Além da dosagem de proteínas, gorduras e carboidratos, o alimento
produzido por essas mulheres também apresenta níveis diferentes de vitaminas e
minerais, de acordo com pesquisa dinamarquesa.
Não é
novidade no mundo da ciência que o leite materno de mulheres que deram à luz
antes da 37a semana gestacional é mais rico em macronutrientes, grupo que inclui as
proteínas, as gorduras e os carboidratos. A constatação dos estudos que já se
debruçaram sobre essa questão é que essa composição ajuda na colonização das
bactérias do intestino dos bebês prematuros, protegendo-os de infecções graves.
No entanto, há mais coisas a serem desvendadas sobre o alimento produzido pelo corpo de
mães de crianças que chegaram ao mundo antes do tempo.
Uma nova
pesquisa da Universidade Aarhus, na Dinamarca, é um dos trabalhos que traz
informações inéditas sobre o assunto. No estudo, o time liderado pelo expert
Ulrik Sundekilde descobriu que a quantidade de micronutrientes (que são as
vitaminas e os minerais) no leite das mamães de prematuros também difere em
relação àquele produzido por mulheres cujos filhos nasceram a termo. A
constatação foi feita a partir de técnicas avançadas, capazes de avaliar
minuciosamente a composição do alimento sintetizado no corpo feminino.
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Durante 14
semanas, contando a partir da data do parto, os pesquisadores analisaram
amostras do leite de 45 mulheres. O que eles buscavam investigar era a
composição de metabólitos, que são substâncias produzidas a partir da quebra de
nutrientes. E os achados evidenciaram que o alimento produzido pelas mães de
prematuros contém uma grande quantidade de metabólitos derivados de vitaminas e
minerais. "Mas nós ainda não sabemos a importância nutricional de todas
essas substâncias, e como os prematuros têm necessidades mais
específicas, pode ser que eles ainda nem
estejam desenvolvidos o suficiente para digerir esse leite", pondera o
líder da investigação.
Outra
descoberta dos cientistas dinamarqueses é que, em poucas semanas, o teor do
leite materno das mães de bebês pré-termo se iguala ao das mulheres cujos
filhos nasceram aos nove meses. Por exemplo: uma mamãe que deu à luz com 25 semanas de gravidez, com 30 semanas, terá um leite com a mesma composição de uma mãe que
pariu na 40a semana.
Próximos passos.
Os achados
da equipe de Ulrik Sundekilde não devem parar por aí. Segundo ele, o plano é
fazer um estudo maior, incluindo mais mulheres. "Nós também gostaríamos de
ter um olhar mais próximo para o desenvolvimento dessas crianças e comparar isso ao conteúdo do leite materno que elas
consumiram", revela o pesquisador.
No futuro,
Sundekilde espera que seja possível utilizar as técnicas desse trabalho para
customizar o leite humano, de modo a garantir todos os nutrientes necessários
para o desenvolvimento dos prematurinhos. Hoje, já é possível detectar a falta
dos tais macronutrientes e compensar esse déficit; a questão é quando será
possível fazer isso também para os micronutrientes. Pelo visto, esse dia está
cada vez mais próximo.
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