FONTE: Fabiana Marchezi, Do UOL, em Campinas (SP) (noticias.uol.com.br).
Diarreia, gases,
cólicas, distensão abdominal, lesões na pele, inchaço e distúrbios gastrointestinais
são alguns dos sintomas da APLV (alergia à proteína do leite de vaca) e da
intolerância à lactose, o que leva as duas patologias a serem frequentemente
confundidas, principalmente porque as duas são causadas pelo leite.
"Enquanto a APLV
é uma reação alérgica às proteínas presentes no leite e seus derivados, como
queijos, iogurtes, etc, a intolerância à lactose ocorre quando o organismo não
produz ou produz pouca quantidade da enzima que é responsável pela digestão da
lactose, ou seja, do açúcar presente no leite", explica a pediatra Dulce
Maria Toledo Zanardi, do Hospital Estadual de Sumaré (SP).
A APLV acomete mais
bebês e crianças menores de 3 anos, com raros casos em adultos, e a
intolerância à lactose, apesar de mais comum entre os bebês, pode acontecer a
qualquer momento e se agravar na vida adulta.
Segundo Dulce, uma
das principais causas da APLV entre os bebês é a introdução precoce do leite de
vaca. "As proteínas do leite materno são diferentes das do leite de vaca,
o que pode desencadear a alergia", afirma.
Já no caso da
intolerância à lactose, a falta da enzima que a digere favorece o acúmulo da
lactose no intestino e a fermentação desse material provoca os sintomas.
"Nesse caso, o tratamento consiste na substituição de leites e derivados
por versões sem ou até mesmo com baixo teor de lactose, conforme recomendação
do médico", ressaltou.
No caso da APLV, é
preciso cortar definitivamente a proteína do leite da dieta e ficar atento aos
rótulos dos alimentos. Substâncias como caseína e soro, por exemplo, significam
que há leite no produto e essas expressões são frequentes em rótulos de
produtos industrializados.
Entretanto, é
importante ressaltar que a falta de leite pode resultar na carência de cálcio e
algumas vitaminas, o que torna necessário um acompanhamento médico e
nutricional.
Segundo Dulce, caso
ocorram sintomas como os descritos é importante procurar ajuda médica para
realizar exames e diagnosticar rapidamente o problema, dando início ao
tratamento.
Campanha.
Para tornar obrigatória
a inclusão de informações claras sobre a presença de alimentos que causam
alergia nos rótulos dos produtos, um grupo de mães se uniu e criou no ano
passado a campanha "Põe no Rótulo" (#poenototulo), no Facebook.
A ideia da campanha
surgiu a partir da troca de informações online de mais de 700 famílias cujos
filhos têm alergia alimentar. O grupo resolveu criar o movimento com o objetivo
de conscientizar a sociedade sobre os riscos que a falta de informação nos
rótulos podem trazer para as pessoas que têm alergia. Dependendo do grau de
sensibilidade, o alérgico pode ter choque anafilático, fechamento da glote,
além de outras reações graves que podem levar à morte.
Como resultado dessa
mobilização, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) iniciou a
discussão de um projeto de normatização da rotulagem de alérgenos em alimentos.
No mês passado, mais
de 80 empresas, o Ministério da Justiça, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
e o movimento "Põe no Rótulo" participaram da primeira audiência
pública de 2015 realizada pela Anvisa para discutir, com representantes da
sociedade civil e da indústria, as alterações no texto que trata da
obrigatoriedade de se declarar, na rotulagem dos alimentos embalados, as fontes
reconhecidas por causarem alergias ou intolerâncias alimentares em pessoas
sensíveis. Segundo o relator da proposta da Anvisa, Renato Porto, a expectativa
é de publicação da norma ainda neste semestre.
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