A pandemia da Covid-19
provocou alterações importantes no cotidiano dos jovens. Uma das mudanças foi a
redução ao acesso a informações relevantes sobre sexualidade. É o que mostra
uma pesquisa feita por estudiosos das renomadas universidades de Columbia e Rutgers,
ambas localizadas nos Estados Unidos.
O estudo aponta que o
fechamento de escolas e centros sociais impediram a continuidade das discussões
sobre sexualidade. Além disso, a imposição da quarentena dificultou o acesso
dos jovens - devido a impossibilidade de ir à farmácia ou ao médico - a métodos
contraceptivos, como preservativos, pílulas anticoncepcionais e DIU. "Com
a pandemia, o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos está
prejudicado" afirma a médica Luiza Cadioli, diretora do Coletivo Feminista
Sexualidade e Saúde.
Os grupos mais afetados
pelo confinamento, e que sofrem com a possível perda de seus direitos sexuais,
são as mulheres e a população LGBTQI+ - lésbicas, gays, bissexuais, travestis,
transexuais, transgêneros, queer, interssexuais e outras sexualidades ou
identidades que não sejam heterossexuais ou cisgêneros.
Um dos temores dos
pesquisadores americanos é que a dificuldade de acesso a informações via
conversas ou palestras faça com que muitos jovens, independentemente da
identidade de gênero, busquem respostas ou tirem suas dúvidas na internet, onde
podem encontrar conteúdos incorretos ou não acharem as soluções.
Entre os indivíduos da
população LGBTQI+, o isolamento pode agravar o sofrimento de muitos que não
assumiram suas identidades de gênero ou opções sexuais. Muitas vezes, eles
estão em casa, na companhia de familiares refratários. "Além disso, eles
não têm com quem conversar" conta Ricardo Dias, coordenador de Políticas
LGBTQI+ da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo.
Tecnologia como espaço
de conversa
Uma das formas
utilizadas tanto pelo coletivo quanto pela Secretaria Municipal de Diretos
Humanos e Cidadania para falar sobre o tema é o uso das plataformas digitais.
Por meio delas, as equipes de sexólogos, médicos e psicólogos conseguem se
aproximar das pessoas que estão atrás de informações e de ajuda. Contudo,
diferentemente das rodas e conversas presenciais, no entanto, o uso do meio
digital pode intimidar ou provocar o temor de exposição.
Tentando contornar
esses possíveis problemas de um atendimento online, a secretaria paulistana
também disponibiliza para a população LGBTQI+ a possibilidade de ir a um dos
três centros de cidadania espalhados pela capital paulista. Essas sessões
presenciais estão ocorrendo em horário reduzido e com toda a proteção para
evitar a contaminação pelo novo coronavírus.
"Por enquanto os atendimentos caíram, mas é importante ressaltar que as
conversas podem ser feitas por telefone", diz o coordenador.
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