FONTE: Sabrina Craide, Repórter da Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios considera que torres de celular podem prejudicar a saúde;
especialistas contestam.
Ao exigir o
cumprimento de uma lei distrital de 2004 – que proíbe a instalação de antenas
em áreas destinadas a atividades educacionais e prevê a distância mínima de 50
metros dos equipamentos de unidades imobiliárias –, o Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios (MPDFT) determinou a retirada de 32 antenas que
ficam em áreas de escolas. As operadoras dizem que não podem cumprir a
determinação, porque não há onde realocar as antenas.
Para o
presidente da consultoria de telecomunicações Teleco, Eduardo Tude, a
legislação que restringe a instalação das antenas é baseada no desconhecimento
técnico sobre o tema. “A lei não reflete o conhecimento científico que se tem
no mundo sobre o assunto. Esse tipo de restrição vem mais do medo e do
desconhecimento, mas não tem nenhuma base científica.”
Ele
lembra que, quando a lei foi elaborada, já existiam estudos sobre o assunto que
demonstravam não haver riscos à saúde. Segundo Eduardo Tude, os limites colocados
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a instalação das antenas já trazem
uma margem grande para garantir a segurança da população.
Prejuízos à saúde.
Na
determinação para a retirada das antenas das escolas, o MPDFT considera que as
antenas em áreas urbanas provocam impactos importantes na paisagem e na
qualidade de vida de quem mora perto, além dos possíveis malefícios à saúde.
Segundo o órgão, pesquisas apontam efeitos negativos
possivelmente causados pelas radiações não ionizantes oriundas dos aparelhos e
das antenas de celular, em especial, os efeitos não térmicos, como distúrbio do
sono, crises epiléticas em algumas crianças expostas à radiação de antenas,
severa diminuição da produção de leite, perda de massa muscular, abortos
espontâneos e ocorrência de natimortos.
Os promotores consideraram que as áreas escolares são frequentadas por crianças e adolescentes, que, por estarem em desenvolvimento físico e mental, podem sofrer danos maiores por causa da presença das antenas.
Os promotores consideraram que as áreas escolares são frequentadas por crianças e adolescentes, que, por estarem em desenvolvimento físico e mental, podem sofrer danos maiores por causa da presença das antenas.
A
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) destaca que algumas pessoas podem
apresentar efeitos como aumento na temperatura do corpo quando expostas a
campos eletromagnéticos intensos.
Mas,
segundo a agência, a população em geral não se aproxima o suficiente das antenas
transmissoras para sentir esses efeitos, pois o acesso às antenas é protegido
por cercas ou edificações que impossibilitam essa aproximação.
“Todos
os dias, muitas pessoas são expostas a ondas eletromagnéticas de
radiofrequências de baixa intensidade, provenientes de diversas fontes, sem
perceber qualquer efeito. Apesar disso, pesquisas científicas continuam
investigando a possibilidade da existência de efeitos ainda não detectados”,
informa a Anatel.
Regulamentação.
Os
níveis seguros de exposição às ondas de rádio emitidas pelas antenas de
celulares estão estabelecidos em regulamento da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) – responsável por definir os limites para exposição
humana a ondas eletromagnéticas e fiscalizar o cumprimento da regulamentação.
“As
avaliações feitas em estações transmissoras de telecomunicações, em diversas
localidades brasileiras, têm demonstrado que seus campos eletromagnéticos estão
abaixo dos valores limites adotados. A Anatel, ao estabelecer limites de
exposição a campos eletromagnéticos de radiofrequências e fiscalizar seu
atendimento, busca garantir que, em locais passíveis de ocupação humana, não
sejam excedidos os limites de exposição”, ressalta a agência.
O
diretor do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel
Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), Ricardo Dieckmann, garante que a
instalação das antenas segue critérios técnicos de acordo com os limites de
exposição estabelecidos pela Anatel, que também certifica e homologa os
equipamentos. “Cada instalação que é feita passa pelo processo de licenciamento
da Anatel para garantir que os padrões estão de acordo com a regulamentação.”
Serviço.
Na
avaliação do professor Leonardo Menezes, a retirada das antenas poderá
prejudicar a população porque vai reduzir a cobertura do serviço de voz e
tornar o acesso à internet móvel mais lento. “As antenas não estão lá só para
enfeitar. Nas regiões onde se retirarem as antenas, o sinal da internet vai
piorar, a taxa de transmissão vai cair, ou seja, vai ser mais difícil acessar a
internet.”
As
plataformas de altas altitudes para a colocação de antenas de celulares
poderiam ser uma alternativa, de acordo com Menezes, mas seu uso é mais
recomendado para áreas isoladas, como florestas e áreas rurais.
A ideia
é usar drones, balões ou dirigíveis que funcionam como antenas de celular, mas
em grandes altitudes. Segundo ele, nas áreas urbanas, como em Brasília, seria
preciso haver muitos equipamentos para garantir a qualidade do sinal, e o custo
desses equipamentos é mais alto.
A
Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) havia notificado as
operadoras e já retirou uma das antenas, na região administrativa do Guará. Uma
nova reunião entre o governo do DF, as operadoras de telefonia e o Ministério
Público deve ocorrer nos próximos dias para debater a questão. Se o MP não
aceitar o argumento das empresas sobre a impossibilidade da retirada das
antenas, a Agefis poderá fazer novas ações para retirar equipamentos.
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