Uma pesquisa mostra que
enfrentar insegurança crônica no trabalho pode mudar a personalidade das
pessoas. E para pior. Segundo o trabalho, quem fica mais de quatro anos nessa
situação pode se tornar instável emocionalmente, menos amigável e até mais
irresponsável.
Todo mundo sabe que, a
curto prazo, conviver com o risco de perder o emprego a qualquer momento afeta
o bem-estar, a saúde física e a autoestima de qualquer um. Mas pesquisadores da
Universidade RMIT, na Austrália, descobriram que as consequências podem ser bem
mais graves. Depois de muito tempo nessa situação estressante, uma pessoa pode
apresentar mudanças profundas e permanentes no seu jeito de ser. Assustador,
não é?
A equipe contou com
dados de mais de 1.040 funcionários acompanhados por um período de nove anos. A
análise foi baseada na estrutura dos “cinco grandes” traços de personalidade,
bastante utilizada nesse tipo de pesquisa. São eles: estabilidade emocional,
abertura para experiências, conscienciosidade (ou cautela), extroversão e
amabilidade.
Os resultados,
publicados no Journal of Applied Psychology, indicam que três
desses traços podem ser impactados de forma negativa quando alguém experimenta
períodos prolongados de insegurança no emprego. Na prática, as vítimas podem se
tornar menos capazes de lidar com o estresse, alcançar seus objetivos, e de se
dar bem com outras pessoas – características fundamentais para um bom
desempenho no trabalho.
Questões como a
substituição de mão de obra por novas tecnologias, a precarização das relações
de trabalho e aumento do mercado informal e do subemprego têm gerado
preocupações no mundo inteiro. É claro que países menos desenvolvidos, como o
Brasil, acabam sendo os mais prejudicados, por isso é bom prestarmos atenção
nesses resultados.
De acordo com os
autores, é importante que as empresas invistam em treinamento e desenvolvimento
de novas habilidades, já que isso pode aumentar a sensação de segurança e
autoconfiança dos funcionários. No final das contas, quem ganha é o próprio
empregador, que passa a ter não só gente mais qualificada, como também mais
equilibrada emocionalmente e, dessa forma, mais produtiva. Aproveitar a
instabilidade econômica para ameaçar os funcionários, portanto, é dar um tiro
no próprio pé.
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