FONTE: , Luciana Casemiro, https://extra.globo.com/
RIO - O anúncio do aumento das tarifas de energia, na última segunda-feira, foi praticamente concomitante a uma nova onda de restrições em várias cidades brasileiras para fazer frente ao recrudescimento da pandemia de Covid-19. Isso trouxe de volta o home office e as aulas on-line.
Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram aumento de 2,9% no consumo residencial no período de 12 meses findo em janeiro. Enel Rio e Light, com reajuste na faixa de 4,6%, têm, respectivamente, a primeira e a terceira tarifas mais caras do país. A média de aumento é de 15,5%, segundo projeção da TR Soluções, empresa de tecnologia ligada ao setor elétrico.
Nesse cenário de inflação em alta e queda na renda, o desafio é como economizar energia tendo a família mais tempo em casa.
Segundo Clauber Leite, coordenador do Programa de Energia do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), com mudanças de hábitos é possível reduzir o consumo de 15% a 30%. Ligada 24 horas por dia, sete dias por semana, a geladeira, diz, é a principal vilã da conta, respondendo por cerca de 30% do gasto.
— O abre e fecha desnecessário da geladeira, esporte mais praticado durante a pandemia, é um dos hábitos que faz essa conta aumentar. Cada vez que a porta se abre, o motor é acionado para baixar a temperatura. É preciso pensar no que se quer e, quando abrir, pegar tudo de uma vez.
Rodolfo
Gomes, diretor executivo da International Energy Initiative (IEI Brasil),
levanta outro ponto: a importância da escolha de equipamentos eficientes. A
troca de uma geladeira antiga, com mais de dez anos de uso, por exemplo, pode
representar uma redução média de consumo de 45%. Um ar-condicionado com a
tecnologia inverter pode consumir até 60% a menos do que um tradicional.
Cálculos do IEI Brasil indicam que a diferença no preço de um equipamento mais eficiente para outro se paga entre cinco e oito meses.
— O resto é lucro do consumidor — diz Gomes.
No entanto, ultimamente não basta observar apenas a classificação do aparelho pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), de A a F.
— Atualmente, quase 100% das geladeiras estão classificadas como A, mas dentro da categoria há refrigeradores que consomem 30% menos que outros. Por isso, recomendamos olhar o consumo na etiqueta, além da classificação — diz a coordenadora do PBE, Danielle Assafin.
Ela conta ainda que, em 2022, começará a ser implantada uma nova norma para as geladeiras.
O Idec desenvolveu uma calculadora que permite comparar a eficiência de diferentes equipamentos, o impacto nos gastos e no meio ambiente (bit.ly/2P3zt8d).
Idec e IEI, aliás, fazem parte da Rede Kigali, que defende a adoção, pelo Brasil, da emenda de mesmo nome. Assinada por mais de cem países, a emenda defende a fabricação de equipamentos mais eficientes, que, ao consumirem menos energia ajudam a reduzir a emissão de gases de efeito estufa no ambiente.
— No Brasil, os tempos de atualização de parâmetros de eficiência são longos demais — destaca Leite.
Veja algumas medidas para diminuir o
consumo.
Pare de abrir a geladeira.
Lembre-se de que a geladeira representa 30% do seu consumo total. Evite o abre e fecha desnecessários. Procure pensar antes de abrir o refrigerador e pegue de uma vez tudo de que precisa, para evitar acionar o motor do aparelho a toda hora.
Não coloque alimentos quentes na geladeira, pois o motor será acionado, aumentando o gasto de energia.
Regule o termostato do aparelho de acordo com estação do ano e a quantidade de alimentos armazenados, isso economiza energia.
Descongele periodicamente a geladeira, caso o aparelho não tenha essa função automática. O excesso de gelo no congelador faz com que o motor trabalhe 30% a mais do que o normal, consumindo mais energia.
Faça periodicamente o teste da borracha. Coloque uma folha de papel entre o corpo da geladeira e a porta, e puxe: se não houver resistência para retirá-la, é hora de trocar a borracha.
Procure colocar a geladeira longe de fontes de calor, como fogão e forno elétrico, e de janelas por onde entre luz solar.
Vai lavar roupa?
Procure usar a capacidade máxima da máquina. Se isso não for possível, escolha a programação que use volume de água e tempo adequados à quantidade de roupas. Use sempre água fria: a quente aumenta significativamente o consumo, assim como a função de secadora. Respeite a dose de sabão especificada no manual da máquina, para que não seja necessário repetir o enxágue.
Passe tudo de uma vez.
Para economizar, procure passar o máximo de peças de uma única vez. No caso de ferros automáticos, a orientação é passar primeiro as roupas que precisam de menos calor. Depois, as peças pesadas e, no fim, após desligar o aparelho, aproveitar o calor para passar as roupas mais leves.
Ar-condicionado certo.
A primeira medida é escolher o equipamento adequado ao tamanho do ambiente. Lembre-se de que os modelos de tecnologia inverter podem consumir até 60% menos do que os tradicionais. Ao usar, deve-se manter janelas, cortinas e portas fechadas. Mantenha os filtros limpos.
Apague a luz.
A dica básica, todo mundo já sabe, é apagar a luz ao sair do ambiente. Parece uma economia boba, mas faz diferença na conta no fim do mês.
Dê sempre preferência à iluminação natural. Paredes claras refletem mais luz e economizam energia elétrica.
Se você ainda tem lâmpadas incandescentes ou alógenas, troque por fluorescentes compactas ou de LED. As de LED chegam a ter um consumo até 90% menor do que as tradicionais. Elas são mais caras, mas, além de gastar menos, têm maior durabilidade.
Desligue o computador.
Quando não estiver usando, desligue o computador. Não deixe acessórios, como impressoras, estabilizadores e câmera ligados sem necessidade. Só ligue a impressora quando for usá-la.
Banho curto, sim.
Banhos mais curtos são a regra de ouro. Uma dica é fechar o chuveiro enquanto se ensaboa ou passa o xampu. Lembre-se de que manter o chuveiro elétrico na posição “verão” pode reduzir em 30% o consumo de energia. As mesmas recomendações valem para chuveiros com aquecimento a gás: nesse caso, a temperatura deve ser ajustada no aquecedor.
Tarifa Branca.
Já
analisou em que parte do dia se concentra a maior parte do seu consumo de
energia? Se você costuma lavar, passar roupas e tomar banho fora do horário de
pico (das 18h às 21h), pode ser um candidato à Tarifa Branca. Esta pode reduzir
a conta em até 15%, o que anularia o reajuste da tarifa. Mas se você mudar o
perfil de consumo e usar a energia no período de pico, a fatura pode subir.
Faça o teste na calculadora do Idec (bit.ly/2QhqCjL). Se achar que tem o
perfil, solicite a mudança à concessionária de energia.
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