FONTE: *** Heloísa Noronha, Colaboração para o UOL, (http://estilo.uol.com.br).
Na hora, vale tudo, mas no dia
seguinte é preciso encarar a culpa e o arrependimento. Quando o assunto é transar sem compromisso, muita
gente ainda tem na cabeça alguns conceitos que há muito tempo deixaram de ser
regra geral e de corresponder à realidade. Saiba quais são os principais:
1. Só as mulheres ficam mexidas.
É comum achar que as mulheres - não
todas, vale frisar! - saem da experiência envolvidas e com expectativas de
transformar o encontro em romance. Ou, pelo menos, repetir a dose. Porém,
muitos homens também sentem um "algo a mais" quando transam com
alguém de forma casual. "É besteira achar que um cara não fica
apaixonadinho só porque acabou de conhecer a mulher. Eu fiquei bem mexido
quando fui para a cama com uma garota que conheci numa viagem, pena que ela não
quis nada sério", diz o publicitário Raphael*,
de 27 anos. É preciso ter em mente que o sexo em si é uma emoção: por mais
casual ou ocasional que seja, sempre haverá um componente íntimo e afetivo. E
por causa disso pode abalar as pessoas envolvidas, e isso vale para homem e
mulher.
2. No fundo, o objetivo é o compromisso.
É bem ultrapassada a crença de que a
mulher topa transar para conseguir romance, enquanto o homem engata um romance
para conseguir transar. Sexo casual, o próprio nome já diz é casual. O objetivo
principal é aproveitar plenamente o momento, sem especulações ou exigências
sobre o futuro. Quem ainda pensa assim quer, na verdade, "encaretar"
o sexo, vinculando-o ao amor e ao romance. É claro que, às vezes, as coisas
saem do controle e um ou outro acaba se envolvendo e querendo mais. No entanto,
cabe a cada um cuidar de si e dos próprios sentimentos. Quem topa o sexo casual
tem que se despir de expectativas em relação ao outro para não se machucar.
3. Acontece de tudo na cama.
Há uma falsa ideia de que a
informalidade da situação torna as pessoas selvagens e dispostas a tudo na
cama. Ledo engano. O corpo continua a ser uma propriedade particular e um deve
respeitar os princípios, limites e vontades do outro. Sexo casual é uma
escolha, o que significa que cada um escolhe o que fazer com o desejo.
"Topar transar de cara não significa estar aberta para qualquer coisa. Uma
vez, parei no meio porque o parceiro ficou insistindo que eu devia aceitar
fazer sexo anal. Me vesti e fui embora. Ainda bem que foi o único machista
desrespeitoso com quem me relacionei até agora", conta a universitária
Camila*, 23 anos.
4. Sexo casual é incrível e libertador.
Outra impressão errada: a de que, ao
toparem transar sem compromisso, as pessoas vão imediatamente se livrar de
tabus, mitos e repressões e atingir um nível elevado e, até então desconhecido,
de liberdade. Não é bem assim. O sexo casual só é bom e gostoso se feito por
pessoas muito bem resolvidas com elas mesmas, conscientes da situação, sem
expectativas e em busca de prazer por simples diversão. Ou seja, a autonomia e
independência precisa fazer parte da vida ANTES de partir para a experiência.
Um estudo publicado pelo "Journal of Sex Research", dos EUA, apontou
que há um aumento nos níveis de depressão e estresse logo após uma transa casual,
tanto em homens quanto em mulheres, justamente por ter o componente afetivo e
por, inconscientemente, as pessoas tenderem a usar o sexo como uma forma de
compensar vazios ou questões emocionais. O incrível e libertador é fazer a
escolha e aceitar lidar com as implicações que ela traz.
5. Todo mundo tem ressaca moral no dia
seguinte.
Oi? Óbvio que não. Quando os limites
são claros e as expectativas alinhadas, transar sem compromisso é uma excelente
forma de ter prazer e aprimorar a sexualidade. É um acordo bem definido e, por
isso, não há espaço para criar neuras ou culpas. O problema é que inúmeras
vezes o que se acredita ser um desejo autêntico, não é! Faz-se uma coisa e se
espera outra. Por isso a pessoa precisa se conhecer bem, e entender a fundo o
que quer, para não responsabilizar o outro por uma escolha que ela mesma fez.
Somos responsáveis não só por nossas decisões, mas também pelo que sentimos.
*Os
nomes dos entrevistados foram trocados para preservar a identidade.
*** FONTES: Blenda de Oliveira,
psicoterapeuta de adultos, adolescentes, crianças, famílias e casais, de São
Paulo (SP); Miriam Barros, psicóloga e psicodramatista, de São Paulo (SP); Raquel Fernandes Marques,
psicóloga da Clínica Anime, de São Paulo (SP), e Sabrina Gonzalez, especialista em Psicologia
Hospitalar pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
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