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Resumo da
notícia
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Ejaculação precoce é um
problema que assusta muitos homens por ai... E ansiedade,
depressão
e problemas de autoimagem estão entre as possíveis causas que podem desencadear
o quadro. Aliás, a disfunção é considerada um problema comum e dos mais
prevalentes entre as disfunções sexuais masculinas. "Estima-se que 20 a
30% dos homens, independentemente da idade ou etnia, apresentem ejaculação
precoce ou se queixam de ejacularem antes do que gostariam, levando a
insatisfação pessoal", comenta Daniel Augusto Mori Gagliotti, psiquiatra e
especialista em transtornos de sexualidade do IPq-HCSP (Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo).
Há indícios, inclusive,
de que essa prevalência possa ser subestimada devido à dificuldade do paciente
em reconhecer e buscar ajuda. E isso acontece por medo, vergonha e dificuldade
dos próprios médicos em abordar o assunto, diagnosticar e dar o correto
encaminhamento para o tratamento.
De acordo com
Gagliotti, três critérios são necessários para que se considere o diagnóstico
de ejaculação precoce. São eles:
- Ejaculação que sempre, ou quase
sempre, ocorre antes ou perto de 1 minutos após a penetração;
- Incapacidade de atrasar a
ejaculação em todas ou quase todas as penetrações;
- Aparecimento de consequências
negativas para o indivíduo como incômodo, frustração, tristeza e até
evitação de intimidade sexual.
Trata-se de um problema
multifatorial. Portanto, além dos fatores desencadeantes como os emocionais,
existem questões genéticas que podem influenciar e condições como doenças da
próstata ou hipertireoidismo que também podem levar ao problema. Mas afinal,
como as emoções atuam aqui?
Mas o que uma coisa tem
a ver com a outra?
Normalmente a
ejaculação precoce está bastante relacionada à ansiedade. "Essa sensação
aciona o sistema nervoso autônomo simpático, com a liberação de hormônios (como
a adrenalina) que produzem dilatação das pupilas, diminuição do fluxo sanguíneo
para as superfícies do corpo e aumento deste fluxo para os músculos, cérebro e
coração, dilatação das artérias coronárias, aumento do metabolismo, da
frequência cardíaca e respiratória, etc.", explica o psicólogo Oswaldo M.
Rodrigues Jr., psicoterapeuta no InPaSex (Instituto Paulista de Sexualidade).
Acontece que todos
esses mecanismos fisiológicos facilitam a ejaculação, justamente porque o
cérebro acha que o corpo precisa se proteger para lutar ou fugir: o que faz a
relação sexual terminar mais cedo do que o planejado. O psicólogo diz que as
condições psicológicas que produzem ansiedade são a base do problema:
dificuldades de relacionamento interpessoal, falta de assertividade,
descontrole emocional, explosividade, nervosismo, tensões musculares devido ao
nervosismo, falta de experiência sexual, falta de variabilidade de
comportamentos sexuais, problemas conjugais, dificuldades de comunicação verbal
e não verbal. E todas essas questões podem ser reconhecidas e tratadas por meio
de psicoterapia.
"A ejaculação
precoce pode ser considerada um dos principais sinais de ansiedade",
afirma Daher Chade, urologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Por isso, se algum sintoma como tristeza, baixa autoestima, problemas com
imagem corporal estão prevalentes, é válido considerar uma avaliação
psiquiátrica e encaminhamento para psicoterapia como medidas adjuvantes no
tratamento.
E é importante destacar
que todas as situações emocionais que estão ligadas ao nervosismo podem
facilitar a ejaculação precoce. "A questão é que o homem que ejacula
rápido tem prazer e ejacula sem dificuldades, e muitas vezes não reconhece que
isso é um problema, mantendo esse comportamento sexual que pode ser
desaprendido", garante Rodrigues Jr.
De olho no estresse.
A condição de estresse
produz emoções negativas que podem interferir na manutenção dos problemas
sexuais, produzindo ansiedade e facilitando a ejaculação precoce, a perda da
ereção, a não percepção de sensações de prazer erótico e até causando diminuição
do interesse sexual. Aliás, o estresse costuma ser o desencadeante inicial para
o problema.
Por isso, o tratamento
pode ser mais eficiente se houver uma abordagem multidisciplinar e integrada
que envolva psicoterapia específica, com terapias comportamentais associadas.
"Quanto ao manejo médico, pode ser utilizado gel anestésico tópico,
antidepressivos da classe dos serotoninérgicos e medicações para disfunção
erétil para aqueles que apresentam os dois problemas: ejaculação precoce e
dificuldade de ereção", diz Gagliotti. Já Chade reforça que é frequente
continuar com a disfunção mesmo após a melhora do quadro de estresse,
necessitando tratamento urológico especializado para uma resolução.
"É uma doença
importante, pois pode afetar significativamente a qualidade de vida do homem,
podendo afetar outras áreas da vida pessoal e/ou profissional", afirma o
urologista. Em geral, o tratamento é individualizado, mas orientações como
masturbação pré ato sexual, treinamentos cognitivos comportamentais para diminuir
a excitação e atrasar o orgasmo
ou o método 'start-stop', parando o estímulo totalmente quando sente que a
ejaculação irá acontecer e continuar após alguns minutos o mesmo processo, uso
de mais de um preservativo para diminuir sensibilidade, exercícios de assoalho
pélvico, entre outros podem ajudar e costumam ser mais efetivas quando
combinadas com farmacoterapia.
Vencendo tabus.
Reconhecer o problema
não é fácil, falar sobre ele, pior. Mas o diálogo pode diminuir bastante o
estresse e a ansiedade, deixando o ato sexual mais orgânico e natural. "Em
alguns casos, quando a pessoa se sente à vontade é interessante o convite para
que a parceira(o) participe de todo o acompanhamento e consultas",
considera o psiquiatra.
Além disso, se o homem
conseguir desenvolver formas de relaxamento fora do sexo e puder reproduzir
este relaxamento na hora do ato sexual, terá mais facilidade de controlar a
ejaculação. "No entanto, para isso precisa controlar outro aspecto: as
crenças de que tem que acelerar no sexo e que é assim mesmo que deve ser",
completa Rodrigues Jr.

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