O
objetivo da campanha é convencer a população a adotar medidas preventivas.
Em todo o mundo,
cerca de 17,5 milhões de pessoas morrem vítimas de doenças cardiovasculares, a
cada ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a situação
não é diferente. A média anual chega a 350 mil, o que corresponde a uma vida perdida
a cada 40 segundos; a duas vezes mais que todas as mortes decorrentes de câncer
e seis vezes mais que as provocadas por todas as infecções no país.
Apenas entre
janeiro e setembro deste ano, foram 240 mil mortes por problemas cardíacos.Para
alertar a sociedade, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) promove nesta
sexta-feira, 29, Dia Mundial do Coração, a campanha Movidos pelo coração.
O objetivo da
campanha é convencer a população a adotar medidas preventivas. Atividades em
algumas cidades e ações na Internet promoverão essa sensibilização, que pode
ser definitiva na vida de muitas pessoas. Isso porque, segundo o presidente da
SBC, Marcus Bolivar Malachias, “a metade dessas mortes poderia ser evitada ou
postergada por muitos anos com prevenção e cuidado”.
Praticar
atividades físicas; ter uma alimentação balanceada; controlar o colesterol, a
pressão arterial e o diabetes; evitar fumar; consumir moderadamente álcool e
sal e usar corretamente a medicação indicada pelo médico, quando for o caso,
são exemplos do que deve ser feito para evitar doenças arteriais coronárias,
acidentes vasculares cerebrais (AVC) e outros problemas.
Embora as
doenças e também as formas de combatê-las sejam conhecidas da comunidade médica
e mesmo da população em geral, o Brasil tem vivenciado a ocorrência precoce
desses problemas. Metade dos infartos fatais, que deveriam atingir sobretudo
idosos, ocorre, atualmente, em pessoas com menos de 60 anos.
O número de
atingidos com menos de 40 também tem crescido, segundo a SBC. Uma das
explicações para esses fatores é que “o brasileiro não se trata”, sentencia
Marcus Bolivar Malachias. Ele aponta que 80% dos hipertensos sabem que devem se
cuidar, mas não adotam reeducação alimentar ou atividades físicas. Muitos
também não tomam os remédios indicados para o tratamento, inclusive porque esse
tipo de doença não costuma ser sintomática. Caso tudo isso fosse feito, a
pessoa hipertensa poderia ter mais 16,5 anos de expectativa de vida.
“Nosso maior
desafio é diminuir o hiato entre a ciência, os conhecimentos e as tecnologias e
a sua aplicatividade, por isso é importante fazer com que as pessoas se
conscientizem, porque a saúde começa com o autocuidado”, afirma.
De acordo com
Malachias, o Brasil possui um número alto de cardiologistas, 14 mil, ficando
atrás apenas dos Estados Unidos. O sistema de saúde do país também possibilita
o cuidado, apesar das dificuldades que podem ser encontradas para se obter
assistência médica especializada. “Hoje, nós demandamos muita consulta com
pouca resolutividade, porque após a consulta o tratamento deve continuar”,
explica.
Além disso, o
estresse tem se tornado um fator de risco recorrente, inclusive entre os
jovens. A alta liberação de hormônios como a adrenalina e cortisol provocam
instabilidade e elevam a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos, podendo
provocar infarto ou AVC. Para combatê-lo, a SBC indica algumas pequenas
práticas, como se alimentar melhor, praticar atividades físicas, dormir melhor
e até rir mais. Em caso desse estado de tensão ocorrer com frequência, é
importante buscar ajuda para saber se pessoa está sofrendo de algum distúrbio
de ansiedade.
Alimentação
equilibrada.
A obesidade é
outro fator de risco que pode ser enfrentado. Hoje, cerca de 50% da população
brasileira tem sobrepeso. O crescimento do problema tem acompanhado as mudanças
nos hábitos alimentares, como a proliferação de fast foods. De acordo com o
Guia Alimentar para a População Brasileira, os pratos tradicionais das
diferentes regiões do país são aliados no combate à obesidade e outras doenças,
pois são baseados em alimentos frescos produzidos nas proximidades dos locais
de consumo, e diversificados, o que garante o necessário balanceamento
alimentar.
Por isso, o
presidente da SBC defende que é preciso estimular e garantir condições para que
as pessoas possam comer alimentos in natura de forma mais barata e que elas
tenham informações, como a procedência dos produtos. Ele também alerta a
população para que não mude seus hábitos para seguir qualquer informação
disponibilizada, por exemplo, em redes sociais. Nelas é possível encontrar
notícias diversas que propõem, por exemplo, consumo excessivo de ovo ou gordura
como supostas descobertas do mundo científico. “O melhor a fazer é seguir a
natureza, que é equilibrada. Não existe alimento bom ou ruim A moderação é o
que faz bem”, conclui.
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