A coordenadora nacional da PrEP Brasil , Beatriz
Grinsztejn, diz que , em comparação com outros países , falta informação sobre
a ids no Brasil. Em algumas cidades norte- americanas, por exemplo, onde também
são desenvolvidas PrEPs, o engajamento dos voluntários é maior do que em São
Paulo e no Rio de Janeiro. Estudos realizados em São Francisco, Miami e
Washington mostraram que a decisão de tomar o medicamento foi de 60% - nas
cidades brasileiras o envolvimento de participantes é 51,2%.
“Lógico que temos diferenças culturais. A nossa população
tem menos informação em relação à PrEP do que outras comunidades”, afirma a
infectologista. Segundo ela, a decisão de tomar PrEP em outros locais do mundo
é maior entre pessoas que são mais conscientes e têm mais percepção do seu
próprio risco. “O que nos traduz que precisamos ter trabalho continuado de
educação comunitária para que as pessoas tenham mais conhecimento e possam
tomar decisões informadas”, disse Beatriz.
Apesar da aceitação maior em outros p aíses,
infectologista e coordenador médico do projeto PrEP Brasil, Ricardo
Vasconcelos, lembra que o uso do medicamento como forma de prevenção sofreu
preconceito quando foi aprovado para esse uso nos Estados Unidos, em 2012.
Alguns grupos previam que o Truvada estimular ia o não uso da camisinha, o que
poderia levar ao aumento de ocorrências de outras DSTs, como sífilis e
gonorreia.
“A ideia não é que se deixe de usar a camisinha, mas nós
sabemos que existe um grupo que já não usa o preservativo, apesar das campanhas
e da indicação. Se a pessoa não vai usar de maneira alguma, é melhor ter outra
opção de prevenção, que é o Truvada, que previne uma doença sem cura, que tem
estigma e preconceito”, disse Vasconcelos.
Jean Gorinchteyn, infectologista do Instituto Emílio
Ribas, também disse acreditar que na batalha contra a a ids todas as armas são
válidas. “Se nós queremos trilhar na prevenção contra a doença temos que usar
todos os meios. É muito mais caro você tratar uma pessoa com a ids, fora as
complicações que traz pra vida do indivíduo, do que investir em qualquer
medicação . ”
No Brasil, o medicamento, que é fabricado nos Estados
Unidos, chegou a custar R$ 2 mil por 30 comprimidos. Segundo Vasconcelos, no
entanto, na última semana uma parceria entre o fabricante e o importador
fez com que o preço caísse para R$ 420,15.
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