A transfusão de sangue
é essencial para tratar diferentes condições médicas. Um paciente que sofreu um
trauma hemorrágico, por exemplo, irá precisar de diversas bolsas para repor a
perda de sangue. Um paciente com deficiência em coagulação, por sua vez,
precisará repor as plaquetas.
Um time
de cientistas japoneses (Hagisawa K, Kinoshita M e outros)
criaram um sangue artificial que é capaz
de recuperar as funções vitais das células vermelhas e plaquetas.
As células vermelhas são responsáveis pelo transporte de gases, oxigênio e gás
carbônico, e as plaquetas são responsáveis pela coagulação do sangue. O
material desenvolvido pelos cientistas é composto de frações de proteínas e
micro vesículas lipídicas que tem funções compatíveis às nossas células.
Esse sangue artificial
pode ser um substituto das bolsas de sangue em casos específicos. Ele também
pode ser usado por pacientes com qualquer tipo sanguíneo, sem a necessidade de
tipagem e espera, o que é uma grande vantagem em atendimento de emergência que
precisa ser rápido.
O sangue artificial já
foi testado com sucesso em modelo animal, que justamente simulava um paciente
com hemorragia massiva e poucas plaquetas (trombocitopenia) A injeção desse
material cessou totalmente a hemorragia, repôs a função das células vermelhas,
além de salvar o animal de anemia fatal.
A transfusão traz
riscos que podem ser mitigados ou até eliminados com o substituto de sangue. Os
riscos associados ao sangue do doador são infecções por virus, reações
alérgicas, febre, reações de quebra de célula, e dosagem de ferro no sangue. O
sangue artificial traz menos antígenos e material exógeno, e pode de fato ser
uma excelente alternativa às bolsas de sangue doadas.
Outras abordagens
também estão sendo exploradas. O CRISPR/Cas9
é uma técnica disruptiva que torna fácil editar genes. Há grande potencial para
usar a edição
gênica para tratar a doença falciforme e talassemia.
Tratando diretamente as células do sangue pode-se reduzir diretamente a
necessidade de transfusões.
Outro campo que têm
contribuído muito nos avanços científicos é o de células
tronco. As células tronco podem vir do cordão umbilical ou
até de células da pele que podem
ser reprogramadas para tornarem-se células tronco.
Células hematopoéticas
pluripotentes podem ser cultivadas e gerar células especializadas como
vermelhas, brancas e plaquetas. Essas células produzidas tem a mesma
característica e qualidade do que as do sangue doado. Ainda existem desafios
para sua produção. O caminho, entretanto, é promissor como substituto de
doadores.
O sangue artificial
pode ajudar a substituir algumas funções do sangue doado, e ser usados em
muitos tratamentos. O exemplo da transfusão artificial que cessa a hemorragia é
uma notícia muito animadora. Além do estoque de sangue doado não ser estável
nas diferentes áreas do país, o problema de demanda envolve situações como
desastres ou emergências. Assim, essas novas técnicas, baseadas no
desenvolvimento da ciência, podem trazer um volume adequado de sangue ou
subprodutos prontos para transfusão.
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Este
texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
*** Sobre os autores.
Daniel
Schultz é cientista, professor de microbiologia e membro do
núcleo de ciências computacionais em Dartmouth (EUA). Estuda a dinâmica dos
processos celulares, com foco na evolução de bactérias resistentes a
antibióticos. É formado em engenharia pelo ITA, doutor em química pela
Universidade da Califórnia San Diego e pós-doutorado em biologia sistêmica em
Harvard. Possui trabalhos de alto impacto publicados em várias áreas, da física
teórica à biologia experimental, e busca integrar essas várias áreas do
conhecimento para desvendar os detalhes de como funciona a vida ao nível
microscópico.
Monica Matsumoto é cientista e professora de Engenharia Biomédica no ITA. Curiosa, ela tem interesse em áreas multidisciplinares e procura conectar pesquisadores em diferentes campos do conhecimento. Monica é formada em engenharia pelo ITA e doutora em ciências pela USP, e trabalhou em diferentes instituições como InCor/HCFMUSP, UPenn e EyeNetra.
Shridhar Jayanthi é Agente de Patentes com registro no escritório de patentes norte-americano (USPTO) e tem doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Michigan (EUA) e diploma de Engenheiro de Computação pelo ITA. Atualmente, ele trabalha com empresas de alta tecnologia para facilitar obtenção de patentes e, nas (poucas) horas vagas, é um estudante de problemas na intersecção entre direito, tecnologia e sociedade. Antes disso, Shridhar teve uma vida acadêmica com passagens pela Rice, MIT, Michigan, Pennsylvania e no InCor/USP, e trabalhou com pesquisa em áreas diversas da matemática, computação e biologia sintética.
Monica Matsumoto é cientista e professora de Engenharia Biomédica no ITA. Curiosa, ela tem interesse em áreas multidisciplinares e procura conectar pesquisadores em diferentes campos do conhecimento. Monica é formada em engenharia pelo ITA e doutora em ciências pela USP, e trabalhou em diferentes instituições como InCor/HCFMUSP, UPenn e EyeNetra.
Shridhar Jayanthi é Agente de Patentes com registro no escritório de patentes norte-americano (USPTO) e tem doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Michigan (EUA) e diploma de Engenheiro de Computação pelo ITA. Atualmente, ele trabalha com empresas de alta tecnologia para facilitar obtenção de patentes e, nas (poucas) horas vagas, é um estudante de problemas na intersecção entre direito, tecnologia e sociedade. Antes disso, Shridhar teve uma vida acadêmica com passagens pela Rice, MIT, Michigan, Pennsylvania e no InCor/USP, e trabalhou com pesquisa em áreas diversas da matemática, computação e biologia sintética.
Sobre o blog.
Novidades da ciência e
tecnologia, trazidas por brasileiros espalhados pelo mundo fazendo pesquisa de
ponta. Um espaço para discussões sobre os rumos que as novas descobertas e
inovações tecnológicas podem trazer para a sociedade.


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