FONTE: *** Alexandre Faisal (http://dralexandrefaisal.blogosfera.uol.com.br).
A endometriose é uma
condição ginecológica comum que afeta cerca de 10% das mulheres em idade
reprodutiva. Os sintomas comuns incluem dispareunia, dismenorréia (dor nas
menstruações) e infertilidade. A intensidade dos sintomas varia muito entre as
mulheres, mas é certo que a doença tem enorme custo físico, emocional e
econômico. Pesquisas mostram que o custo médio da endometriose por mulher por
ano devido a custos diretos e indiretos de cuidados de saúde é de US 12.000.
Mas será que ela também interfere com a vida dos parceiros e maridos destas
mulheres?. Um estudo realizado na Austrália avaliou o impacto da endometriose
na qualidade de vida de parceiros de mulheres que tinham recebido um
diagnóstico cirúrgico de endometriose. 151 homens, parceiros de mulheres com
endometriose, recrutados em hospital terciário, responderam a questionário on
line. Foram formuladas questões sobre os aspectos da vida diária, sexualidade,
finanças, entre outros.
Os resultados deixam
claro que a endometriose não afeta apenas a mulher, mas também o homem. Noventa
e dois por cento dos parceiros relataram sentimentos negativos sobre o
diagnóstico de endometriose que incluíram piora da vida sexual, das finanças e
relação conjugal como um todo. E o impacto foi grande: setenta por cento deles
relataram que a endometriose afetou sua vida cotidiana de forma moderada ou
severa e mais de metade (52%) também sentiu que suas finanças foram afetadas.
Pior ainda, eles reclamaram que apenas 1 de cada 3 profissionais de saúde foi
útil e sensível com o casal no enfrentamento do. (N = 40) dos parceiros
relataram que não receberam informações sobre o impacto da endometriose em
casais. Falta de informação sobre como a endometriose poderia afetar a vida do
casal foi mais comum do que esperado. Os autores chegam a comparar os
sentimentos vividos pelo homem como semelhantes ao do luto, onde também se
mesclam emoções negativas como medo e frustração. Tudo isso agravado pela
cronicidade da doença que requer ora tratamentos hormonais ora intervenções
cirúrgicas.
A publicação implica
em algumas recomendações. Uma delas é a possibilidade de serem feitas melhorias
para envolver os parceiros no processo de tratamento. A ideia é incluí-los,
integralmente, no atendimento das suas parceiras e esposas. Outro ponto é
proporcionar ao casal, homem e melhor, melhor educação, suporte e cuidados
holísticos. A melhor comunicação com os profissionais de saúde não está na mensagem
final, mas nem precisaria já que ela está na essência da relação
médico-paciente. Qualquer que seja o paciente ou acompanhante.
(Ameratunga et al.
Exploring the impact of endometriosis on partners. J. Obstet. Gynaecol. Res.
43(6):1048–1053, 2017).
Sobre o autor.
Alexandre Faisal é
ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do
Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo
Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia
Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos
entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP
(FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras
médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em
empresas e eventos
Sobre o blog.
Acompanhe os boletins
do "Saúde feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que
discutem os assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem
didática e descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais
sobre temas como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde
mental, menopausa, adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento
conjugal, etc. Aproveite.
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