FONTE: Silvana Blesa, TRIBUNA DA BAHIA.
A aposentada Ester Santana, 73
anos, é uma entre centenas de baianos que luta para controlar a doença. “Por
conta do descuido em toda a minha vida, hoje vivo com limitações. Não posso
comer de tudo e tive que mudar a minha vida para poder viver melhor. Além
disso, eu fumava desde a adolescência e só parei há dois anos depois que sofri
um infarto. Vivo à base de medicamentos. Se pudesse voltar no tempo, teria mais
cuidado com minha saúde, mas na
época eu não tinha conhecimento”, desabafou a aposentada que tem diabetes há mais de dez anos.
Cuidar da alimentação, praticar
atividade física ou parar de fumar ainda não são fatores reconhecidos pela
população como medidas para prevenir o diabetes tipo 2, segundo pesquisa
divulgada pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). A maioria dos
entrevistados na pesquisa disse acreditar que apenas evitar o consumo de açúcar
é suficiente para evitar a doença. Essa percepção, conforme a entidade é um
antigo mito que dificulta o tratamento.
Ester Santana faz parte dos quase 25 milhões
de pessoas na América Latina portadora da doença, sendo que praticamente, a
metade delas se encontra no Brasil. No levantamento feito pela (SBD), nos
últimos 10 anos, o diabetes matou mais de 479 mil pessoas no país. Embora
estimativas do Ministério da Saúde mostrem que quase 10% da população com mais
de 35 anos tenha diabetes, cerca de 73% dos pacientes tipo 2 e 79% do tipo 1,
estão com os níveis glicêmicos fora dos índices recomendados.
Para chamar atenção da importância
de se prevenir e tratar a doença,
será marcado o dia 14 desse mês o Dia Mundial do Diabetes, que serve de alerta
para os 13 milhões de brasileiros que sofrem com a doença.
Este ano, a programação do Centro de
Diabetes e Endocrinologia do Estado da Bahia (Cedeba), será realizada no bairro
do Campo Grande, na próxima quinta-feira, com o evento “Diabetes: Universidade
Aberta para o Povo”, que irá acontecer das 8h30 às 16h30.
O órgão levará informações sobre
diabetes, nas faculdades da alimentação saudável, cuidados
dos pés e da boca, faculdade do comprimido e insulina, saúde e cidadania e
faculdade da atividade física. Cada faculdade levará as informações à população
em apresentações com duração de 40 minutos, nos intervalos haverá atividades de
alongamento, começando às 9h30, seguindo às 10h30 e 11h30. À tarde, a programação
recomeça às 13h30.
Terá apresentações também às 14h30 e às
15h30. Sem o controle adequado das taxas de glicose, aumentam as chances de
complicações cardiovasculares, renais e oculares, dentre outras. Segundo a
diretora do Cedeba, Reine Chaves, A doença já é considerada pandemia e reduz a
qualidade de vida, incapacita e diminui a expectativa, se não for mantida sob
controle.
O objetivo do Cedeba é estimular o
conhecimento sobre o diabetes na população em geral, pois quanto mais atenção
existir para o controle dos fatores de risco, maiores são as chances de
prevenção do diabetes tipo 2. Além disso, quanto mais cedo for diagnosticado e
estabelecido um tratamento eficaz para aqueles que já são portadores do
diabetes, maiores são as chances de se evitar futuras complicações da doença.
Conforme os especialistas, pacientes
diabéticos têm de duas a quatro vezes mais chances de sofrer um infarto ou
acidente vascular cerebral do que uma pessoa que não tenha a doença. Da mesma
forma, 65% dos pacientes estão em risco de ter ou já têm algum grau de
disfunção renal, condição que triplica o risco de eventos cardiovasculares. As
consequências do diabetes incluem ainda disfunção sexual, alterações oculares
como retinopatia e risco de cegueira e, ainda, problemas de circulação nos
membros inferiores.
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