FONTE: Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
Pesquisa divulgada nesta semana pela
Universidade de Coimbra indica que pode haver relação entre a obesidade
infantil e o tempo em que as crianças assistem à televisão ou usam o aparelho
de TV para brincar com jogos eletrônicos. Feita na década passada, a pesquisa
ouviu 17.424 crianças de 3 a 11 anos e seus parentes em todas as regiões de
Portugal.
O estudo mostra que, apesar de Portugal ter
sistema integral de ensino, com as crianças passando a manhã e a tarde na
escola, 28% de meninos e 26% de meninas assistem a mais de duas horas de
televisão por dia. Nos fins de semana, a proporção sobe significativamente: 75%
meninos e 74% meninas. O parâmetro de duas horas é sugerido pela Academia
Americana de Pediatria.
Em Portugal, três de cada dez
crianças (6 a 10 anos) são consideradas acima do peso e 14% são classificadas como obesas. De acordo com a
coordenadora do Centro de Investigação em Antropologia da Saúde, da
Universidade de Coimbra, Cristina Padez, o problema do alto consumo da TV
está relacionado ao comportamento sedentário. “Não é só a TV, é preciso
observar a alimentação, o estilo de vida e a organização dos pais”, disse
à Agência Brasil.
Dados divulgados pela Associação Portuguesa
contra a Obesidade Infantil (Apcoi), assinalam que 57% das crianças que vivem
no país não caminham para ir à escola; 90% comem lanches tipo fast
food quatro vezes por semana e apenas 2% consomem frutas todos os dias.
Segundo Cristina Padez, os indicadores de
Portugal são semelhantes aos de outros países do Sul da Europa, como a Espanha,
a Itália e a Grécia, e guardam semelhança com o que acontece no Brasil.
"O mundo é globalizado. Há um conjunto de maneiras de viver semelhantes.
Todos esses problemas são consequência do desenvolvimento econômico e social”,
enfatizou Cristina.
A cientista social ressaltou ainda que a
vida em grandes cidades, com poucos lugares para atividades de crianças ao ar
livre, ou sob risco de violência, faz com que muitos meninos e meninas passem
horas vendo TV. As emissoras de televisão, com o avanço tecnológico e o
interesse no consumo infantil, “tornaram-se mais apelativas” para as crianças,
com programas e canais dirigidos ou acopladas ao jogo eletrônico.
“A indústria aproveita a situação. O
problema é que nosso corpo não está adaptado e precisa ser mais ativo”, destaca
Cristina Padez. Apesar das restrições, ela não recomenda que os pais proíbam os
filhos de ver televisão, nem de fazer lanches rápidos. “Os pais devem cuidar da
alimentação sem proibir; é importante haver regras.”
A obesidade infantil pode
favorecer o aparecimento futuro de doenças como diabetes e hipertensão. Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), 2,6 milhões de pessoas morrem todos os anos por causa da obesidade ou do
sobrepeso. A OMS calcula que, em todo o mundo, mais de 1 bilhão de adultos
estão acima do peso. Destes, 300 milhões (o equivalente à população dos
Estados Unidos) são obesos.
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