Nem todo mundo que é
bom de boca é ruim de cama, mas os especialistas estão cada vez mais
convencidos de que há uma relação estreita entre disfunção erétil e obesidade,
principalmente a chamada obesidade visceral. Um dos médicos que vêm chamando a
atenção da comunidade médica e da sociedade para esse fato é o Dr. Paulo
Roberto de Brito Cunha, chefe do Departamento de Andrologia da Sociedade
Brasileira de Urologia (secção Rio), membro da Sociedade Internacional de
Medicina Sexual e autor do livro Disfunção Erétil e o Endotélio – Diagnóstico e
Tratamento.
“Cerca de 85% dos
pacientes que chegam ao consultório reclamando de problemas de impotência são
obesos, mas eles, em geral, não têm idéia de que o excesso de peso está na
origem das disfunções sexuais e muitas vezes de problemas de ordem vascular que
podem resultar até em um infarto”, diz o médico.
Novas pesquisas – Em
sua conferência, o Dr. Paulo Roberto apresentará novas pesquisas que corroboram
a sua tese, segundo a qual a disfunção erétil é uma co-morbidade de doenças
como disfunção do endotélio* vascular, doença vascular aterosclerótica,
hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, sedentarismo, obesidade, fumo,
distúrbios do sono, estilo de vida, estresse, depressão, alcoolismo, traumas
cirúrgicos, traumas causados por acidentes, neuropatias, etc. “Comprovadamente,
existe uma forte associação da disfunção erétil com os fatores de risco
vascular e com as doenças denominadas cardiovasculares, que têm em comum o
comprometimento da integridade endotelial*”.
De acordo com o
especialista, são fatores tanto de risco cardiovascular quanto de disfunção
erétil a obesidade e as altas taxas de gordura no sangue, além de diabetes,
hipertensão e tabagismo. “Cerca de 70% dos problemas de disfunção erétil têm
causa orgânica. Trata-se de uma doença periférica, do sistema vascular. O
tecido adiposo acumulado no organismo diminui a testosterona, baixa a libido e
compromete a saúde sexual. Por isso é raro ver um magro com problema de
disfunção erétil. O tecido adiposo do magro produz adiponectina, que é uma
substância boa para a circulação”, explica.
Pênis: termômetro da
saúde do homem – Na visão do Dr. Paulo Roberto, a disfunção erétil é um mal que
pode até vir para o bem. Explicação: o paciente vai ao urologista para reclamar
que está com problemas de ereção e descobre, após alguns exames, que apresenta
alguns fatores de risco para uma doença cardiovascular, como um infarto, por
exemplo. “O pênis pode ser encarado como um termômetro da saúde do homem. Uma
das coisas que mais medem a saúde e a qualidade de vida de um paciente é a
qualidade da sua ereção”, afirma.
“Tratar a dificuldade
de ereção deve começar com uma mudança de estilo de vida e de alimentação, e,
em caso de necessidade, recorre-se ao uso de medicamentos. O importante é
fomentar a saúde antes mesmo de se ter de prevenir doenças. Por causa de um
problema de disfunção erétil, um sujeito bem orientado pelo médico que o
atendeu pode começar a realizar uma série de mudanças de hábitos de vida que
não só lhe devolverão a saúde, a potência sexual, como também evitarão que ele
venha a desenvolver diabetes, hipertensão e sofrer um infarto. Por intermédio
da abordagem inicial da disfunção erétil é possível a identificação de várias
alterações de saúde, principalmente aquelas que trazem em seu bojo uma
disfunção arterial sistêmica”, conclui.
*Endotélio –
maior órgão dos mamíferos, o endotélio reveste o interior das cavidades
cardíacas, artérias, arteríolas, vênulas, vasos linfáticos e túbulos
seminíferos. Constitui na única estrutura dos capilares e, especificamente, dos
sinusóides dos corpos cavernosos. O órgão é muito importante para a mecânica da
ereção, pois está associado ao relaxamento da musculatura lisa cavernosa, que
facilita ou dificulta o fluxo sangüíneo no pênis.
*** Por Leonardo Pessanha, Ayla
Ueda e Karoline Cabral.
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