FONTE: *** Julião Castello, CORREIO DA BAHIA.
A depressão é um transtorno de humor com características
físicas, cognitivas e emocionais, de alta prevalência na população idosa. Isto
ocorre devidos aos fatores de limitações físicas, decorrentes da perda da
agilidade, força e velocidade, que tornam o idoso dependente da ajuda de
terceiros para realização de diversas atividades habituais, desde tomar banho,
caminhar, vestir-se, alimentar-se.
Limitações neurofisiológicas, com déficits cognitivos que
levam à perda da percepção, raciocínio e memória. Limitações emocionais, por
desenvolver pensamentos pessimistas devido às experiências vividas por
perdas de entes queridos, sentimento de solidão, pensamentos focados na morte e
sentimento de impotência diante da vida.
Além do tratamento medicamentoso e psicoterapias, existem
terapias complementares. Dessas terapias, a atividade física, aeróbica ou
anaeróbica, apresenta-se como uma das alternativas mais completa e abrangente
para tratar os sintomas da depressão.
A musculação promove uma alteração psiconeuromuscular. O
aumento da força, realizado nos treinos de musculação orientados, são reações
neuromusculares, que consistem nos estímulos neurológicos cerebrais de realizar
a tarefa, que é respondida pela placa motora do músculo promovendo as
contrações musculares.
Esse aumento da força muscular resulta numa melhor AVD
(atividade de vida diária), propiciando aumento da mobilidade, melhora da
postura e capacidade de realizar tarefas antes impossíveis, com o músculo mais
fraco. Para o cérebro, força é sinal de juventude e fraqueza é velhice. Diante
dessa informação o comando cerebral pode induzir a uma diminuição da produção
de hormônios, modificando as reações psicoemocionais, o que inclusive, explica
o fato de pessoas ainda não idosas necessitando de reposição hormonal precoce.
Por isso o treino de musculação orientado e regular, com
frequência de 4x semanais, resulta num aumento da força de maneira segura:
lenta, gradual e progressiva.
As atividades aeróbicas praticadas com intensidade
moderada e frequência de 3 a 4x semanais melhoram o sistema cardiorrespiratório
e músculo-esquelético, propiciando alterações benéficas físicas e neurais. Em
consequência disso, melhora da autoestima. E se forem praticadas em grupo,
ajudam na socialização do idoso.
O envelhecimento está diretamente ligado à saúde
circulatória. Vasos limpos com contratilidade e flexibilidade boas, a meu ver,
definem a idade biológica de uma pessoa, sendo resultado de bons hábitos
alimentares, vida saudável e atividade física regular. Uma boa circulação
favorece boa oxigenação cerebral, melhorando o funcionamento do mesmo. É
importante uma correta orientação nutricional e a busca de um profissional de
nutrição colaboraria imensamente.
O sedentarismo pode lesar tanto a parte física como
cognitiva do idoso. Em contrapartida, a prática de exercícios físicos promove
modificações significativas, levando a um melhor desempenho das atividades
diárias e aumento da autoconfiança, fazendo que os idosos não dependam de
terceiros para desempenhar atividades habituais.
Além disso, o exercício promove mudanças no sistema de
neurotransmissores, na atividade cortical, na formação de novos neurônios e na
plasticidade neuronal. Todos esses efeitos também são encontrados como resposta
aos antidepressivos e estão associados à redução dos sintomas de ansiedade e
depressão.
*** Julião Castello é
educador físico e empresário.
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