segunda-feira, 14 de outubro de 2019

26% DAS ADOLESCENTES CASAM-SE ANTES DE CHEGAR A 18 ANOS DE IDADE...



O relatório alerta que a prática compromete o desenvolvimento dessas jovens.

         

Um relatório produzido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou que 26% das adolescentes brasileiras se casaram ou foram morar com seus parceiros antes de completar 18 anos de idade. O número é próximo da média na América Latina, de 25% de casamentos infantis e uniões precoces. 

A média da região é a mesma nos últimos 25 anos. E caso ela se mantenha, a América Latina terá, em 2030, a segunda maior taxa de casamentos infantis do mundo, atrás apenas da África Subsaariana, região composta por países como Ruanda, Burundi, República Centro-Africana e República Democrática do Congo.

O relatório alerta que a prática compromete o desenvolvimento dessas jovens nos anos seguintes. “As uniões precoces ou o casamento infantil tornam mais difícil para as meninas terem um projeto de vida”, disse o diretor regional do Unicef para a América Latina e o Caribe, Bernt Aasen. Segundo o estudo, essas jovens têm maior probabilidade de viver em áreas pobres, rurais e com menos acesso à educação.

O documento mostra a relação entre a união precoce e a gravidez na adolescência. Mais de 80% delas deram à luz antes do aniversário de 20 anos. Para Shelly Abdool, assessora regional de gênero do escritório do Unicef para América Latina e Caribe, o futuro dessas meninas é colocado em risco, alavancado pelo “forte impacto sobre a maternidade precoce, os altos riscos de violência por parte dos parceiros e as consequências de abandonar a escola”.

Para a Organização das Nações Unidas (ONU), é necessária criação de programas para apoiar a autonomia dessas adolescentes, além da formulação de políticas que impeçam o casamento infantil e as uniões precoces.

Casamentos de crianças e uniões precoces representam uma violação dos direitos humanos. Mesmo assim, 25% das latino-americanas casaram-se ou foram viver com seus parceiros antes de completar 18 anos de idade.

Na República Dominicana, na Nicarágua, em Honduras e em Belize, mais de 30% das mulheres de 20 a 24 anos se casaram ou vivam com seus parceiros antes da maioridade. Já no Brasil, a taxa de meninas nesta situação é de 26%.

O Unicef destaca que as consequências dessa prática são arrasadoras para a vida e o desenvolvimento das noivas-mirins. A maioria das mulheres que se casaram durante a infância também teve filhos antes dos 18 anos. Mais de 80% delas deram à luz antes do aniversário de 20 anos.

Além disso, as adolescentes que se casam antes da maioridade enfrentam maiores obstáculos para encontrar um emprego remunerado, expondo-as a um ciclo vicioso de pobreza e exclusão.

A assessora regional de gênero do escritório do Unicef para América Latina e Caribe, Shelly Abdool, alertou que sem ação imediata  “contra o casamento infantil e as uniões precoces, o presente e o futuro das meninas adolescentes estão em risco por causa do forte impacto sobre a maternidade precoce, os altos riscos de violência por parte dos parceiros e as consequências de abandonar a escola.”

Ela disse que sem interromper essa cadeia de consequências, haverá um círculo vicioso, como aconteceu nos últimos 25 anos.”

O Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, e a ONU Mulheres, estão cooperando com vários atores da região para reverter essas tendências.

Colocando meninas e adolescentes no centro das soluções, as três agências da ONU pedem um maior alinhamento das estruturas nacionais aos padrões internacionais, programas robustos para apoiar a autonomia de meninas e adolescentes e políticas e serviços que impedem o casamento infantil e as uniões precoces.

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