FONTE: Cármen Guaresemin, do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Quem nunca sentiu aquele famoso tremor
nas pálpebras? Algo tão irritante quanto impossível de ser controlado. Pior:
pode durar dias, com direito a curtos intervalos. Mas por que isso é tão comum
e, ao mesmo tempo, difícil de ser evitado?
A oftalmologista Andrea Lima Barbosa,
diretora médica da Clínica dos Olhos São Francisco de Assis (RJ), conta que é
extremamente comum pessoas chegarem a seu consultório com essa queixa.
"É sempre preocupante para a pessoa
e o correto é procurar um especialista, mesmo. Esse tremor palpebral em
episódios é uma luz vermelha avisando que algo não vai bem não só no seu corpo,
mas em sua vida", alerta a médica.
Ela conta que o tremor é um sinal de que
a pessoa pode estar no auge do estresse. "Pode ser fadiga,
ansiedade, resultado de noites mal dormidas ou problemas pessoais , por
exemplo".
Estresse.
Barbosa explica que o tremor, quase
sempre unilateral, aparece porque liberamos hormônios ligados ao estresse que
vão para o sistema nervoso autônomo. Estes hormônios levam estímulos para as
pálpebras, que passam a ter contrações involuntárias, ou seja, impossíveis de
se controlar.
Com ela concorda o oftalmologista Luiz
Carlos Portes, ex-presidente e membro do conselho consultivo da Sociedade
Brasileira de Oftalmologia. Ele acrescenta alguns outros fatores que podem
desencadear o problema: ingestão excessiva de cafeína, carência de vitaminas,
idade avançada, excesso de horas em frente ao computador etc.
Ambos enfatizam que o oftalmologista deve
ser consultado para descartar qualquer doença, mas o comum é mesmo que tudo não
passe de estresse. Porém, se for algo além disso, o paciente será
encaminhado para um neurologista, por exemplo.
Portes, porém, avisa que algumas doenças
como conjuntivite e olho seco também podem provocar os espasmos. Isso sem
contar que pessoas com mal de Parkinson e Síndrome de Tourette (desordem
neurológica ou neuroquímica caracterizada por tiques, reações rápidas,
movimentos repentinos ou vocalizações que ocorrem repetidamente) também
sofrem com esses espasmos.
Procurar
o médico.
"Por isso é importante consultar um
oftalmologista", enfatiza o médico. Porém, como na maioria dos casos o
problema advém mesmo do estresse, ele comenta: "Há pessoas que ao ficarem
estressadas, sentem azia. Outras têm dor nas costas e algumas têm este tremor.
É difícil, mas é preciso achar um caminho para não sentir tudo isso".
"Você tem de se perguntar: o que vai
fazer da sua vida? Como anda o trabalho e os relacionamentos. Eu indico
relaxamento, ioga, meditação, algo para acalmar mesmo. E, na medida do
possível, evitar se estressar", alerta Barbosa.
A médica insiste que é preciso tomar
cuidado porque, se a pessoa não se cuidar, poderá desenvolver doenças
cardíacas, depressão, ansiedade ou hipertensão, por exemplo.
"É preciso mesmo repensar a
vida", ressalta, acrescentando que ela própria já passou por isso:
"Quando eu fazia plantão médico, eu mesma tinha isso com frequência. Era
uma época bem estressante para mim". Portes também já teve o mesmo
problema, quando se preparava para o vestibular: "Eram menos opções de
faculdades e a pressão era ainda maior. Estudava muito!".
Como
fazer parar?
Uma receita caseira dá conta de que
compressas de chá de camomila ajudariam a parar o tremor. "Melhor
tomar o chá", brinca a médica. Porém, ela ensina que gelo é bom,
porque anestesia a musculatura.
Já o médico conta que indica ao paciente
um relaxante muscular, mas também aconselha a pessoa a ir ao cinema, praticar
exercícios e descansar, pois o comum é que o tremor passe quando ela conseguir
relaxar. "Se notamos que é algo de ordem pessoal ou depressão mesmo,
o correto é encaminhar a um psicólogo ou psiquiatra".
Botox.
Se a pessoa tiver o tremor de forma
crônica, pode ser algo mais grave. "Existe a doença do espasmo essencial,
blefarospasmo, que é rara. É o famoso tique nervoso, a pálpebra fica tremendo o
tempo todo. Daí é preciso tratamento com um neuro-oftalmologista que usará
injeções de Botox", conta a médica. A indicação ocorre porque a toxina
botulínica paralisa o músculo.
Norma Allemann, professora adjunta do
Departamento de Oftalmologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo),
conta que, em alguns desses casos, após diagnóstico diferencial adequado com
doenças neurológicas que podem estar associadas, a toxina botulínica é aplicada
em forma de injeções e tem duração variável de efeito, entre três e seis
meses. "O blefarospasmo é uma condição rara, um tipo de distonia
facial, geralmente bilateral e associado a contraturas de outros músculos da
face e caracterizado pela impossibilidade de controle voluntário. Pode
ser um sintoma de doenças neurológicas e deve ser acompanhado de consulta
especializada para diagnóstico", encerra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário