Os hematomas ocorrem quando o sangue, que normalmente
circula por nossas veias e artérias, deixa o interior destes vasos sanguíneos, e
se acumula em outras partes do corpo. O sangue extravasado em locais como a
região sob a pele, em torno dos olhos, ou mesmo dentro de órgãos importantes
como o cérebro, deixa de exercer sua função, e pode até mesmo causar problemas
nos órgãos adjacentes.
“A gravidade do hematoma varia conforme o local onde ele
se forma: perto ou não de outros órgãos; e de seu tamanho: que pode ou não
comprometer o bom funcionamento destes órgãos. Os hematomas que observamos na
pele após pancadas, ou após coletas de sangue, por exemplo, são formados pelo
sangue que extravasa de pequenos vasos sanguíneos que se rompem pelo trauma
local; no caso, a pancada ou a picada da agulha. Este sangue extravasado não
volta a circular normalmente, e só desaparecerá quando for completamente
absorvido pelas células de defesa de nosso corpo, o que leva dias”, explica Erich de Paula, médico hematologista e membro
do Comitê de Trombose da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e
Terapia Celular (ABHH).
Esta reabsorção envolve uma série de reações químicas que
modificam a cor do sangue e de seus metabólitos, o que explica a característica
mudança de cor de um hematoma. Hematomas na pele que surgem após pancadas
tendem a não representar risco para a saúde, desde que pequenos, restritos ao
local do trauma, e autolimitados. Em outras palavras, aqueles hematomas que
deixam de crescer espontaneamente, devido à ativação da coagulação de nosso
sangue.
O médico alerta que a preocupação deve existir quando os
hematomas surgem espontaneamente, sem que tenha havido qualquer trauma, e em
vários locais do corpo. Isto pode significar uma alteração da capacidade de
coagulação do sangue, especialmente se ocorrer de forma abrupta em alguém que
não apresentava esta tendência. “Um
outro sinal de alarme é quando os hematomas surgem juntamente com outros tipos
de sangramento (gengiva, nariz, etc), em intensidade diferente do normal para
aquele paciente. É importante reconhecer que há pessoas que apresentam uma
tendência a formarem mais hematomas, às vezes mediante traumas mínimos ou
simples aumentos da pressão sobre os vasos (por exemplo, um cinto muito
apertado, ou o apoio prolongado da coxa contra uma mesa), sem que isso
represente uma doença”. No entanto, só a avaliação médica será capaz de
diferenciar esta tendência individual de uma doença.
Outro aspecto importante é que alguns medicamentos muito
usados, como a aspirina, também aumentam a chance de formação de hematomas. Por
isso, a avaliação de uma pessoa que acredite apresentar uma maior tendência à
formação de hematomas deve ser feita pelo médico, através de uma entrevista
cuidadosa sobre como estes hematomas se formam, sobre como a coagulação deste
paciente se comporta em situações desafiadoras, como cirurgias ou extrações
dentárias, e sobre a presença de casos de doenças da coagulação na família.
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