FONTE: Adilson Fonsêca, TRIBUNA DA BAHIA.
Veja 19 razões apresentadas em documentos.
A
última vez em que entrou em vigor na Bahia foi em 2011, mas numa decisão do
então governador Jaques Wagner suspendeu a vigência do Horário de Verão e desde
então, essa prática que é feita nos estados das regiões Sul, Sudeste e Centro
Oeste, deixou de ser implantada na Bahia. Agora, alegando razões que vão desde
o desemprego, passando pela crise hídrica e a necessidade de economizar
energia elétrica, e como fator de atração para o turismo, os empresários estão
pedindo ao governador Rui Costa a volta do Horário de Verão.
Dentre
as 19 razões apresentadas em documentos encaminhado tanto ao governador Rui costa
como ao secretário estadual de Turismo, Nelson Pelegrino, os líderes de 30
setores da economia no Estado, que compõem o Fórum Empresarial da Bahia,
argumentam que as principais delas são a manutenção do emprego e da renda, no
momento em que a economia como um todo enfrenta uma crise.”nossos maiores
clientes e fornecedores estão justamente nos estados do Centro sul do país, que
adotam o horário de verão”, justifica o presidente do Fórum, Victor Ventin.
No
próximo dia 13, na sede da Associação Comercial da Bahia, o empresário Victor
Ventin, ex-presidente da Federação das Indústrias, vai se reunir com dirigentes
de diversos segmentos que representam a economia baiana para debater justamente
a questão da volta do Horário de verão.As 30 entidades que representam o Fórum,
como disse, já se posicionaram a favor do novo horário, que entrará em vigor
nos estados do Centro Sul do país de 18 de outubro de 2015 a 21 de fevereiro de
2016.
Ventin
explica ainda que diferente de 2012, quando a mudança de horário acabou virando
um dos principais temas da campanha eleitoral à Prefeitura de Salvador, este
ano os argumentos para que seja implantado o horário de Verão são mais fortes.
O principal deles é a questão da manutenção do emprego. “Com a economia de
energia, as empresas terão menos gastos e nesse período de crise,
condições de manter os empregos, gerar renda e desenvolver setores importantes
da economia baiana”, disse Ventin.
Trade turístico.
Victor Ventin esclareceu que o documento do Fórum Empresarial da Bahia foi
apresentado ao próprio governador Rui Costa e ao secretário de Turismo, Nelson
Pelegrino já em duas ocasiões este ano, e acredita que o governador será
sensível aos apelos da classe empresarial. “Por enquanto não há uma definição
sim ou não do governador, mas esperamos que o governador acate as nossas
sugestões”, disse.
Em
outro documento enviado na última quarta-feira ao governador Rui Costa, a
Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação do Estado da Bahia (FeBHA)
argumenta que além da economia de energia elétrica e hídrica que será
gerada, a implantação do Horário de Verão será mais um estímulo para o
incremento das atividades turísticas tanto na capital como no interior do
Estado.
Segundo
os dados do trade turístico, na Bahia são mais de 40 mil bares e restaurantes e
4.170 hotéis e pousadas cadastradas. Conforme explicou o presidente da
instituição, Silvio Pessoa, Ficar de fora significa perder mercados e
contrariar uma lógica empresarial. Não estarmos dentro do horário de verão
significa estarmos desconectados da grande parte do País - horários de bancos-
companhias aéreas, comércio- principalmente do Sul e Sudeste, os maiores
emissores de turistas, disse.
O
presidente da FeBHa diz ainda que não implantando o Horário de Verão, não
apenas o trade turístico, mas a economia do estado como um todo terá de
enfrentar transtornos para se adaptar às mudanças que ocorrerão em outros
estados. Na carta enviada ao governador Rui Costa, Silvio pessoa enfatiza que o
setor de turismo vive um momento de crise. ”Pedimos em nome do Turismo, que
vive um momento turbulento e a economia em compasso de espera, que acate para a
Bahia o Horário de Verão”.
Impacto positivo na economia e segurança.
No
documento apresentado ao Governo do Estado, o Fórum Empresarial da Bahia
enumerou 19 razões para que o Estado adote o Horário de verão este ano. Segundo
Victor Ventin, presidente da entidade, mesmo com algumas opiniões contrárias,
não há como negar os argumentos técnicos. “Há quem goste e quem rejeite o
Horário de Verão. Entretanto, ele traz vantagens inquestionáveis para a Bahia”,
diz.
