FONTE: Naira Sodré, TRIBUNA DA BAHIA.
Longe dos tempos em que o mercado de
trabalho era dominado pelos homens, hoje, a
maioria das mulheres trabalha fora e, algumas, com foco prioritário na construção da
carreira. Essa mudança social trouxe uma consequência em relação ao
planejamento familiar: as mulheres estão engravidando mais tarde – muitas
depois dos 40 anos. A cada seis gestantes atendidas atualmente no Hospital das
Clínicas, uma tem mais de 35 anos.
Na década de 1970,
comparativamente, essa taxa era de uma em cada 20.
Após o anúncio da apresentadora
Xuxa de que quer ser mãe
aos 50, a gravidez em mulheres mais velhas voltou à discussão. “Para a mulher,
a idade avançada está associada ao aumento na incidência de diabete
gestacional, hipertensão específica da gravidez, abortamentos, prematuridade e
distócia funcional, (quando o trabalho de parto não evolui na velocidade esperada).
Para o bebê, os riscos estão associados a alterações cromossômicas numéricas ou
estruturais, como a síndrome de Down”, explica Gilberto da Costa Freitas,
especialista em Reprodução Humana.
O obstetra Adolfo Liao, afirma que até 25%
das gestações em idade materna avançada resultam em aborto. “Quando uma mulher
com 20 anos engravida, a chance de ocorrer um aborto espontâneo é menor”,
completa. A taxa de bebês nascidos prematuramente também é mais alta e chega a
15% devido a complicações como o diabete e a hipertensão”
-.Todos são riscos reais, mas os avanços da
medicina diminuem esses impactos nas mães e nos fetos com diagnósticos
precoces”, complementa Mauricio Simões, ginecologista e obstetra.
O motivo dos que são contra a
gravidez tardia é simples: ela pode colocar em risco a vida da mulher. Segundo
o ginecologista Rodrigo Fernandes, quanto maior a idade da mulher, maior o
risco. "Nós consideramos gravidez de risco quando ela ocorre após os 40
anos. A mulher pode apresentar complicações sérias, como hipertensão e diabetes gestacional. Sem contar que, em geral, as mais velhas têm
outras doenças que podem se agravar”, comentou Fernandes.
O ginecologista explica que
durante a gestação, independente da idade, a circulação sanguínea e o trabalho
do coração acabam aumentando. Com a idade avançada, as alterações decorrentes
da gravidez sobrecarregam o músculo cardíaco. Outra questão agravante é o preparo físico.
“Normalmente, as mulheres mais velhas não têm a mesma disposição. Algumas
sofrem de osteoporose, problemas de circulação e obesidade”, ressalta o
ginecologista.
Não há nenhuma lei que limite a idade de
reprodução e, muito menos, que proíba uma gestação assistida após os 50 anos –
idade máxima recomendada pela SBRA (Sociedade Brasileira de Reprodução
Assistida) para engravidar. Mas Fernandes acredita que os médicos devem agir
com bom senso e ética. “Uma lei serviria somente para formalizar uma regra já
imposta pela ética. Eu contraindicaria a gravidez assistida nesses casos”,
reforça.
Técnicas de reprodução
assistida.
O processo de reprodução
assistida auxilia a procriação humana em casos de infertilidade. Existem duas
técnicas principais, sendo a mais antiga e simples a inseminação artificial.
Por esse método, a fecundação ocorre dentro do corpo da mulher. Como o
espermatozoide não consegue alcançar
o óvulo, o sêmen é inserido no colo do útero – parte inferior e estreita do
útero — ou diretamente no útero. Essa técnica é ideal para casais que não
apresentam problemas graves de infertilidade, mas que têm dificuldade de
ovulação ou baixa quantidade de espermatozoide.
A outra técnica é a FIV (Fertilização In
Vitro), em que o óvulo feminino é retirado do corpo da mulher e fecundado por
um espermatozoide em laboratório. O processo começa com o estímulo da ovulação,
seguido da retirada do óvulo com uma agulha introduzida no canal vaginal, da
coleta dos espermatozoides e, finalmente, da fertilização. Se esta for
bem-sucedida, o embrião é transferido para o útero. Essa técnica é indicada
para mulheres com problemas nas trompas, sequelas de infecções e endometriose.
Existe um método mais moderno chamado ICSI
(Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides), que funciona mais ou menos
como a FIV, com a diferença de que a agulha é oito vezes mais fina que um fio
de cabelo, o que causa menos desconforto à mulher na hora de retirar o
óvulo.
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