FONTE: Donald G. Mcneil Jr (noticias.uol.com.br).
Intoxicações
provocadas por uma toxina encontrada na barracuda e outras espécies da pesca
esportiva foram gravemente subestimadas na Flórida, Estados Unidos, segundo
novo estudo – e o problema é muito mais comum em comunidades pesqueiras ao
redor do globo do que se pensava, disse a autora principal da pesquisa.
Na Flórida, a
intoxicação com a toxina ciguatera é mais elevada entre os latinos,
supostamente porque eles gostam mais de comer barracuda, segundo o estudo,
publicado há poucos dias em "The American Journal of Tropical Medicine and
Hygiene".
A ciguatera é produzida
por algas que crescem em águas quentes, e existe o risco de ela se espalhar na
direção norte à medida que os oceanos se esquentam, declarou Elizabeth G.
Radke, epidemiologista do Instituto de Patógenos Emergentes da Universidade da
Flórida e principal autora do estudo.
A toxina é ingerida
por peixes de corais que comem a vegetação e se concentra nos predadores
maiores que os devoram. Os níveis mais elevados são encontrados na barracuda,
mas ela também é encontrada na garoupa, olho-de-boi, bodião-de-pluma, luciano,
cavala e dourado-do-mar. Congelar ou cozinhar não afeta a toxina.
"Nós
recomendamos que não se coma barracuda", disse Radke. No caso das outras
espécies, comuns em peixarias, "é uma boa ideia estar ciente de que se
está correndo um risco. Se você passar mal, procure um médico, conte que comeu
peixe e, caso tenha sobrado peixe, congele para que ele possa ser
examinado".
De acordo com a
pesquisadora, peixes pescados nas águas mais frias do Hemisfério Norte
apresentam menor probabilidade de ter a toxina, mas o risco não é zero porque
os peixes migram.
Vômito severo num
período de três horas após a ingestão do peixe é o sintoma mais comum, mas
algumas pessoas sentem dor e formigamento na boca, mãos, pés e, às vezes,
fraqueza nas pernas. A maioria se recupera, mas, em alguns casos, os sintomas
neurológicos, como sentir quente uma superfície fria e vice-versa, se prolongam
durante meses.
Não existe tratamento
específico, embora o manitol, tipo de açúcar com muitas aplicações médicas,
pareça ajudar, explicou Radke.
O estudo de Radke foi
acrescido da análise de relatos de intoxicação e de uma pesquisa via e-mail com
mais de cinco mil pescadores esportivos. A intoxicação por ciguatera deve ser
informada às autoridades da Flórida ao ser diagnosticada pelos médicos; a
estimativa oficial é de um caso a cada 500 mil moradores por ano.
O estudo de Radke
estimou que o problema fosse 28 vezes mais comum. A intoxicação por ciguatera
ocorre com mais frequência em pessoas que pescam ao redor de Miami, do
arquipélago Flórida Keys e nas Bahamas, mas é rara no norte da Flórida. A
intoxicação é três vezes mais comum entre pessoas de origem latina do que as de
outros grupos étnicos.
Esse tipo de
intoxicação alimentar é bem conhecido em áreas ao redor de águas quentes no
Caribe, Pacífico Sul e no Oceano Índico, disse a cientista. Pesquisa realizada
por ela em São Tomás, Ilhas Virgens Americanas, constatou que 25 por cento dos
moradores já tiveram o problema e, metade deles, apresentaram sintomas que
duraram mais de três meses.
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