Uma
força-tarefa ligada ao departamento de saúde dos EUA decidiu recomendar que
todas as pessoas nascidas entre 1945 e 1965 (chamados "baby boomers")
realizem o teste de hepatite C.
Tanto
lá como no Brasil, 80% dos infectados têm entre 48 e 68 anos. A maioria foi
infectada em transfusões sanguíneas, antes da existência da sorologia que
detecta o vírus no sangue doado.
Nos
EUA, a decisão da força-tarefa terá caráter de lei e deve obrigar planos de
saúde a incluírem a testagem sem custos adicionais ao usuário.
Segundo
Humberto Silva, presidente do Fundo Mundial para Hepatite da ONU (Organização
das Nações Unidas), se a mesma recomendação fosse adotada no Brasil, 60 milhões
de pessoas deveriam ser testadas.
"Essa
geração tem até cinco vezes mais chances de estar infectada", diz Silva,
que dirige a associação brasileira dos portadores de hepatite.
No
Brasil, além das transfusões, ele diz que houve muita contaminação por uso de
seringas de vidro.
"Teve
época que foi moda, principalmente entre atletas, o uso de um energético
injetável. As pessoas trocavam a a agulha, mas compartilhavam a mesma seringa.
Teve um time de futebol inteiro que se infectou."
Para
Silva, todas as pessoas que receberam transfusões de sangue antes de 1993 e que
nasceram entre 1945 e 1965 deveriam fazer o exame para confirmar se são
portadores de hepatites B ou C.
"Até
agora, não há nenhum plano objetivo para a detecção. As campanhas são muito
tímidas", afirma.
Estima-se
que 95% dos portadoras do vírus não saibam que estão com a doença. Silva, por
exemplo, viveu 38 anos com o vírus da hepatite C, sem qualquer suspeita.
"Quando descobri, já estava com cirrose hepática, quase morrendo."
Segundo
a assessoria do Ministério da Saúde, várias campanhas têm sido feitas
incentivando não só a testagem das hepatites como também a vacinação, no caso
da hepatite B. Não há informação se, com a decisão dos EUA, haverá campanha
específica aos mais velhos.
A
última campanha começou em agosto do ano passado e segue até o próximo mês.
Os
dois públicos prioritários são pessoas de até 29 anos (vacinação contra a
hepatite B), e acima de 45 anos, para o teste rápido de diagnóstico das
hepatites B e C.
O
ministério diz ainda que foram disponibilizados 2,3 milhões de unidades do
teste rápido para os Estados.
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