Amostras de
monitoramento feitas em 24 pontos de coleta do sistema de esgotamento de Belo
Horizonte e Contagem (MG) indicam que a incidência do novo coronavírus
(covid-19) aumentou significativamente na Bacia do Ribeirão da Onça, onde a
presença do vírus chegou a 88% das amostras que coletadas entre os dias 11 e 15
de maio. No levantamento anterior, feito de 27 de abril a 8 de maio, o índice
estava em 69%.
Na outra bacia
analisada, a do Ribeirão Arrudas, houve “leve queda” do total de amostras
positivas, que passaram de 50% para 43%. Os dados constam de boletim
divulgado pelo projeto-piloto Monitoramento Covid Esgotos, a partir dos
efluentes gerados por uma população de 2,2 milhões de habitantes, o que
corresponde a quase 71% da população urbana de Belo Horizonte e Contagem.
O projeto abrange 24
pontos de monitoramento. Dezoito deles na rede coletora, e os demais em pontos
dos ribeirões Arridas e Onça; e em pontos de entrada e saída das estações de
tratamentos de esgoto locais.
Vigilância
epidemiológica.
O monitoramento de
esgotos como ferramenta de vigilância epidemiológica não é uma novidade. Em
meados dos anos 1850, o inglês John Snow usou essa ferramenta para entender a
ocorrência da cólera e identificar as residências de pessoas que morreram por
conta da doença no bairro do Soho, em Londres.
A expectativa é de que
agora essa ferramenta seja aplicada também para acompanhar a situação da atual
pandemia no Brasil, de forma a gerar dados que poderão ajudar os gestores na
tomada de decisões inclusive sobre medidas como a de isolamento social.
A iniciativa, que terá
duração inicial de dez meses, conta com a participação da Agência Nacional de
Águas (ANA) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações
Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (Inct ETEs Sustentáveis), entidade
vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Segundo o coordenador
do Inct ETEs Sustentáveis e professor da UFMG, Carlos Chernicharo, a testagem
do esgoto possibilita o diagnóstico do conjunto de indivíduos de uma comunidade.
“Assim sendo, o esgoto
passa a ser a amostra de fezes e de urina que representa o conjunto da
população”, explicou durante uma videoconferência promovido pela Agência
Nacional de Águas (ANA).
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