema de “rodinhas”, só que
estudantes acima dos 10 anos de idade já têm certa resistência em usar esses
tipos de mochilas, por acharem que já estão grandinhos o suficiente. Devido a isso,
existe, sim, o peso
ideal da mochila sem rodinhas, que é de menos de 10% do peso da
criança ou do adolescente. “Outra sugestão é usar a mochila de alça”, orientou.
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