Júlia Ayoub e Antonella
Bassani estão entre as 20 finalistas.
A paulistana Júlia
Ayoub, de 15 anos, e a catarinense Antonella Bassani, de 14, estão entre as 20
selecionadas - de um total de 70 correntes - para participar da fase final do
programa FIA Girls On Track - Rising Stars (em inglês, Meninas da FIA na Pista
- Estrelas em Ascensão). A iniciativa é resultado de um parceria entre a
escuderia Ferrrai e a Comissão da Mulher, da Federação Internacional de
Automobilismo (FIA) e já está na terceira edição.
O programa tem como
objetivo reunir talentos femininos, entre de 12 a 16 anos. As 20 pilotas
escolhidas vão brigar a partir de outubro no circuito francês de Paul Ricard,
por apenas uma vaga oferecida pela Academia de Pilotos da Ferrari. Após a
formação na escuderia, a pilota poderá participar de campeonatos de Fórmula 4,
uma das categorias de acesso à Fórmula 1.
“Sonho com isso há
muito tempo. E receber essa notícia de ter sido selecionada pela Ferrari foi
demais”, revela Antonella à Agência Brasil, que começou a pilotar kart com
apenas quatro anos de idade.
“Meu pai e meu “dindo”
sempre foram muito envolvidos no automobilismo. Foi a minha irmã que começou a
correr com seis anos. Mas ela bateu e acabou desistindo. Comigo foi diferente.
Eu comecei e não parei mais”, conta a catarinense.
Júlia Ayoub disse que
foi pega de surpresa ao saber da aprovação.“Ser lembrada em um processo mundial
desse nível e com a participação da equipe Ferrari é um grande passo para a
carreira de qualquer uma. E comigo não é diferente”, afirma a jovem paulistana.
“As mulheres estão vivendo uma fase de conquistas em todos os setores,
inclusive no automobilismo. Espero que esse concurso seja mais uma etapa para
que cada vez mais mulheres estejam correndo pelas pistas mundo afora”.
A velocidade foi a
segunda paixão na vida da Júlia, de 15 anos. A primeira foi o ballet. “Conheci
o kart aos 11 anos. Fui algumas vezes com o meu pai ver o meu irmão pilotar.
Mas ele desistiu. Só que eu, não. Ainda fazia ballet e meus pais falaram que eu
não ia gostar de pilotar. Mas me dei super bem e eles sempre me apoiaram”.
Superação e conquistas.
Em 2013, Antonella
Bassani sofreu um grave acidente no autódromo gaúcho de Tarumã, que quase
encerrou precocemente a carreira dela. “Tinha sete anos. A corrida já tinha
acabado e os outros pilotos ‘tiraram o pé’ muito rápido. Não consegui frear e
acabei capotando [com] o kart e fiquei presa embaixo dele”.
Encaminhada para o
hospital, Antonella ficou uma semana na UTI, passou por cirurgia no pulmão e
teve que ficar afastada das práticas esportivas por seis meses. “Tentei outros
esportes na volta. Mas falei para os meus pais que todos eram chatos. Eu queria
mesmo o kart”, admite a pilota, que depois de um acompanhamento psicológico
conseguiu voltar às pistas.
Entre os principais
resultados, estão o vice-campeonato no Sul-Americano no Peru em 2016. No ano
ano seguinte, Antonella acabou entre os oito melhores na Copa Rotax Micro Max,
espécie de Olimpíada do Kart, disputada em Portugal. “Eram 36 pilotos do mundo
todo. E eu fui a única menina. Consegui a melhor participação da história de
uma brasileira”, comemorou.
Títulos
e experiências internacionais.
No ano passado, Júlia
Ayoub participou do campeonato europeu e mundial de kart. “Venci uma seletiva
para mulheres na cidade de Lonato, na Itália. Campeonato de um nível bem alto,
com avaliações de entrosamento com o kart, e com os mecânicos. Fui a melhor em
todos os quesitos e consegui a vaga para ir para o Mundial. Até hoje sou a
única brasileira a ter ido para esse Mundial”, conta com orgulho.
Em 2020, antes de ser
escolhida para o programa da Ferrari, ela foi campeã do Troféu Ayrton Senna.
“Foram várias provas. E todas elas com participações exclusivas de mulheres.
Iniciativa muito legal que espero que se repita muitas vezes. Consegui vencer
todas as etapas e, no final, levantei o troféu”, conclui.
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