FONTE: Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
Cinquenta mil crianças menores de 5 anos
podem morrer, até o fim do ano, no Sudão do Sul caso não sejam obtidos fundos
adicionais para alimentá-los, alertou ontem (22) o Fundo das Nações Unidas para
a Infância (Unicef).
Setecentos e quarenta mil menores de 5 anos
estão hoje em "alto risco de insegurança alimentar", explicou,
entrevista, o porta-voz do Unicef, Christophe Boulierac. Segundo ele, desse
total, 50 mil poderão morrer se não forem alimentados imediatamente.
Esses 50 mil menores fazem parte de um grupo
de 250 mil que, de acordo com o Unicef, sofrerão de má nutrição aguda e severa
nos próximos meses. Por enquanto, o objetivo do Unicef é conseguir alimentar
150 mil deles, mas a organização não tem os fundos necessários porque os
doadores não ofereceram dinheiro suficiente.
O Unicef pediu US$ 38 milhões para a
campanha no Sudão do Sul, mas até hoje só obteve US$ 4,6 milhões.
As Nações Unidas avaliam as necessidades
humanitárias da população do Sudão do Sul, mas calcula-se que pelo menos 3,7
milhões de pessoas sofram atualmente de insegurança alimentar.
A porta-voz do Programa Alimentar Mundial,
Elisabeth Byrs, informou que até o fim deste mês será possível ter "uma
visão mais clara" das necessidades alimentares no país e adiantou que, por
enquanto, a agência alimenta 600 mil sul-sudaneses.
Em entrevista, Boulierac referiu-se ainda ao
recrutamento de crianças pelas duas partes em conflito. "Acreditamos que
ambas usam crianças. Temos relatos não confirmados de que os grupos armados da
oposição recrutam crianças, mas não podemos falar de números. Sobre o Exército
Regular, temos confirmação de que têm pelo menos 149 menores recrutados".
Sobre a situação das crianças em geral no
Sudão do Sul, o porta-voz disse que, além da falta de alimentos, preocupa
especialmente o acesso à água potável e a falta de saneamento, principais
vetores de doenças contagiosas.
O conflito no Sudão do Sul começou em
dezembro, quando o presidente Salva Kir acusou o ex-vice-presidente Riak Machar
de promover um golpe de Estado. Machar pegou em armas, o Exército dividiu-se em
dois e o conflito ganhou contornos étnicos, já que Kir e Machar pertencem a
tribos distintas.
A violência já deixou milhares de mortos e
obrigou mais de 1 milhão de pessoas a abandonar suas casas, andar pelo país ou
a refugiar-se nos países vizinhos.
O conflito deixou o jovem país, independente
do Sudão desde 2011, à beira da guerra civil.
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