segunda-feira, 21 de abril de 2014

JULIÃO CASTELLO: ATIVIDADE FÍSICA NO COMBATE À DEPRESSÃO...

FONTE: *** Julião Castello, CORREIO DA BAHIA.
A depressão é um transtorno de humor com características físicas, cognitivas e emocionais, de alta prevalência na população idosa. Isto ocorre devidos aos fatores de limitações físicas, decorrentes da perda da agilidade, força e velocidade, que tornam o idoso dependente da ajuda de terceiros para realização de diversas atividades habituais, desde tomar banho, caminhar, vestir-se, alimentar-se.
Limitações neurofisiológicas, com déficits cognitivos que levam à perda da percepção, raciocínio e memória. Limitações emocionais, por desenvolver pensamentos pessimistas  devido às experiências vividas por perdas de entes queridos, sentimento de solidão, pensamentos focados na morte e sentimento de impotência diante da vida.
Além do tratamento medicamentoso e psicoterapias, existem terapias complementares. Dessas terapias, a atividade física, aeróbica ou anaeróbica, apresenta-se como uma das alternativas mais completa e abrangente para tratar os sintomas da depressão.
A musculação promove uma alteração psiconeuromuscular. O aumento da força, realizado nos treinos de musculação orientados, são reações neuromusculares, que consistem nos estímulos neurológicos cerebrais de realizar a tarefa, que é respondida pela placa motora do músculo promovendo as contrações musculares.
Esse aumento da força muscular resulta numa melhor AVD (atividade de vida diária), propiciando aumento da mobilidade, melhora da postura e capacidade de realizar tarefas antes impossíveis, com o músculo mais fraco. Para o cérebro, força é sinal de juventude e fraqueza é velhice. Diante dessa informação o comando cerebral pode induzir a uma diminuição da produção de hormônios, modificando as reações psicoemocionais, o que inclusive, explica o fato de pessoas ainda não idosas necessitando de reposição hormonal precoce.
Por isso o treino de musculação orientado e regular, com frequência de 4x semanais, resulta num aumento da força de maneira segura: lenta, gradual e progressiva.
As atividades aeróbicas praticadas com intensidade moderada e frequência de 3 a 4x semanais melhoram o sistema cardiorrespiratório e músculo-esquelético, propiciando alterações benéficas físicas e neurais. Em consequência disso, melhora da autoestima. E se forem praticadas em grupo, ajudam na socialização do idoso.
O envelhecimento está diretamente ligado à saúde circulatória. Vasos limpos com contratilidade e flexibilidade boas, a meu ver, definem a idade biológica de uma pessoa, sendo resultado de bons hábitos alimentares, vida saudável e atividade física regular. Uma boa circulação favorece boa oxigenação cerebral, melhorando o funcionamento do mesmo. É importante uma correta orientação nutricional e a busca de um profissional de nutrição colaboraria imensamente.
O sedentarismo pode lesar tanto a parte física como cognitiva do idoso. Em contrapartida, a prática de exercícios físicos promove modificações significativas, levando a um melhor desempenho das atividades diárias e aumento da autoconfiança, fazendo que os idosos não dependam de terceiros para desempenhar atividades habituais.
Além disso, o exercício promove mudanças no sistema de neurotransmissores, na atividade cortical, na formação de novos neurônios e na plasticidade neuronal. Todos esses efeitos também são encontrados como resposta aos antidepressivos e estão associados à redução dos sintomas de ansiedade e depressão.

*** Julião Castello é educador físico e empresário. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário