FONTE: Alexandro Mota ( ), CORREIO DA BAHIA.
Produtores de milho
e algodão têm casos frequentes de exploração. Região de Barreiras recebe
migração de pessoas do Piauí e do Maranhão.
Entre 2003 a 2013, segundo dados da Comissão
Pastoral da Terra (CPT), 90,9% dos casos de trabalho escravo na Bahia foram
registrados no Extremo-Oeste. “A situação do trabalho no Oeste é mais
endêmica”, diz Rafael Garcia, procurador do Ministério Público do Trabalho na
Bahia. Ele aponta que a região de Barreiras recebe migração de pessoas do Piauí
e do Maranhão.
“É próprio do fluxo migratório e da atividade econômica
da soja”, explica. Além de Barreiras, as cidades de São Desidério,
Formosa do Rio Preto e Correntina têm maior número de casos. Produtores de
milho e algodão também têm casos frequentes de exploração.
Para a pesquisadora Gilca Oliveira, da Ufba, a extensão
das fazendas e a dificuldade de acesso e conhecimento do terreno dificultam o
combate. Há um ano, o MPT ingressou com uma ação civil pública contra a
Mauricéa Alimentos: 29 pessoas trabalhavam, em Barreiras, no apanhamento de
frangos sem equipamentos de proteção, eram submetidos a jornadas de mais de 14
horas e, recrutados em Brasília, foram enganados quanto à disponibilidade de
alojamento.
Em juízo, a empresa não reconheceu o vínculo de trabalho
com os resgatados. Além de a Bahia ocupar o terceiro lugar nacional em
registros de trabalho escravo, 8,2% de todos os trabalhadores resgatados no
país são baianos — o que deixa o estado em segundo lugar no ranking, empatado
com Minas Gerais (8,2%) e Pará, que têm o mesmo índice.
Em primeiro lugar estão os maranhenses, que representam
25,5% dos trabalhadores resgatados, segundo dados do Seguro Desemprego. Em
2012, 24 trabalhadores baianos, naturais de Formosa do Rio Preto, no
Centro-Oeste, foram resgatados no sul do Piauí.
O empregador era um fazendeiro baiano, que mantinha os
trabalhadores em alojamento sem higiene e os obrigavam a pagar pela estadia,
transporte e ferramentas usadas no trabalho.
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