Além de diminuir as chances
de engravidar, baixos níveis de Vitamina D durante a gestação podem influenciar
no aparecimento de problemas como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e parto
prematuro.
Recentemente, as atenções estão
voltadas à Vitamina D por conta do seu papel para a saúde dos ossos e do
coração, além do sistema
imunológico.
A preocupação leva em conta o
isolamento social, que diminui a exposição solar – responsável pela síntese da
Vitamina D. “Também conhecida como calcitriol, ela é um hormônio esteroide
fundamental para o equilíbrio de diferentes órgãos, já que controla mais de
3.000 genes e tem mais de 80 funções no organismo. Mas sua ausência pode
interferir também na saúde reprodutiva da mulher, além causar problemas também
na gestação”,
afirma a Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira, ginecologista membro da Febrasgo
(Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). “Ela é
produzida pela pele em resposta à exposição solar. Existem alimentos ricos em
vitamina D, como peixes gordurosos (salmão), ovos e laticínios. Mas, mesmo com
essa alimentação, a exposição solar é importante, pois o sol é responsável por
80 a 90% da conversão da vitamina do organismo”, diz a dermatologista Dra.
Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
De acordo com a ginecologista, um
trabalho conduzido pelo National Institute of Health dos Estados Unidos
verificou que um nível abaixo do recomendado pode interferir nas tentativas de
concepção de um filho. O estudo analisou amostras sanguíneas de mais de 1100
mulheres na faixa dos 18 anos 40 anos que tentavam engravidar, mas já haviam
perdido um ou dois bebês. “Algo em comum entre mais da metade delas eram os
níveis baixos de Vitamina D (abaixo de 30 ng/ml); as mulheres que estavam acima
desse nível tinha 10% de chances a mais de engravidar e um risco 15% menor de
aborto espontâneo”, afirma a Dra Ana. “Nesse sentido, verificou-se que a
Vitamina D é de suma importância no planejamento da gravidez”, acrescenta a
ginecologista, que destaca que o sistema reprodutor feminino todo tem
receptores para a Vitamina D.
A ginecologista acrescenta que a
própria atuação da vitamina D no sistema imunológico também pode ter impacto na
concepção, uma vez que pode evitar que a gestante rejeite a implantação do
embrião, tanto na fertilização in vitro ou gravidez espontânea.
Já durante a gestação, níveis
recomendados desse hormônio diminuem
a incidência de problemas no período, como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia
(pressão arterial elevada) e parto prematuro. “No caso do diabetes gestacional,
ele acontece principalmente depois de 24 semanas, quando a placenta produz
hormônios que são hiperglicemiantes. E esse aumento de glicemia fisiológica se
não for contrabalanceada com uma qualidade de estilo de vida favorável, com
exercícios físicos, dieta equilibrada rica em frutas, gorduras boas, vegetais,
essa paciente pode desenvolver o diabetes gestacional e levar a complicações
para o bebê”, afirma a ginecologista.
Para evitar a carência da
substância, a Dra Paola lembra que o recomendado é tomar 15 minutos de sol por
dia. “Isso pode ser feito no momento em que você colocar o lixo para fora,
levar o cachorro para passear ou estender as roupas”, afirma a dermatologista.
“Não é necessário expor o corpo todo sem proteção: o rosto deve estar sempre
com fotoprotetor e
você pode expor o antebraço nesse período”, afirma a Dra. Ana.
Com relação à suplementação nesse
período, o ideal é consultar um médico. “A suplementação indiscriminada de
vitamina D não é recomendada, pois, em excesso, pode gerar efeitos tóxicos (até
insuficiência renal nos casos graves)”, diz a Dra. Paola. “Caso você acredite
que seus níveis de Vitamina D estão abaixo do recomendado, consulte um médico,
que poderá constatar ou não essa deficiência e a causa do problema para
prescrever a suplementação adequada de acordo com suas características”, diz a
ginecologista. “No caso de gestantes, indicamos o consumo de 600 UI de Vitamina
D ao dia para manter os níveis adequados”, finaliza a Dra Ana.
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FONTES: DRA. ANA CAROLINA LÚCIO PEREIRA, DRA. PAOLA POMERANTZEFF.
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