Muitos pais se veem
confrontados com mais essa missão durante o isolamento social.
O home office fez com que muitos pais e mães tivessem de
equilibrar a rotina de trabalho em casa com outras demandas, como dar
aulas para os filhos, sobretudo os que não têm acesso ao ensino a
distância.
Na prática, fazem o homeschooling ou educação
domiciliar, quando assumem de forma direta a responsabilidade pelo
ensino das crianças, ministrando eles próprios as disciplinas. Atualmente,
mesmo sem ter uma regulamentação que a aprove, aproximadamente
17 mil meninos e meninas estão sendo educados dessa forma no
Brasil, de acordo como Associação Nacional de Educação Domiciliar (ANED).
A falta de preparo para essa missão mais o acúmulo de outros afazeres
diários podem levar esses pais a um esgotamento. É o burnout.
Problema que afeta 33 milhões de brasileiros, segundo a filial
brasileira da International Stress
Management Association (ISMA), a síndrome
de burnout ou síndrome de esgotamento é um distúrbio
emocional caracterizado pelos sintomas de exaustão extrema, estresse crônico
e extremo cansaço físico. Ela é costumeiramente associada a
profissões que exigem muita dedicação
e grande responsabilidade, como as da saúde.
“Em um mundo regido pelo desempenho e que exige cada vez mais, ter uma
demanda extra, como a de ensinar os filhos, pode gerar um
maior esgotamento”, afirma Camila Baratto, psicóloga do Hospital
Municipal Vila Santa Catarina. Essa nova tarefa resulta em uma dificuldade de
manejar horários como profissional, professor e pai. Sem falar no medo de
não dar conta do recado. “Como os pais vão lidar com isso? Como essas
atividades serão divididas? É importante pensar
nisso”, complementa Baratto.
Os principais sinais de que os pais estão alcançando o esgotamento
são: choro frequente, falta de paciência, excesso ou falta de
apetite, exagero na reação a pequenas coisas. “Geralmente
o burnout tem sinais de esgotamento físico e emocional em uma
alta frequência”, diz a psicóloga. Para controlar o
estresse durante o homeschooling, os especialistas, tanto em
saúde mental quanto em educação, indicam procurar adotar
uma flexibilidade de horários, buscar ajuda de profissionais e não querer
ser um superpai ou uma supermãe – aquele ou
aquela que ao mesmo tempo quer trabalhar, ensinar, cuidar da casa...
No final das contas, a saúde e a educação de todos só têm a ganhar.
Mesmo em tempos de pandemia, a cobrança por uma performance exemplar nos
estudos muitas vezes é exigida das crianças. “É possível que elas tenham uma
sobrecarga,” atenta Camila Baratto. E os pequenos podem sofrer com essa
exigência. O burnout entre eles pode se manifestar da seguinte
maneira: falta de interesse em atividades extracurriculares, sono na hora do
estudo e isolamento familiar. Tanto para pais e filhos, as indicações
terapêuticas são as mesmas: psicoterapia, mesmo que seja online, e, em casos
mais extremos, para os adultos, é necessário o auxílio de medicamentos.


Nenhum comentário:
Postar um comentário