FONTE: Folhapress, CORREIO DA BAHIA.
Especialistas
criticam o conteúdo vago da lei, observando que ela errou o alvo, já que a
responsabilidade de assistência social deve ser dividida com o Estado.
Os filhos
desnaturados que se cuidem. Uma lei que entrou em vigor hoje na China exige que
os cidadãos do país visitem seus pais idosos regularmente, ou ao menos
mantenham contato com eles, sob risco de processo. A medida foi recebida com
ceticismo e até deboche por muita gente, que rejeita a intromissão do Estado em
assuntos de família e duvida que a lei possa ser aplicada.
Para outros,
essa emenda à lei de proteção aos idosos serve de alerta para os desvios que a
urbanização acelerada impôs à tradição chinesa de unidade familiar. Somam-se a
isso a política de filho único e o rápido envelhecimento da população e o
resultado é um número cada vez maior de idosos abandonados. Ninguém parece
saber muito bem como a nova lei irá melhorar a situação, já que ela não
especifica a regularidade com que os pais devem ser visitados nem a punição que
será aplicada aos que a ignorarem.
Especialistas
criticam o conteúdo vago da lei, observando que ela errou o alvo, já que a
responsabilidade de assistência social deve ser dividida com o Estado. Segundo
números oficiais, 45% dos chineses não têm plano de aposentadoria. “O foco
deveria ser assegurar aposentadorias e benefícios sociais adequados aos idosos,
algo mais fácil de implementar”, disse ao jornal estatal “Global Times” o
sociólogo Yu Shaoxiang.
Casos recentes de abandono e maus-tratos a idosos
causaram choque. Um dos mais comentados foi o de um agricultor da província de
Jiangsu (leste), que manteve a mãe de 100 anos morando num chiqueiro. Ainda
assim, para muitos parece absurdo usar a lei em nome da unidade familiar.
“Cuidar dos pais é uma obrigação moral. Se isso vira uma lei, é sinal de que a
situação é grave”, lamenta Bai Yu, 32 anos, que trabalha numa
firma de relações públicas em Pequim. Natural de Helongjiang, província no
extremo norte do país que fica a mais de 1.000 km da capital, ela diz que
simplesmente não tem tempo nem dinheiro para visitar os pais regularmente. “Eles entendem isso”,
diz.
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