Há pouco mais de um
século, as meninas tinham sua primeira menstruação aos 17 anos, em média. Hoje,
costuma ocorrer por volta dos 12 anos. Estudos também mostram que o
desenvolvimento da mama nas meninas tem começado mais cedo. Mas será que é normal
que os primeiros sinais da puberdade comecem a surgir já aos 7 anos de
idade? Não, não é!
A puberdade é um
processo marcado pelo aumento dos hormônios sexuais no sangue. Quem comanda
tudo isso é o hipotálamo, no cérebro, que sintetiza o hormônio liberador de
gonadotrofina (GnRH) e faz a hipófise secretar o hormônio luteinizante (LH) e
folículo-estimulante (FSH). Estes dois hormônios, por sua vez, estimulam a
produção de estradiol nos ovários, ou de testosterona nos testículos.
O natural é que a
puberdade aconteça entre os 8 e 13 anos de idade
para as meninas, ou entre 9 e 14 anos para os meninos. Qualquer sinal antes
disso deve ser investigado, já que pode indicar a presença de alguma doença,
tumor ou malformação. Mesmo quando não há uma causa que justifique o
desenvolvimento antecipado, a puberdade precoce pode ter consequências
significativas para a saúde física e mental dos jovens. Por isso, fique de olho
em alguns fatos sobre a condição:
1)
Os principais sinais da puberdade precoce são: nas meninas, aparecimento
de mamas e/ou de pelos pubianos com menos de 8 anos de idade e/ou
primeira menstruação antes dos 9 anos de idade. Ou aumento dos
testículos e/ou aparecimento de pelos pubianos com menos de 9 anos para os
meninos.
2)
A puberdade precoce é muito mais frequente no sexo feminino, com uma proporção
de 10 meninas para cada menino. A prevalência varia de 1 caso para
5.000 crianças para 1 caso para cada 10.000, a depender do país.
3)
As principais causas envolvidas na puberdade precoce são:
– Sobrepeso ou
obesidade (o tecido adiposo interfere nos níveis hormonais)
– Genética (a
probabilidade de ter puberdade precoce é maior nas meninas cujas mães
menstruaram cedo ou que têm casos semelhantes na família paterna)
– Exposição a cremes,
pomadas ou medicamentos hormonais usados pelos pais (reposição hormonal, por
exemplo)
– Exposição a
desreguladores endócrinos (substâncias presentes na poluição, em agrotóxicos e
em alguns produtos industrializados, como cosméticos e o bisfenol A liberado
por alguns plásticos
– Malformações
congênitas do sistema nervoso central
– Tumores ou
tratamentos prévios com radiação, traumas cranianos, ou infecções que afetam o
cérebro (como a meningite)
– Doenças como a
Síndrome de McCune-Albright, hiperplasia adrenal congênita e, em casos raros,
hipotireoidismo
4) A
puberdade precoce demora mais para ser diagnosticada nos meninos, já que é
mais difícil para os pais e cuidadores reconhecerem o sintoma inicial mais
comum, que é o aumento dos testículos. E atenção: embora menos frequente no
sexo masculino, é mais provável que alguma malformação ou doença esteja por
trás da puberdade precoce nos meninos.
5)
A soja é um alimento que contém fitoestrógenos, e por isso pode interferir no
perfil hormonal. Mas seria preciso que a criança consumisse uma quantidade
muito elevada para ter qualquer problema.
6)
Ver o próprio corpo mudar tanto antes e destoar dos colegas costuma ser fonte
de vergonha ou angústia para as crianças, o que pode evoluir para sintomas
depressivos. Além disso, há risco de bullying, discriminação e
até de abuso sexual.
7)
Estudos indicam que mulheres que tiveram puberdade precoce ou menstruaram cedo
demais têm maiores taxas de depressão e ansiedade, além de menores níveis de
escolaridade.
8)
O crescimento, que se acelera no início da puberdade, tende a ser interrompido
mais cedo quando o desenvolvimento é precoce, o que pode comprometer a altura
final.
9)
Existe uma relação entre puberdade precoce e doenças metabólicas e
cardiovasculares, como obesidade e diabetes, além de risco mais alto para
certos tipos de câncer.
10) Toda criança com sinais de puberdade
precoce deve ser avaliada por um endocrinologista.
Além do exame físico e análise do histórico médico e familiar, dosagens
hormonais e exames de imagem podem ajudar no diagnóstico.
11)
Quando não há uma causa tratável, é possível colocar um freio no
desenvolvimento puberal com o uso dos chamados “análogos de GnRH”. Esse
tratamento hormonal, que antes envolvia injeções diárias, hoje pode ser
aplicado uma vez por mês ou a cada três meses, durante todo o período do
tratamento.
12)
O tratamento com análogos de GnRH é bastante seguro e não tem nenhum impacto
futuro na fertilidadde dos pacientes. Mesmo assim, não deve ser prescrito
apenas para garantir que o adolescente cresça mais.
*** Apoio
AbbVie.
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