A Confederação
Brasileira de Futebol pode recomendar aos clubes e escolinhas o fim do cabeceio
para crianças de até 12 anos. A notícia foi dada em primeira mão pelo
jornal "O Estado de S.Paulo", e a CBF ainda está na fase
de fazer estudos, para, então, formalizar um protocolo.
O motivo no qual a CBF
se baseia seria a prevenção de problemas cognitivos no cérebro, ainda em
formação, das crianças. A ideia de formalizar esse protocolo partiu de Jorge
Pagura, médico e neurocirurgião da CBF, e deve seguir uma tendência mundial, já
que na Escócia o cabeceio entre jovens foi proibido. Nos Estados Unidos, depois
dos riscos das concussões no futebol americano, o caminho é o mesmo.
"Há uma tendência
mundial. Hoje tem saído uma série de trabalhos e tem se discutido o treino de
cabeceio para criança e a CBF não pode ficar de fora disso tudo. Então nós
estamos estudando, avaliando qual o impacto disso. Precisa de trabalhos científicos
mais embasados", disse Pagura, ao ESPN.com.br.
"Nós estamos
levantando os trabalhos. Eu tenho minha posição pessoal de que até 8 anos é
tudo lúdico e até 12 anos você não deve fazer treinos exaustivos de cabeceio. A
maturação do sistema nervoso ocorre durante a vida toda, no período de 6 a 10
anos ainda tem uma série de minimizações que devem ser feitas", completou.
"Toda criança tem
uma coisa chamada neuroplasticidade, capacidade de regeneração muito mais
rápida no paciente mais jovem, mas o problema é o efeito repetitivo,
cumulativo", analisa Wanderley Cerqueira de Lima, neurocirurgião do
Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
O médico da CBF ainda
revelou um estudo feito pela entidade nos últimos quatro anos que mostra o
risco das lesões na cabeça durante os jogos.
"Nos últimos 3
anos, nós buscamos nosso mapa de lesão e o trauma de cabeça é o segundo trauma
mais comum depois da lesão muscular. Nós tivemos um protocolo no segundo turno
e estamos tentando alguma modificação de regra", analisou Pagura.
Leandro Gregorut,
especialista em medicina esportiva e ex-médico da seleção brasileira de
handebol, também compartilha da opinião de que a prevenção dos cabeceios é uma
tendência mundial.
"O problema da
cabeçada é que tem contato da cabeça e a bola. Essa transmissão de energia vai
toda para cabeça, você tem a movimentação do cérebro, isso pode gerar problemas
cognitivos, como perda de memória. Se você diminui o número de traumas na
cabeça, vai evitar esse problema", explicou.
"Se a gente pensar
que até 12, 13 anos, o ser humano está desenvolvendo esse processo de cognição
do cérebro, é uma decisão (proibir cabeceio nas crianças) que eu acho que é
correta e eu tentaria até seguir a recomendação do boxe, que eles obrigam o uso
do capacete até uns 16, 17 anos, se não me engano", completou Gregorut.
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