Se alguém te dissesse que existe um remédio capaz de levantar o astral,
afastar o cansaço, melhorar o aprendizado, a vida sexual e ainda emagrecer,
você provavelmente acharia que é fake news, certo? E se você ainda descobrisse
que essa solução é barata e acessível a todos? Mais difícil ainda de acreditar,
não é?
A atividade física é tudo isso e mais um pouco, mas nem todo mundo tem
uma dimensão tão clara do quão variados são os benefícios dos exercícios para a
saúde física e mental. Sempre menciono, seja em lives ou nas mídias sociais, o
quanto malhar beneficia a memória e o aprendizado, reduz a depressão e a
ansiedade e até melhora a libido, o desempenho e o prazer no sexo. Claro que
muitos até conhecem todas essas vantagens, mas perderam o ânimo ou vão deixar
isso para depois. Então anote aí: não há melhor momento que o atual para
recuperá-lo.
Um grupo de pesquisadores chineses conseguiu mostrar que cerca de 45
minutos de exercícios vigorosos todos os dias podem reduzir significativamente
as emoções negativas associadas à pandemia. O experimento envolveu apenas 66
estudantes universitários que não puderam sair de casa por mais de três meses
para cumprir as rígidas regras de isolamento social daquele país.
Os resultados, descritos no International Journal of
Environmental Research and Public Health, não foram nenhuma
surpresa: 85% estavam preocupados com a covid-19 e 42% relataram alterações no
sono. A intensidade de sintomas de ansiedade e depressão aumentou conforme o
número de mortes pela doença crescia na China.
Os pesquisadores utilizaram uma medida chamada MET (equivalente
metabólico) para calcular o gasto de energia dos participantes, com base na
atividade praticada, o tempo de duração e o peso corporal de cada um. Em média,
os estudantes tiveram 355 METs de atividade física vigorosa por semana. Quanto
mais alta essa medida, mais baixo era o escore de emoções negativas relatadas
pelos jovens, como raiva, confusão, preocupação e agressividade.
No final da análise, foi possível identificar qual a quantidade de
movimento capaz de interferir positivamente no emocional dos estudantes: cerca
de 2.500 METs, ou seja, 108 minutos de exercícios leves, 80 minutos de
atividade moderada, ou 45 minutos de atividades vigorosas todos os dias. Não é
pouco, é verdade, mas talvez não seja tanto quanto o tempo gasto em frente às
telas.
Outro trabalho recente, uma revisão de diversos estudos publicada na
prestigiada revista médica The Lancet , também confirmou os efeitos da atividade física
regular para neutralizar os efeitos do estresse constante a que as pessoas são
submetidas numa quarentena. O estudo envolveu cerca de 3.000 pessoas saudáveis,
com as mais variadas idades, e associou a prática de 150 minutos semanais de
exercício a menos emoções negativas como raiva, tédio, medo, solidão, confusão
e desesperança.
Diversos levantamentos têm mostrado que, desde que a pandemia começou, a
maioria das pessoas têm andado menos. Para os mais idosos, essa tendência não
apenas é perigosa para o humor, como também para a integridade física.
Uma pesquisa de equipe da Universidade de São Paulo (USP), divulgada pela
Sociedade Americana de Geriatria, alerta que dar menos de 1.500 passos por dia
leva à perda de 4% do tecido muscular nas pernas em apenas duas semanas.
Embora os médicos aconselhem as pessoas a sair de casa só quando
necessário, é preciso ficar atento à movimentação diária, até porque o
sobrepeso e a obesidade têm se mostrado um fator de risco para complicações
pelo novo coronavírus. Quem não quer ir para a rua pode retomar os exercícios
que já estava acostumado a fazer dentro de casa (só cuidado para não se
aventurar em novidades sem fazer uma avaliação física antes). O importante é
encarar o movimento como um remédio que você tem de tomar todos os dias.
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