Dor é algo muito
subjetivo. Nenhum tipo de exame de sangue ou imagem de laboratório pode dizer
ao médico o que você realmente está sentindo. Sem falar que, algo que alivia a
queixa de uma pessoa pode não fazer nem cócegas no incômodo de outra. Isso
porque a dor, literalmente, está na cabeça de cada um. Até por isso, existem
formas de tratar dor sem remédio que funcionam porque mexem nas causas ou em
mecanismos de percepção da dor pelo cérebro.
Assim como as sensações
de calor e prazer, a dor é algo que o cérebro cria com base em informações
sensoriais que recebe do corpo, comprovam pesquisas recentes da Universidade de
Oxford, na Inglaterra. A partir daí, vários fatores podem afetar a intensidade
da dor percebida pelo cérebro.
Ansiedade, fadiga e até
a expectativa pessoal podem aumentar ou diminuir o sofrimento, revela o estudo.
Veja aqui sete jeitos de tratar dor sem remédio.
1 – Passar tempo com os
amigos.
Estar ao lado de gente
querida ativa o sistema de liberação de endorfinas do cérebro, garante Robin
Dunbar, professor de psicologia evolutiva em Oxford. Endorfinas são
neurotransmissores de prazer, que ajudam a reduzir a atividade dos centros
cerebrais,o que explica por que aqueles momentos com a turma ajudam, inclusive,
a diminuir dores, explica Robin. Por outro lado, o isolamento social – isto é,
passar muito tempo sozinho e longe dos amigos e da família – está associado a
mais dor lombar, de acordo com uma pesquisa da universidade de Melbourne, na
Austrália.
2 – Divertir-se para
tratar dor sem remédio.
Rir também é uma fonte
de alívio poderosa, sugere Robin. Sua pesquisa mostra que dar risada, seja
brincando com os amigos ou assistindo a um filme engraçado, pode aumentar seu
limiar de dor. Robin também credita isso às endorfinas, já que rir ativa os
centros de prazer do cérebro.
3 – Marcar uma
massagem.
Um estudo de 2015 da
Clínica Mayo, nos EUA, traz o que há de mais recente em pesquisa sugerindo que
uma sessão de massagem pode acabar ou, pelo menos, reduzir a percepção de dor.
Os receptores de pressão na pele respondem ao toque de outra pessoa, ativando o
nervo vago cerebral, explica Tiffany Field, diretora do Instituto de Pesquisa
do Toque, na Universidade de Miami (EUA). O aumento da atividade desse nervo
combate o estresse, diz Tiffany. Essa redução de estresse (e dos hormônios
relacionados a ele, como o cortisol) ameniza dores, segundo a especialista.
4 – Rolo de massagem e
acupuntura.
Usar um rolo de espuma
para massagear os músculos pode reduzir desconfortos – mesmo que você não
massageie a parte do corpo que está dolorida, mostram estudos recentes no Canadá
e na Austrália. Acupuntura também pode amenizar a dor em até 55%, de acordo com
uma revisão publicada no periódico Jama Internal Medicine. Assim como a
massagem, tanto a acupuntura quanto o rolo reduzem a dor porque diminuem a
atividade do nervo vago, diz Tiffany.
5 – Movimentar o corpo.
Vinte e cinco minutos
de exercício aeróbico, como corrida, ciclismo e natação, já são capazes de
reduzir em 28% a percepção de dor, de acordo com um estudo no Journal of
Rehabilitation Research and Development. Não importa se você está sofrendo com
um incômodo pontual na lombar ou algo crônico, como fibromialgia, exercícios
parecem ajudar, dizem os autores da pesquisa. Outro trabalho, publicado no
periódico Pain, revelou que atletas têm tolerância maior à dor que não atletas.
Acontece que a atividade física ativa os receptores opioides cerebrais, o que
acalma a dor (vários analgésicos funcionam atuando exatamente no sistema
opioide do cérebro).
6 – Alongar os
músculos.
Uma hora de ioga ou
alongamento por semana pode promover meses de alívio de dor na lombar, como
demonstra uma pesquisa publicado no Archives of Internal Medicine. Os
voluntários praticaram cerca de 55 minutos por semana ao longo de três meses.
Os autores do teste dizem que o componente mental da ioga pode ainda
intensificar os benefícios em uma prática mais regular.
7 – Acalmar a mente
tratar dor sem remédio.
Vários indícios
relevantes, incluindo um artigo de 2016 no Journal of Neuroscience, associaram
a meditação ao alívio da dor. Os autores desse trabalho comentam que ainda não
se sabe exatamente como meditar opera essa “mágica”. Mas um fato é certo: a
meditação não aciona o sistema opioide cerebral. Isso quer dizer que a prática
pode combater a dor por outros caminhos, diferentes dos analgésicos.
*** Matéria
publicada originalmente na edição 10 da Bicycling, de maio/junho de 2017.
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