O Rio Grande do Sul
é o Estado com o maior número de municípios nesta condição.
Fabiana Cambricoli Rodrigo Burgarelli O câncer já superou
as doenças cardiovasculares como maior causa de morte em 476 das 5.570 cidades
brasileiras, mostra levantamento feito pelo Estadão Dados nas estatísticas de
mortalidade de 2014, as mais recentes publicadas pelo Datasus. Em todo o País,
os problemas do aparelho circulatório, como enfarte e AVC, ainda são os
responsáveis pela maioria dos óbitos, mas o número de vítimas dos tumores
cresce em maior velocidade.
Em 2014, as doenças cardiovasculares mataram 340.284
pessoas no País, 36% a mais do que há 20 anos, quando 249.613 foram vítimas do
problema. Já os óbitos por câncer passaram de 103.408 para 201.968 no mesmo
período, alta de 95%. Para Maria Paula Curado, coordenadora de epidemiologia do
A. C. Camargo Cancer Center, o aumento da expectativa de vida da população nos
últimos anos, somado ao surgimento de medicamentos e terapias de controle para
doenças que antes matavam mais brasileiros, explica o crescimento da doença.
“Do começo do século 20 até os anos 50, 60, as doenças
infecciosas, como a tuberculose, eram as principais causas de morte. Vieram,
então, as vacinas e os antibióticos e essas mortes despencaram. Aumentaram as
doenças crônicas, que podem provocar enfarte e AVC, e essa passou a ser a maior
causa de morte no País.” Segundo ela, nos últimos anos, “os tratamentos para
esses casos também vêm evoluindo”. “Antes, portanto, as pessoas morriam muito
jovens, não tinham tempo de ter câncer porque essa é uma doença muito ligada ao
envelhecimento”, ressalta Maria Paula.
A médica diz que, embora alguns tipos de tumor possam
aparecer em jovens, o envelhecimento é um grande fator de risco de mutações que
levam ao câncer. “Nosso corpo tem um mecanismo de defesa, um gene reparador que
pode bloquear o tumor. Quando as células envelhecem, elas não conseguem reparar
essa agressão tão rapidamente, o gene torna-se menos eficiente e o tumor
cresce”, diz.
Regiões .
Os dados do Datasus mostram que a maior parte das cidades onde o câncer já é a principal causa de morte está localizada em regiões mais desenvolvidas do País, justamente onde a expectativa de vida é maior. Dos 476 municípios onde os tumores matam mais, 76% ficam no Sul e Sudeste. O Rio Grande do Sul é o Estado com o maior número de municípios nesta condição: 124, entre eles Caxias do Sul e Gramado.
Os dados do Datasus mostram que a maior parte das cidades onde o câncer já é a principal causa de morte está localizada em regiões mais desenvolvidas do País, justamente onde a expectativa de vida é maior. Dos 476 municípios onde os tumores matam mais, 76% ficam no Sul e Sudeste. O Rio Grande do Sul é o Estado com o maior número de municípios nesta condição: 124, entre eles Caxias do Sul e Gramado.
Enquanto em todo o País as mortes por câncer representam
16,46% do total, no território gaúcho esse índice chega a 21,64%. Em São Paulo,
há 56 municípios na lista. Oncologista do Hospital do Câncer Mãe de Deus, de
Porto Alegre, o médico André Fay afirma que, além da maior expectativa de vida
registrada entre os moradores do Estado, algumas características e hábitos da
população gaúcha explicam a maior incidência de câncer.
“A ancestralidade da população do Sul, região colonizada
basicamente por imigrantes europeus, é diferente da do restante do País, e
algumas mutações são mais presentes. Além disso, tem o tabagismo, que é mais
comum no Sul e aumenta os casos de vários tipos de tumor, como pulmão, esôfago
e cabeça e pescoço”, explica. Por ser uma população predominantemente branca,
os moradores do Estado também estão mais suscetíveis aos cânceres de pele,
segundo ele.
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