quinta-feira, 24 de outubro de 2019

SEXO MELHORA O PROBLEMA: O QUE CAUSA VAGINA FLÁCIDA E COMO TRATAR...


FONTE: Heloísa Noronha, Colaboração para Universa, https://www.uol.com.br/
          
            

Também conhecida como frouxidão ou atrofia vaginal (sendo esse o nome correto sob o ponto de vista científico), a flacidez da vagina é um contratempo que pode acometer qualquer mulher.

Porém, diferentemente do que o senso comum e a falta de informação costumam levar as pessoas a supor, uma vida sexual movimentada não tem nada a ver com isso.

"A vagina é adaptada para o sexo, portanto não há riscos de flacidez por conta da penetração frequente", diz Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista obstetra membro do corpo clínico do Hospital Israelita Sírio Libanês, em São Paulo (SP).

"É justamente o contrário: a atividade sexual frequente aumenta a irrigação sanguínea e ajuda a combater esse problema".

Maura Seleme, especialista em fisioterapia pélvica no Brasil e na Holanda e idealizadora do aplicativo Ipelvis.

Então, o que causa a vagina flácida? Um dos possíveis motivos é o parto normal, que exige que a vagina se distenda para a passagem do bebê. Segundo Alexandre, bebês de até 3,5 kg têm, em média, o diâmetro da cabeça como a parte mais larga do corpo — o que não acarreta dificuldades. Porém, bebês maiores podem ter o diâmetro do ombro maior do que a cabeça.

"Quanto maior for a criança, mais a vagina deve se distender e mais demorado pode ser o parto. Ambos os fatores podem influenciar o rompimento de tecidos ao redor da vagina que dão a sustentação dela e, assim, acarretar uma flacidez", explica o médico. "Vale lembrar que com a ocorrência sucessiva de partos, alguns músculos não retornam às suas propriedades originais de elasticidade, tornando-se mais alargados que o normal", informa Nivia Cristina Tot Vinhola, fisioterapeuta especializada em saúde da mulher e fisioterapia pélvica internacional, de São Paulo (SP).

É importante entender que a vagina faz parte do assoalho pélvico, formado pelo conjunto de músculos e ligamentos que promovem a sustentação dos órgãos pélvicos como bexiga, uretra, útero, reto e intestino. "O enfraquecimento ou uma lesão no assoalho pélvico, como alterações anatômicas ou influência de hormônios, como a relaxina, que deixa os músculos pélvicos amolecidos para o parto, podem gerar diversas complicações na mulher", observa Karina Tafner, ginecologista e obstetra, especialista em endocrinologia ginecológica e reprodução humana pela Santa Casa Misericórdia de São Paulo.

As alterações do assoalho pélvico envolvem a queda (prolapso) de bexiga, uretra, intestino delgado, reto, útero ou vagina, causada por fraqueza ou lesão nos ligamentos, tecido conjuntivo e músculos da pelve. "Ou seja, são hérnias, condição em que os órgãos se projetam de forma anormal, quando o tecido de sustentação está enfraquecido", completa Karina.

Doenças envolvendo o colágeno como artrite reumatoide e lúpus e miopatias também podem causar flacidez vaginal. "Cirurgias na região, como a retirada do útero e o tratamento do câncer radiológico através da radioterapia, também podem alterar os tecidos da região", fala Maura.

Outro fator relevante é o envelhecimento. O tônus muscular se altera e a musculatura dessa região, assim como a musculatura de todo o corpo, perde seu vigor. Após a menopausa a mulher pode notar uma atrofia por causa da diminuição de hormônios, o que provoca um estreitamento do tubo vaginal e a redução da lubrificação.

Quando prestar atenção.
Quando a região íntima fica com uma aparência flácida, muitas mulheres podem sofrer um baque na autoestima. De acordo com Alexandre Pupo, existe flacidez interna e externa. "Na flacidez interna há uma ampliação do diâmetro do tubo vaginal que pode reter ar durante o sexo e após a retirada do pênis sair ar, dando a impressão de um flato vaginal. Isso pode ser um sinal de flacidez. Outro sinal seria a formação de uma 'bola' na entrada da vagina por flacidez das paredes anterior, da bexiga, ou posterior, perto do reto", conta.

Alexandre explica que durante o sexo é difícil a percepção de uma flacidez vaginal, pois toda a parte sensorial da mulher está na entrada da vagina, onde a musculatura a mantém mais fechada. "Eventualmente, em casos de rompimento do períneo devido a um parto de bebê de grande peso ou manobras obstétricas necessárias para complementar um parto mais difícil, o homem pode perceber que há pouco contato do pênis com esta parte da entrada da vagina", ressalta. Outro sinal de flacidez vaginal é a incontinência urinária devido a esforços como caminhar, se levantar da posição sentada, carregar peso ou tossir.

Formas de tratamento.
Uma das principais formas de combater a queda do assoalho pélvico e a flacidez vaginal é fazer exercícios para fortalecer a região. Se a mulher passou a vida toda sem exercitar esses músculos, é natural que eles enfraqueçam e adquiram um aspecto flácido. "Há exercícios simples, que podem ser feitos em casa, em alguns minutos do dia. Porém, para começar a fazê-los, é importante procurar um fisioterapeuta especialista na área - sempre sob a recomendação de um ginecologista, que também pode prescrever uma reposição hormonal. O fisioterapeuta vai recomendar o melhor treinamento, já que cada corpo é de um jeito e existem diversos motivos para exercitar a região", conta Nivia.

Segundo a fisioterapeuta, em alguns casos também é necessário fazer uma reeducação corporal e utilizar técnicas conduzidas pelo fisioterapeuta como eletroestimulação, biofeedback, cinesioterapia pélvica e cones para vaginismo, entre outros, que, com a fisioterapia, restabelecem a estrutura das paredes vaginais, deixando o tônus da musculatura mais forte.

No caso de rompimento muscular da região do períneo, pode-se optar por uma cirurgia de reparação (perineoplastia). "Se envolver perda urinária, pode ser necessário a correção cirúrgica com elevação da bexiga", conta Alexandre, que destaca: "As melhores maneira de se prevenir a flacidez é manter o peso dentro do ideal, evitar principalmente a gordura intra-abdominal, fazer atividade física frequente com atenção à musculatura perineal, eventualmente até com ajuda de fisioterapia, e seguir à risca as orientações médicas de pré-natal para evitar bebês de grande peso ao nascimento."

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