Mães costumam ser muito
exigentes consigo mesmas, e as redes sociais parecem ter feito isso se agravar
nos últimos anos. Esgotadas, muitas delas se sentem diminuídas ao ver uma amiga
do grupo que consegue conciliar bem filhos, trabalho e aparência. Mas esses
julgamentos quase sempre são injustificados – todo mundo só publica o melhor de
si.
Uma pesquisa publicada
esta semana mostra que muitas mães julgam as outras com a mesma severidade com
que analisam seus próprios defeitos. Se autocrítica em excesso faz mal, cobrar
perfeição de outras mães só piora tudo, já que experiências negativas com
mulheres em situação parecida só prejudicam o bem-estar.
Os resultados,
publicados no Journal of Family Communication, são oportunos numa
época em que é possível se comparar com dezenas de pessoas com o deslizar de um
dedo. Você pode nem se dar conta, porque nossas reações são automáticas, mas há
sempre um julgamento a ser feito a partir de uma publicação. Críticas à mãe que
“larga” os filhos com a babá para se divertir, ou que deixa as crianças comerem
qualquer coisa são alguns exemplos comuns hoje em dia.
Se uma mãe que já não
se sente muito segura das suas habilidades é criticada por outra mãe, ela pode
deixar de buscar apoio. A consequência é isolamento e dúvidas que podem gerar
angústia, ansiedade e até sintomas depressivos. Como bem observa os autores do
estudo, da Universidade de Iowa, nos EUA, o sofrimento de uma mãe afeta a
família inteira, principalmente os filhos, que dependem dos pais
emocionalmente.
Com base em estudos
prévios sobre o tema, os pesquisadores identificaram sete estereótipos comuns
atribuídos a mães que trabalham ou são donas-de-casa: sobrecarregada (tenta
fazer tudo, mas não dá conta); focada na casa e na família (prioriza as
necessidades das crianças e da família acima de tudo); focada no trabalho
(profissional dedicada, mas não uma mãe ideal); tradicional (acredita que a
principal função da mulher é criar os filhos); não tradicional (moderna e
liberada, toma decisões em benefício próprio também); preguiçosa (não trabalha,
mas também não dá muita atenção aos filhos); e, por último, a mãe ideal (aquela
que consegue equilibrar todas as responsabilidades sem um pingo de estresse).
Depois, os
pesquisadores ouviram opiniões de 500 mães para descobrir quais estereótipos
mais geram emoções negativas, e os resultados são curiosos. As preguiçosas, as
ideais e as sobrecarregadas que não trabalham fora foram os perfis que mais
atraíram o desprezo de outras mães. As entrevistadas até admitiram que
tratariam mal uma mãe preguiçosa ou ideal, com afastamento ou críticas verbais.
Nem todas as reações,
porém, foram negativas. Todas as mães sentem pena das que trabalham em excesso
e demonstraram disposição para oferecer ajuda a elas. As mães focadas na
carreira, especificamente, expressaram admiração pelas mães ideais, que
conseguem dar conta de tudo sem se alterar, e as viram como aliadas. Um detalhe
interessante é que a maneira como cada mãe opinou sobre outras dependia muito
dos estereótipos com os quais cada uma se identificava mais.
A verdade é que os
estereótipos nem sempre são reais: muitas mães consideradas ideais não se
enxergam como tal. Por isso é bom tomar cuidado com os conceitos que criamos
sobre os outros. Em vez de se comparar, é melhor que as mães encarem umas
às outras como aliadas. Com ajuda mútua, cuidar dos filhos e de todo o resto
pode ficar muito mais fácil.
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