Embora elogiado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem um longo caminho a percorrer
caso queira alcançar o compromisso de controlar doenças tropicais
negligenciadas (DTNs). Entre os principais desafios estão esquistossomose e
hanseníase, cujos indicadores são piores do que os da meta proposta para o
país.
Estimativas indicam
haver cerca de 7 milhões de pessoas contaminadas por esquistossomose. No caso
da hanseníase, os números estão em queda, mas alguns Estados apresentam dados
preocupantes, como Mato
Grosso, com 9,03 casos a cada 10 mil
habitantes; e Maranhão, com 5,29. O ideal é prevalência inferior a 1.
"Acho possível
acabar com o problema no prazo determinado", afirma o secretário de
Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Antonio Carlos Nardi. Para tentar
reduzir novos casos de hanseníase, a pasta promete ampliar a oferta de
medicamentos de uso preventivo para aqueles que têm contato não tão próximo com
pacientes. Hoje, o uso da quimioprofilaxia preventiva, como é chamada, é para
pessoas consideradas mais próximas, como parentes ou habitantes da mesma casa.
"É uma maneira de se reduzir a cadeia de transmissão", diz Nardi.
A localização de
casos de hanseníase em São Cristóvão, em Sergipe, mostra que a estratégia pode ter bons resultados. Em um
mesmo bairro, a reportagem encontrou três doentes. "Nunca conheci ninguém
com o problema", conta a dona de casa Maria da Gloria. Ela diz que
procurou o médico há cinco meses, após apresentar manchas nos braços, que
coçavam. Seus cinco filhos fizeram tratamento preventivo. "Fiquei
assustada, mas agora, passada a primeira fase do tratamento, estou mais
tranquila."
Nardi reconhece que
investimentos na área ambiental são importantes para o controle de parte das
DTNs e diz que a tarefa vem sendo cumprida, com as obras do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC). São Cristóvão, porém, está longe de ter
condições mínimas de saneamento. Não é raro ver esgoto despejado em córregos
que desembocam em lagos em que crianças brincam. Bicas são compartilhadas para
lavar roupas, tomar banho ou encher vasilhas para beber. Andreia dos Santos, de
34 anos, que já teve esquistossomose e outras parasitoses, usa essa água, pois
em casa costuma faltar.
Márcia de Souza Lima,
uma das autoras do estudo da OMS, destaca dois resultados importantes do
Brasil: a redução dos casos de filariose e a contenção da oncocercose,
parasitose sem novos casos desde 2012.
*** As informações
são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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