Uso de máscaras
durante exercícios mais intensos como corridas ao ar livre pode trazer
problemas; solução seria usar máscaras com filtro de ar para facilitar a
respiração ou substituir a máscara por bandanas.
Muitas pessoas aderiram ao uso das máscaras
de proteção para
evitar a contaminação por Covid-19, mas elas também são importantes para
proteger os outros – na medida em que alguns pacientes são
assintomáticos.
“Hoje sabemos que muitos pacientes apresentam Covid-19 sem sintomas, ou seja, estão contaminados e
podem transmitir o vírus. É preciso existir uma consciência pelo coletivo, você
usa a máscara para proteger o outro e o ambiente. Pensamentos individualistas
precisam ser deixados de lado. Se todos usarem máscaras, diminuímos muito a
propagação da doença”, afirma angiologista Dra. Aline Lamaita, membro da Academia
Americana de Medicina do Estilo de Vida. No entanto, o isolamento social ainda
é a medida mais eficaz e, em muitos casos, algumas pessoas descumprem a
recomendação para fazer exercícios. “O exercício físico é benéfico nesse
momento, mas é necessário tomar cuidado com a prática esportiva com uso de
máscaras, pois o ar viciado dentro da máscara, aliado à dificuldade de
respiração adequada, pode causar mal-estar e tontura”, completa a angiologista.
De acordo com a médica, o melhor a fazer é buscar treinos
e atividades que
possam ser feitas dentro de casa, com ajuda de aplicativos para ensinar os
movimentos. Para quem tem quintal, uma boa sugestão é pular cordas. “Mas quando
não dá para fazer o aeróbico, pode-se fazer exercícios isométricos, mais
parecidos com pilates e yoga, disponíveis em aplicativos gratuitos. Para
idosos, gestantes e crianças são recomendados os exercícios de baixo impacto,
podendo fazer elevação lateral e frontal dos braços (para ombros) ou aquela
bicicleta imaginária com as costas totalmente apoiadas no chão”, diz cirurgião
plástico Dr. Mário Farinazzo, membro Titular da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica e médico voluntário no atendimento a casos suspeitos de
Covid-19 no Hospital São Paulo. A recomendação é de pelo menos 15 minutos de
atividade diária para evitar complicações.
No caso de quem não tem espaço e preferir fazer caminhadas ao ar livre, o
ideal é que elas sejam mais leves, sem chegar ao seu limite. “Caso queira fazer
exercícios mais intensos, tente usar máscaras com filtro de ar para facilitar a
respiração ou substitua a máscara por bandanas, que parecem trazer mais conforto
respiratório no exercício”, afirma a angiologista.
Segundo a dermatologista Dra. Kédima Nassif, estudo baseado na casuística
de Hong Kong mostrou que o uso de máscaras cirúrgicas pode ser efetiva em
reduzir a transmissão do COVID 19 em 64% (SARS transmission, risk factors, and
prevention in Hong Kong). “Esse uso deve acontecer até mesmo dentro de um
veículo. A orientação é de que o uso de máscaras dentro do carro deve acontecer
se há mais de uma pessoa no carro, quando a troca de partículas do ar inalado é
grande. O uso da máscara sempre deve ocorrer em caso de transporte coletivo”,
diz a médica.
Mas é necessário evitar “furar” o isolamento sem necessidade. Isso por
que o uso da máscara, embora altamente necessário, pode causar processos
irritativos na pele. “Devido ao contato contínuo com materiais sintéticos, como
no caso de máscaras cirúrgicas e N95, e ao calor, umidade, retenção de
oleosidade e atrito de qualquer tipo de máscara, são cada vez mais frequentes
nos consultórios de dermatologia queixas como piora da rosácea e acne,
surgimento de dermatite perioral e irritação no rosto”, diz a dermatologista.
Para o tratamento dessas condições, um diagnóstico correto pelo dermatologista é fundamental, entretanto, algumas dicas podem ser úteis: se você pode
manter o isolamento reduzindo a necessidade do uso do dispositivo, melhor para
sua pele. “A manutenção de uma rotina de cuidados com limpeza adequada, tônico
calmante e hidratação auxilia na manutenção do tecido cutâneo saudável. Dê
preferência ao uso de máscaras de tecido em que a camada de pano em contato com
a pele seja de algodão, o que reduz irritações. Se surgirem lesões exercidas
pela pressão nos pontos de contato com a máscara, uma boa opção é o uso de
protetores cutâneos à base de silicone, como alguns géis usados na prevenção de
queloides e até do uso de fitas de silicone ou curativos a base de hidrocolóide
fixados nos pontos da máscara que entram em contato com a pele e exercem
pressão no rosto”, diz a Dra Kédima.
Qual máscara usar no dia a dia? Segundo o estudo “Testing the efficacy of
housemade masks: would they protect in an influenza pandemic?”, as máscaras de
tecido são apenas 15% menos efetivas do que as cirúrgicas e 5 vezes melhores do
que não usar máscara no que tange a emissão de partículas. “Em outros estudos
sobre a transmissão de Influenza, as máscaras caseiras tiveram eficácia de
40-95% na proteção contra a transmissão. “A máscara de pano tem efeito de
proteção se todas as pessoas infectadas estiverem usando, é eficaz no uso
coletivo, apesar de sua proteção individual ser menor do que uma máscara
cirúrgica ou n95, utilizada por profissionais de saúde. Por
isso é importante além do uso da máscara manter o isolamento social e manter um
metro de distância, para minimizar ainda mais a propagação do vírus”, finaliza
a angiologista.
*** Fontes: DRA.
ALINE LAMAITA, DRA. KÉDIMA NASSIF.
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