Segundo
o documento, ao aderir ao Horário de Verão, a Bahia formará um bloco com os
estados que respondem por quase 90% de toda a economia brasileira. Se não
aderir, o estado integrará um bloco que responde por aproximadamente 16% do
PIB.
-
A Bahia tem a 6ª principal economia brasileira, sendo mais semelhante e mais
interligada às economias do Centro-Sul que às do Nordeste, onde se situam a
maioria dos compradores dos produtos baianos e os principais
fornecedores, como também as matrizes de muitas das empresas aqui instaladas e
da maioria das multinacionais sediadas no Brasil.
- Bahia
responde por 57% das exportações do Nordeste. As operações nacionais e
internacionais de compra, venda, cambio seguem o horário de Brasília.
-
O Horário de Verão tem impacto positivo na área de segurança. A incidência de
assaltos é maior à noite, na saída do trabalho, que de dia, na ida para o trabalho.
Seja pelo fato de a noite facilitar a ação de quem pratica violência. Seja por
que é mais comum o trabalhador transportar mais dinheiro ao voltar para casa
que ao sair de casa. Nas primeiras horas da manhã, se concentram apenas 9% dos
assaltos. Nas últimas horas da tarde se concentram 27% dos assaltos, segundo
pesquisa do PRONASCI – Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania.
- O
horário dos voos, nacionais e internacionais, que seguem o horário de verão de
Brasília, ficarão mais compatíveis para sair e chegar na Bahia, favorecendo as
viagens a trabalho e as de turismo.
- Os
horários da televisão, sejam eles de jornais informativos, esportes, novelas,
ficam compatíveis com os de todo o Brasil, e mais adequados aos os horários de
trabalho na Bahia.
-
Os dias são “mais longos”. No Horário de Verão, às 19 horas ainda temos
sol.
- Os
autônomos dispõem de mais horas para o trabalho. Há mais estímulo para ir às
compras após a jornada de trabalho e estímulo ao lazer e ao happy hour.
- À
medida em que o Verão se aproxima, o sol nasce cada vez mais cedo. Em 18
de julho de 2015, por exemplo, o sol nascerá às 05h 57min; em 30 de novembro
(em vigor o Horário de Verão), nascerá às 04h 57min.
- O
Horário de Verão proporciona, em alguns estados, economia de 4,5% a 5% nas
despesas com energia elétrica para empresas, setores públicos e consumidores
residenciais, pois permite aproveitar mais a luz natural.
- A
água conservada nos reservatórios das usinas hidroelétricas poderá ser de
grande valia no caso de estiagem futura. Além de reduzir os riscos de
indisponibilidades do setor elétrico, o Horário de Verão tem reflexos positivos
em áreas importantes na Bahia, como o turismo e o esporte, geradores de emprego
e renda.
Como surgiu.
O
Horário de Verão no Brasil foi adotado pela primeira vez em 1 de outubro de
1931, através do Decreto 20.466, abrangendo todo o território nacional. Houve
vários períodos em que este horário não foi adotado. Desde 1985 o horário de
verão é adotado anualmente. Nesse período a abrangência, inicialmente nacional,
foi reduzida sucessivas vezes.
Atualmente,
o horário de verão é adotado nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste. Depois de
oito anos sem adotá-lo, o estado da Bahia, no Nordeste, o adotou em 2011.
Em 2012, no entanto, a Bahia voltou atrás nessa decisão. Desde 2008, o
início é no terceiro domingo de outubro, e o final no terceiro domingo de
fevereiro, exceto quando este coincide com o Carnaval, sendo então o horário
prorrogado em uma semana.
Os
estados que adotam a medida são São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo,
Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Na Câmara Federal tramitam três
Projetos de Lei de autoria dos deputados Mário de Oliveira (PSC-MG),
Armando Abílio (PTB-PB) e Valdir Colatto (PMDB-SC), que pretendem abolir
o horário de verão no Brasil. A justificativa é que os benefícios com a redução
da carga máxima de energia elétrica em horário de pico não atingem a maior
parte dos cidadãos, enquanto que os prejuízos à saúde.