Vinte e cinco milhões de
brasileiros sofrem com esse sintoma e nem imaginam que o intestino solto pode
esconder até um câncer na região.
Recentemente, uma pesquisa realizada
pelo Datafolha em parceria com a biofarmacêutica AbbVie revelou: diarreia é um
problema mais comum do que se imagina. De
acordo com os dados, 25 milhões de brasileiros acima de 16 anos são afetados
por esse sintoma. Mas nem todos tratam do assunto com seriedade. Tanto é que 4
em cada 10 pessoas recorrem aos medicamentos caseiros para aliviar o incômodo e
2 em cada 10 ingerem remédios sem prescrição médica. “A automedicação não trata
a raiz do sintoma, que pode voltar a se manifestar”, alerta Flávio Steinwurz,
gastroenterologista da Associação Brasileira de Prevenção de Câncer Intestinal.
Para o especialista, a diarreia pode ser considerada frequente em duas
situações: caso se estenda por mais de 20 dias ou se tiver curta duração, mas
retornar várias vezes (por exemplo, a cada 15 dias). Nesses casos, algo pode
estar errado no organismo. Nesta matéria, apresentamos os males que despertam
esse incômodo.
Doença de Crohn e retocolite.
Ambas são doenças inflamatórias que
acometem o intestino. Seus sinais podem sumir por algum tempo, dificultando o
diagnóstico. “Ainda não se sabe o que leva ao aparecimento desses males e, por
isso, não há cura”, explica Steinwurz. Mas existe tratamento e, quanto mais cedo ele começar,
menores os danos para o corpo. Atenção aos sintomas: a doença de Crohn pode
resultar em dores abdominais, emagrecimento, diarreia, febre e sangue nas
fezes. No caso da retocolite ulcerativa, a pessoa passa a evacuar com sangue e
sofre de diarreia com muco (secreção gelatinosa).
Parasitose.
Há diversos tipos, cada um deles
causado por um verme específico. “A doença é mais comum em condições
insatisfatórias de saneamento básico”, esclarece o gastroenterologista. Também
não são todos os tipos de parasitas que podem soltar o intestino e provocam
diarreia. Os que geram esse sintoma são a amebíase, a estrongiloidíase, a
teníase (lombriga) e a ascaridíase. Geralmente, esse sinal também vem acompanhado de
falta de apetite. Em alguns casos também é possível notar a presença dos vermes
nas próprias fezes. Na dúvida, procure um
médico.
Síndrome do intestino irritável.
Não é considerada uma doença, mas sim
uma disfunção – e ocorre porque a coordenação motora do intestino fica
desregulada.
Provoca dor abdominal e intestino
solto. Pode estar associada a problemas emocionais ou alimentares – sabe-se que
alimentos com alta concentração de sal, açúcar
ou cafeína estimulam os movimentos peristálticos (responsáveis pela eliminação
das fezes).
Também pode estar relacionada a
intolerâncias alimentares. A mais comum é a lactose, quando o indivíduo não
dispõe de enzimas suficientes para digerir o açúcar do leite (lactase) e por
isso passa a sentir os desconfortos.
Doença celíaca.
Diferentemente da intolerância, que
gera um mal-estar passageiro, trata-se de uma complicação que pode causar danos
graves à saúde. Ela acontece quando o organismo entra em contato com o glúten
(componente usado em produtos alimentícios) e desenvolve um problema imunológico.
Devido à falha, atrofia as paredes do intestino, que perde sua capacidade de
absorver os nutrientes. A maior parte dos casos é descoberta durante os
primeiros anos de vida, graças à diarreia e dor abdominal.
Diverticulite.
Trata-se de uma inflamação do divertículo
– espécie de “hérnia” localizada na parte baixa esquerda do abdômen. É mais
comum em pessoas acima dos 45 anos de idade. Nem sempre dá diarreia, mas
costuma provocar dor na região afetada. O tratamento é feito através de antibióticos.
Câncer de intestino.
Apesar da seriedade da doença, pode
ser silencioso – ou seja, não apresentar sintomas. O ideal é fazer a prevenção
por meio da colonoscopia – indicada para quem tem
mais de 50 anos (ou acima de 40, em caso de histórico familiar de câncer de
intestino ou de mama). Assim, se os profissionais
detectarem a presença de pólipos (lesões) que podem se transformar em tumores
no futuro, é feita a retirada do tecido durante o próprio exame. Somente nos
casos mais avançados, quando o câncer já se desenvolveu, pode ocorrer
emagrecimento, dor abdominal e possivelmente diarreia também.
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