A exposição
solar não é o único fator de risco para o aparecimento de câncer de pele.
Elementos como a genética também aumentam a predisposição da doença.
Segundo pesquisa
publicada no Journal of the American Academy Dermatology, uso de medicamento
comumente utilizado para o tratamento de hipertensão
arterial está diretamente associado ao
surgimento de tumores de pele.
Considerado um dos
tipos de câncer mais recorrentes no Brasil visto que, de acordo com a Sociedade
Brasileira de Dermatologia, corresponde a 33% de todos os diagnósticos da
doença no país, o câncer de pele tem como principal fator de risco a exposição
prolongada e desprotegida a radiação ultravioleta do sol.
E, com o avanço de
pesquisas na área, novos facilitadores para o surgimento do câncer
de pele vêm sendo descobertos. Por
exemplo, pesquisadores dinamarqueses, em estudo publicado no Journal of the
American Academy Dermatology, descobriram que a hidroclorotiazida, um
medicamento diurético comumente utilizado para o tratamento de hipertensão
arterial, também está associado ao desenvolvimento de tumores na pele. “Há
muito essa substância vem sendo associada ao aumento do risco de queimaduras
solares. Mas esse estudo aponta que quem faz uso da medicação também tem mais
chances de desenvolver os dois principais tipos de câncer de pele: o carcinoma
basocelular (CBC) e o carcinoma espinocelular (CEC)”, explica a dermatologista
e tricologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de
Dermatologia.
Para chegar a essas
conclusões os pesquisadores examinaram dados do Danish Cancer Registry,
cruzando registros de câncer de pele com registros de prescrição de
hidroclorotiazida. Com isso, o estudo pode demonstrar que os pacientes que
tomavam o medicamento por, no mínimo, seis anos tinham 29% mais chances de
desenvolver CBC e quatro vezes mais chances de desenvolver CEC do que aquelas
que não tomavam a medicação. E os dados ficam ainda mais alarmantes quanto
maior o tempo de uso do diurético. Para se ter uma ideia, pacientes que
utilizavam a hidroclorotizida a mais de 24 anos tinham 54% e sete vezes mais
chances de desenvolver carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular,
respectivamente. “Já era de conhecimento da comunidade médica que o medicamento
em questão aumenta a vulnerabilidade da pele aos danos provocados pela radiação
UV do sol, já que facilita a absorção desses raios pelo tecido. Porém, o que
não se sabia é que existe uma associação direta entre a medicamento e o desenvolvimento
do câncer de pele do tipo não-melanoma”, destaca a dermatologista.
Porém, o estudo possui
limitações, visto que não é o tipo de estudo desenhado para provar relações de
causa e efeito, além de não ter levado em consideração o fototipo de pele dos pacientes
e a quantidade de radiação UV a qual cada um desses indivíduos se expôs durante
a vida, fatores importantes para o desenvolvimento da doença. Mas esse fato não
torna o estudo menos relevante, já que outras pesquisas sobre o assunto também
chegaram a resultados parecidos. “Por isso, pacientes que usam a
hidroclorotiazida devem tomar cuidado com a exposição prolongada ao sol e
sempre fazer uso de fotoprotetor com FPS 30, no mínimo, que deve ser aplicado
diariamente e reaplicado a cada duas horas até mesmo em dias nublados”,
recomenda a médica.
Pacientes que já
tiveram câncer de pele ou possuem predisposição a doença e fazem uso do
medicamento devem redobrar os cuidados e consultar um médico para verificar a
possibilidade de trocar a hidroclorotiazida por outra medicação, além de ficar
atento ao surgimento de novas lesões na pele. “Pintas muito grandes,
assimétricas, com bordas irregulares, coloração diferenciada e que mudam de
aparência com o tempo podem ser alertas de que você pode ter câncer de pele. Se
for o caso, deve-se procurar um médico para realizar o diagnóstico. Quanto
antes for diagnosticado, maiores são as chances de o tratamento ser
bem-sucedido”, finaliza a Dra. Kédima Nassif.
*** DRA.
KÉDIMA NASSIF.
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