Quem define se a canção “grudou feito chiclete” no ouvido é o povão
curtiu os seis dias de festa entre a passagem de um trio e outro.
“Oi, te liguei, deve ‘tá’ ocupadinha...”. “Desce uma dose de beijo...”.
“Ela não quer guerra com ninguém...”. “Sem beber ela é santinha...”. “Pega na
mão, pisca o olho pra mim...”. “Ô mão na cabeça, menina...”. Não importa se
Márcio Victor vai entrar na Avenida alardeando aos quatro ventos aquela velha
frase já conhecida por 11 em cada 10 foliões: “Música do Carnaval!”. Quem
define se a canção “grudou feito chiclete” no ouvido é o povão curtiu os seis
dias de festa entre a passagem de um trio e outro.
E, nessa edição do Carnaval de Salvador, foi difícil escolher entre
várias opções. Houve até gente que escolheu artista que normalmente não está
entre os favoritos. “Para mim, a música do Carnaval é ‘Amor de Que’, de Pabllo
Vittar”, disse a bióloga Anelise Ribeiro que, ao lado da amiga, a psicóloga
Bárbara Guerra entoou em alto e bom som a canção que fala sobre um jeito de
amar “diferente”.
Porém, a opinião dela contrastou com a maioria dos ouvidos pela
reportagem. Para a maior parte deles, a disputa deve ficar entre “Contatinho”,
cantada pelo “gigante” Léo Santana e de autoria dos compositores Ed Nobre,
Rodrigo Martins e Marco Lima; e “O Mundo Vai”, de Ivete Sangalo, e cuja
composição é a própria “Veveta” em parceria com Gigi, Ramón Cruz, Samir,
Radames Venancio e Tierry.
Aliás, essa edição do Carnaval de Salvador pode representar uma quebra na
escolha da principal música dos festejos. Desde 2013, quando a banda Filhos de
Jorge venceu essa eleição com a música “Ziriguidum”, o ritmo axé music não mais
venceu a disputa de canção mais lembrada pelos foliões durante os festejos. Em
2019, por exemplo, a campeã foi “Abaixa que é Tiro”, da banda Parangolé,
comandada Tony Salles. Um ano antes, uma “forasteira” foi quem levou o título
com a música “Envolvimento”: a pernambucana MC Loma e as Gêmeas Lacração.
Apesar de muitos artistas afirmarem que não levam muito a sério a
questão, os foliões acreditam exatamente o contrário. “Não é possível que eles
não queiram ver o público cantando em alto e bom uma música que eles levaram
até meses para produzir. Acredito que todo artista pensa sim nesse título e ver
a canção dele em destaque”, afirmou o engenheiro Raul Costa.
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