Saiba como mantê-los
saudáveis.
Evitar tocar os olhos
passou a ser um mantra em tempos de Covid-19, já que eles podem ser uma via
para o novo coronavírus entrar no organismo.
O germe é capaz de
causar conjuntivite, como mostrou um estudo publicado no periódico científico
Journal of Medical Virology.
Realizado na China, o
trabalho avaliou a lágrima e secreções da conjuntiva - membrana mucosa que
reveste a esclera, a parte branca do olho - de 30 pacientes com pneumonia
derivada da contaminação pelo vírus.
As amostras foram
analisadas por meio do exame RT-PCR, que diagnostica a infecção pelo
Sars-Cov-2. No único paciente com conjuntivite, o resultado deu positivo para a
presença do micro-organismo no material coletado.
As secreções lacrimais
participam do sistema de limpeza ocular, que tem seu início no ato mecânico de
piscar. O ser humano pisca de 15 a 20 vezes por minuto.
“Trata-se de uma
forma de lubrificar a superfície ocular e eliminar qualquer substância ou
micro-organismo que porventura aterrisse sobre os olhos”, explica o
oftalmologista Adriano Biondi, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São
Paulo.
A lágrima é
drenada para o canal lacrimal, vai para o saco lacrimal e segue para a mucosa
do nariz até chegar na faringe. Seu trajeto termina na garganta. É o
mesmo percurso no qual o vírus circula.
Eliminações lacrimais
podem estar presentes em toalhas e roupa de cama, por exemplo. Mas ainda não
está claro quanto tempo o vírus é infectante nessas condições.
Home office.
Há maneiras de aumentar
a proteção. Quem está trabalhando em casa quase sempre permanece mais tempo em
frente à tela do computador ou do celular.
Isso interfere na nossa
capacidade de piscar.
“Quando você olha para
uma tela, há uma mudança na resposta fisiológica normal responsável pela
limpeza ocular”, explica Biondi.
O olho fica mais aberto
e estático e pisca-se até três vezes menos. O resultado é o ressecamento,
característica da síndrome do uso excessivo da tela do computador. Seus
sintomas incluem ardência, vermelhidão, visão embaçada e cansaço dos olhos.
Grau desregulado dos óculos também entra nessa equação.
O olho ressaca muito
rápido. Ele tem uma película de hidratação, o filme lacrimal. Esse filme tem
camadas. A mais externa é formada por gordura, encarregada de criar uma tensão
superficial que “segura” a lágrima na região.
A segunda camada é a
parte aquosa, constituída de água, enzimas, eletrólitos e proteínas, que nutrem
a córnea. “É ali que os vírus circulam”, fala Biondi.
O terceiro estrato está
em contato com a superfície do olho e é denominado proteico. Células oculares
produzem proteínas com carga elétrica que atrai e segura a água na região.
“As três trabalham em
harmonia”, relata o oftalmologista. Se ocorre algum problema, como a blefarite,
a inflamação da pálpebra, há uma instabilidade do filme lacrimal – ele
desaparece em segundos.
O olho fica irritado,
abrindo espaço para vírus porque o sistema de limpeza natural não está
funcionando a contento. Isso vale para as conjuntivites virais também, não só o
Sars-Cov-2.
Pausa necessária.
Para evitar que os
olhos sofram com o trabalho exaustivo diante do computador, o ideal é que, a
cada 20 minutos, faça-se uma pausa de 1 minuto longe da tela. “Olhe para longe,
pisque mais e tome um copo d’água para a reidratação ocular”, aconselha o
oftalmologista.
Mirar o horizonte ou
qualquer coisa distante descansa a visão – já o que é próximo tem o efeito
contrário. Isso porque o ser humano tem olhos de predador: são paralelos e
adaptados para ver uma “caça” de longe.
Assim como os do águia.
Com os animais que são presas, a história é diferente. “O pato e a galinha
possuem olhos lateralizados para enxergar quem vem por trás e fugir”, diz
Biondi.


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