Também conhecida como
frouxidão ou atrofia vaginal (sendo esse o nome correto sob o ponto de vista
científico), a flacidez da vagina é um contratempo que pode acometer qualquer
mulher.
Porém, diferentemente
do que o senso comum e a falta de informação costumam levar as pessoas a supor,
uma vida sexual movimentada não tem nada a ver com isso.
"A vagina é
adaptada para o sexo, portanto não há riscos de flacidez por conta da
penetração frequente", diz Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista obstetra
membro do corpo clínico do Hospital Israelita Sírio Libanês, em São Paulo (SP).
"É justamente o
contrário: a atividade sexual frequente aumenta a irrigação sanguínea e ajuda a
combater esse problema".
Maura Seleme,
especialista em fisioterapia pélvica no Brasil e na Holanda e idealizadora do
aplicativo Ipelvis.
Então, o que causa a
vagina flácida? Um dos possíveis motivos é o parto normal, que exige que a
vagina se distenda para a passagem do bebê. Segundo Alexandre, bebês de até 3,5
kg têm, em média, o diâmetro da cabeça como a parte mais larga do corpo — o que
não acarreta dificuldades. Porém, bebês maiores podem ter o diâmetro do ombro maior
do que a cabeça.
"Quanto maior for
a criança, mais a vagina deve se distender e mais demorado pode ser o parto.
Ambos os fatores podem influenciar o rompimento de tecidos ao redor da vagina
que dão a sustentação dela e, assim, acarretar uma flacidez", explica o
médico. "Vale lembrar que com a ocorrência sucessiva de partos, alguns
músculos não retornam às suas propriedades originais de elasticidade,
tornando-se mais alargados que o normal", informa Nivia Cristina Tot
Vinhola, fisioterapeuta especializada em saúde da mulher e fisioterapia pélvica
internacional, de São Paulo (SP).
É importante entender
que a vagina faz parte do assoalho
pélvico, formado pelo conjunto de músculos e ligamentos que
promovem a sustentação dos órgãos pélvicos como bexiga, uretra, útero, reto e
intestino. "O enfraquecimento ou uma lesão no assoalho pélvico, como
alterações anatômicas ou influência de hormônios, como a relaxina, que deixa os
músculos pélvicos amolecidos para o parto, podem gerar diversas complicações na
mulher", observa Karina Tafner, ginecologista e obstetra, especialista em
endocrinologia ginecológica e reprodução humana pela Santa Casa Misericórdia de
São Paulo.
As alterações
do assoalho pélvico envolvem a queda (prolapso) de bexiga,
uretra, intestino delgado, reto, útero ou vagina, causada por fraqueza ou lesão
nos ligamentos, tecido conjuntivo e músculos da pelve. "Ou seja, são
hérnias, condição em que os órgãos se projetam de forma anormal, quando o tecido
de sustentação está enfraquecido", completa Karina.
Doenças envolvendo o
colágeno como artrite reumatoide e lúpus e miopatias também podem causar
flacidez vaginal. "Cirurgias na região, como a retirada do útero e o
tratamento do câncer radiológico através da radioterapia, também podem alterar
os tecidos da região", fala Maura.
Outro fator relevante é
o envelhecimento. O tônus muscular se altera e a musculatura dessa região,
assim como a musculatura de todo o corpo, perde seu vigor. Após a menopausa a
mulher pode notar uma atrofia por causa da diminuição de hormônios, o que
provoca um estreitamento do tubo vaginal e a redução da lubrificação.
Quando
prestar atenção.
Quando a região íntima
fica com uma aparência flácida, muitas mulheres podem sofrer um baque na autoestima.
De acordo com Alexandre Pupo, existe flacidez interna e externa. "Na
flacidez interna há uma ampliação do diâmetro do tubo vaginal que pode reter ar
durante o sexo e após a retirada do pênis sair ar, dando a impressão de um
flato vaginal. Isso pode ser um sinal de flacidez. Outro sinal seria a formação
de uma 'bola' na entrada da vagina por flacidez das paredes anterior, da
bexiga, ou posterior, perto do reto", conta.
Alexandre explica que
durante o sexo é difícil a percepção de uma flacidez vaginal, pois toda a parte
sensorial da mulher está na entrada da vagina, onde a musculatura a mantém mais
fechada. "Eventualmente, em casos de rompimento do períneo devido a um
parto de bebê de grande peso ou manobras obstétricas necessárias para complementar
um parto mais difícil, o homem pode perceber que há pouco contato do pênis com
esta parte da entrada da vagina", ressalta. Outro sinal de flacidez
vaginal é a incontinência urinária devido a esforços como caminhar, se levantar
da posição sentada, carregar peso ou tossir.
Formas
de tratamento.
Uma das principais
formas de combater a queda do assoalho pélvico e a flacidez vaginal é fazer
exercícios para fortalecer a região. Se a mulher passou a vida toda sem
exercitar esses músculos, é natural que eles enfraqueçam e adquiram um aspecto
flácido. "Há
exercícios simples, que podem ser feitos em casa, em
alguns minutos do dia. Porém, para começar a fazê-los, é importante procurar um
fisioterapeuta especialista na área - sempre sob a recomendação de um
ginecologista, que também pode prescrever uma reposição hormonal. O
fisioterapeuta vai recomendar o melhor treinamento, já
que cada corpo é de um jeito e existem diversos
motivos para exercitar a região", conta Nivia.
Segundo a
fisioterapeuta, em alguns casos também é necessário fazer uma reeducação
corporal e utilizar técnicas conduzidas pelo fisioterapeuta como
eletroestimulação, biofeedback, cinesioterapia pélvica e cones para vaginismo,
entre outros, que, com a fisioterapia, restabelecem a estrutura das paredes
vaginais, deixando o tônus da musculatura mais forte.
No caso de rompimento
muscular da região do períneo, pode-se optar por uma cirurgia de reparação
(perineoplastia). "Se envolver perda urinária, pode ser necessário a
correção cirúrgica com elevação da bexiga", conta Alexandre, que destaca:
"As melhores maneira de se prevenir a flacidez é manter o peso dentro do
ideal, evitar principalmente a gordura intra-abdominal, fazer atividade física
frequente com atenção à musculatura perineal, eventualmente até com ajuda de
fisioterapia, e seguir à risca as orientações médicas de pré-natal para evitar
bebês de grande peso ao nascimento."
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